Por dentro das normas

Estamos entusiasmados em anunciar a abertura de uma nova coluna em nossa Revista, chamada “Por dentro das normas”, dedicada exclusivamente ao mundo dinâmico e em constante evolução das normas técnicas do setor elétrico. Esta coluna se propõe a ser um espaço para comentários detalhados, análises aprofundadas e discussões sobre as últimas atualizações e revisões de normas essenciais para a indústria. O objetivo é fornecer aos nossos leitores informações valiosas e insights práticos que possam ajudar profissionais, estudantes e entusiastas a se manterem atualizados com as melhores práticas e novas regulamentações no setor elétrico.

Nesta nova coluna, vamos destacar, primeiramente, três normas específicas que estão passando por um processo de revisão: NR 10, 14039 e 5410.  Cada uma delas será comentada por um especialista renomado na área. 

Aguinaldo Bizzo, abordará a NR 10, que trata da segurança em instalações e serviços em eletricidade. Esta norma é fundamental para garantir a proteção dos trabalhadores contra riscos elétricos, sendo crucial em qualquer ambiente. 

Já a norma 14039, que trata sobre instalações elétricas de média tensão, ficará à cargo do também especialista na área, Marcos Rogério. Esta norma é vital para a segurança das instalações elétricas, prevenindo falhas e garantindo a operação segura de equipamentos e sistemas. Principalmente focada na resiliência da distribuição de energia elétrica, frente aos fenômenos de mudanças climáticas.

Por fim, Paulo Barreto oferecerá sua expertise na norma 5410, relacionada às instalações elétricas de baixa tensão, e as suas subdivisões em normas complementares. A revisão desta norma impacta diretamente a maioria das instalações residenciais e comerciais, sendo crucial para assegurar a segurança e a eficiência energética. Principalmente no novo contexto de intensidade da automação, e da entrada fortemente dos equipamentos eletrônicos nas edificações.

A inclusão destes especialistas e o foco nas normas em processo de revisão reflete nosso compromisso em fornecer conteúdo relevante e atualizado. Entender as mudanças nas normas e como elas afetam a prática profissional no setor elétrico é essencial para manter a segurança, a eficiência e a inovação. Esta coluna será uma fonte indispensável de informações para aqueles que buscam se manter à frente nas tendências do setor e aplicar as melhores práticas em seu trabalho diário. Convidamos nossos leitores a mergulhar nesses debates enriquecedores e a contribuir com suas próprias perspectivas e experiências.


NR 10 – Análise da exposição ao risco de arco elétrico

Por Aguinaldo Bizzo

Conforme texto colocado em consulta pública em 2020, no processo de revisão da Norma Regulamentadora nº 10 (Norma Regulamentadora de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade), o tema arco elétrico foi inserido. Quais as principais mudanças em relação a esse aspecto?

Em resumo, a proposta traz a obrigatoriedade da análise da exposição ao risco de arco elétrico desde a fase de projeto das instalações elétricas com o cálculo (quando aplicável) da energia incidente. Além disso, o texto define a priorização da adoção de medidas de controle coletivas, conforme hierarquia GRO\PGR, e insere a distância de segurança para exposição ao arco elétrico – LAS – Limite de Aproximação Segura. Além disso, trata da especificação de EPIs, dentre outros aspectos relacionados ao tema. Enfim, corrige uma lacuna existente na norma vigente, tratando de forma explícita o risco de arco elétrico, condição intrínseca ao perigo da eletricidade nas atividades de operação e manutenção de instalações elétricas.


NBR 14039  – Aterramento em Instalações de Média Tensão

Por Marcos Rogério

O sistema de aterramento, seus componentes e condutores de ligação devem ser capazes de distribuir e descarregar a corrente de falta, sem exceder os limites de projeto térmico e mecânico, com base no tempo de operação da proteção de backup.

