Transição energética e os desafios da construção de quadros e painéis

Como disse na coluna da última edição, nos últimos 5 anos, o segmento de equipamentos de geração, distribuição e transmissão de energia quase dobra de tamanho a cada ano. Esse crescimento se deve ao avanço da energia solar distribuída, que compreende painéis solares, inversores, transformadores e subestações de interligação, desde pequenas instalações de microgeração residenciais e comerciais, até parques de minigeração distribuída de até 3MW.

O desafio da indústria tem sido adaptar-se a essa nova demanda, seja pela quantidade e volume de equipamentos necessários para todas essas novas instalações, ou em função do apelo ambiental de que estas instalações devem ser de baixo custo (CAPEX menor viabiliza mais instalações), mas com baixa pegada de carbono, zero emissões na operação e alto índice de reciclagem dos materiais utilizados no final do seu ciclo de vida útil.

Um paradigma que vem sendo demolido é a utilização de tensões mais elevadas que os padrões industriais, de tantos anos. Sistemas industriais geralmente utilizam tensões de operação de 220, 380V ou 440V, já nas redes de alta tensão industrial, geralmente encontramos o 13800V. Para os sistemas de geração fotovoltaica, as tensões de geração mais usuais são o 690V e o 800V, e grande parte destes parques tem sido conectados às redes de distribuição de 34500V.

Essas diferenças têm trazido desafios aos fabricantes e instaladores para se adaptarem a esta nova realidade. Além dos custos muito mais elevados, a oferta destes equipamentos ainda é bastante limitada, o que reprime a demanda e traz oportunidades a novos players. Além da dificuldade da oferta de materiais adequados às tensões mais elevadas, as distâncias de isolamento e as boas técnicas de construção vem sendo negligenciadas, e são comuns incêndios em instalações, por conta do emprego equivocado de equipamentos ou mesmo pela sua construção inadequada. Basta entender que muitas instalações fotovoltaicas em 800Vca têm sido construídas como se fossem simples quadros de luz em 220V. 

Uma das maiores dificuldades que vejo é a falta de profissionais qualificados para essas atribuições, ou seja, temos uma demanda enorme de trabalho e poucos qualificados e experientes. Essa combinação força a importação de mão de obra estrangeira e sobretudo, resulta em muitos profissionais despreparados tomando decisões importantes. Falta treinamento!

Equipamentos, sistemas e redes com inteligência têm sido muito procurados para baixar os custos de operação, pois diminuem substancialmente a necessidade da intervenção humana na operação. Isso é um enorme ganho do ponto de vista da segurança do trabalho em sistemas elétricos de potência, pois estamos tirando os profissionais das zonas de risco, mantendo-os fora dos Limites de Aproximação Segura (LAS). Desta forma, os riscos operacionais são eliminados e a quantidade de acidentes com vítimas, brutalmente reduzidos.

Boa leitura.

Autor:

Por Nunziante Graziano, engenheiro eletricista, mestre em energia, redes e equipamentos pelo Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/ USP), Doutor em Business Administration pela Florida Christian University, Conselheiro do CREASP, membro da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do CREASP e diretor da Gimi Pogliano Blindosbarra Barramentos Blindados e da GIMI Quadros elétricos. [email protected]

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