O sistema de aterramento, em combinação com medidas apropriadas (por exemplo, controle da tensão, isolamento local) deve manter os potenciais de passo, toque e de transferência dentro dos limites de tensão com base no tempo ajustado para a operação dos relés de proteção e disjuntores. Os métodos recomendados para o aterramento do neutro são: Neutro isolado: O neutro do equipamento não possui qualquer ponto de conexão com o eletrodo de aterramento da instalação. As massas da instalação são conectadas ao eletrodo de aterramento através de seus respectivos condutores de aterramento – Neutro diretamente aterrado: Uma ligação elétrica de impedância zero é realizada intencionalmente entre o ponto neutro do equipamento e o eletrodo de aterramento, com as massas da instalação ligadas ao sistema de aterramento, através de seus próprios condutores de aterramento. Neste caso, a corrente de uma falha para a terra terá praticamente o valor da corrente de curto-circuito de uma falta fase-terra – Neutro aterrado por resistor: A corrente de falta fase-terra é limitada principalmente pelo valor da resistência do próprio resistor que pode ser de alto ou baixo valor ôhmico.


NBR 5410 – Histórico das normas sobre instalações elétricas

Por Paulo Barreto

A história da normalização técnica no Brasil remonta muito antes da criação da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Segundo consta, o que parece ter sido a primeira norma brasileira de eletricidade, surgiu em 1888 sob o título de “Regras preventivas de incêndio nas instalações elétricas”, baseada na norma inglesa “Rules and regulations for the prevention of fire risks arising from electric lighting”, publicada em 1882 pela The Society of Telegraph Engineers and Electricians. Como se pode deduzir, nessa época já se tinha a preocupação com incêndios de origem elétrica.

Em 1906, é fundada, na Europa (Londres), a International Electrotechnical Commission – IEC, entidade destinada à elaboração de normas técnicas na área eletroeletrônica em âmbito internacional. Logo em seguida, em 1908, é fundado no Brasil o Comitê Eletrotécnico Brasileiro, para ser o representante do Brasil na IEC. Ou seja, ainda nos primórdios das instalações elétricas no mundo, o Brasil despontava como um país também preocupado com a normalização na área elétrica. Posteriormente, com a fundação da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, em 1940, esse Comitê Eletrotécnico Brasileiro se transforma no Comitê Brasileiro de Eletricidade – CB-03, com sede na cidade de São Paulo.

Ainda antes da criação da ABNT, em 1914, a então Inspetoria Geral de Iluminação da Capital Federal (cidade do Rio de Janeiro) publicou um documento cujo título diverge um pouco segundo dados históricos. Um deles informa que o título seria “Regulamento das Instalações de Luz”, e outro menciona “Código de Instalações Elétricas”. O documento era de aplicação restrita ao Rio de Janeiro.

Já no âmbito da ABNT, a norma técnica de instalações elétricas de baixa tensão teve a seguinte evolução:

1941 – É publicada a primeira edição da norma de instalações elétricas, com a designação NB-3. Tinha como título “Execução de Instalações Elétricas”. Uma edição bastante simples (analisada sob a ótica de hoje), que teve como base o “Código de Instalações Elétricas” de 1914.

1960 – Essa segunda edição amplia bastante as prescrições e passa a contemplar diversas tabelas de cunho prático, direcionadas aos aspectos de execução de instalações. Ela foi baseada na norma de instalações elétricas norte-americana (National Electrical Code – NEC) e manteve a designação NB-3.

1980 – A terceira edição foi a de revisão mais significativa, aumentando substancialmente a quantidade de informações e subsídios técnicos. Passou a ser designada por “Instalações Elétricas de Baixa Tensão”. Teve como base a norma de instalações elétricas da IEC (IEC 364), com alguns incrementos da norma francesa NF C 15-100.  Essa edição já é designada como NBR 5410 – que permaneceria nas edições subsequentes.

1990 – Quarta edição. Atualiza, melhora e amplia a edição anterior, sem novidades de grande monta.

1997 – Quinta edição. Da mesma forma, atualiza, melhora e amplia a edição anterior, também sem novidades de grande monta.

2004 – Sexta edição. Prossegue na mesma linha das edições anteriores, com atualizações e melhorias de texto. Está em vigor até o momento.

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