Manutenção preventiva em instalações elétricas industriais

Para garantir a confiabilidade e continuidade no fornecimento de energia, é necessário entender a necessidade da manutenção nos ativos do sistema elétrico.

Há muito tempo, ouvimos dizer que manutenção é custo para o processo. No caso de instalações elétricas, para que as manutenções sejam viabilizadas, é necessário que se entenda que a manutenção não é custo, mas sim investimento.

Investir em manutenção no sistema elétrico é vital para o crescimento e desenvolvimento do País. Uma vez que garantimos bons indicadores de continuidade, permitimos e trazemos investimentos, movimentamos a economia, garantimos, inclusive, a vida das pessoas, uma vez que o sistema alimenta hospitais, clínicas e demais missões críticas. Tão importante quanto expandir o sistema e garantir energia para a população, é também manter o sistema íntegro e operacional. 

Sabemos que ainda temos muitas regiões carentes de energia e sistemas radiais inseridos no Sistema Elétrico de Potência, isso significa que grande parte dos consumidores são atendidos por circuitos que não possuem recurso, onde no caso de um evento (ocorrência), não há suplência, tornando ainda mais necessário a qualidade e gestão na manutenção de ativos do setor.

Quando falamos em subtransmissão, distribuição em alta e média tensão, os maiores impactos nos indicadores de continuidade no fornecimento de energia são provocados por ocorrências, que em sua maioria, são ocasionadas por uma falha em equipamento ou circuito elétrico.

No contexto corporativo, a manutenção preventiva se torna essencial para a produção. O cenário ideal para a produção é a maximização das atividades preventivas para a redução das manutenções corretivas (reparos). Quando a manutenção é tratada como investimento, é possível, inclusive, estabelecer projeções de continuidade e funcionamento dos ativos (indicadores de tempo médio de falhas e tempo médio de reparo).

Fora a redução de falhas, a manutenção tem um papel estratégico em investimentos. Em uma área regulada como a distribuição de energia, os investimentos realizados são tarifados pelo órgão regulador, ou seja, é possível receber novamente o investimento na rede, desde que seja para melhorar o fornecimento de energia para os clientes. Isso torna ainda maior a responsabilidade da manutenção em analisar qual reparo de fato pode agregar valor à companhia, ou qual pode ser convertida em investimento, a partir da renovação do ativo. Para isso, ferramentas que identifiquem o risco operacional do ativo podem contribuir com essa tomada de decisões.

Cabe ressaltar que, é sim papel da manutenção participar ativamente da sugestão e execução na renovação de ativos, afinal, é o órgão que possui maior conhecimento de como manter o ativo. A contribuição da manutenção pode ser dada através de trabalhos que relacionam o risco operacional de um ativo, a partir de parâmetros de confiabilidade gerados com informações de relatórios de ensaios e até mesmo diagnósticos das possíveis falhas, balizando da melhor forma quais os principais ativos que precisam de investimentos.

Para entender melhor as necessidades e alguns modelos de manutenção, vamos explorar os conceitos de manutenção preventiva e trazer modelos focados em produtividade e confiabilidade.

Manutenção preventiva

No segmento de energia, onde a “produção” trata de qualidade no fornecimento de energia, ou seja, a disponibilidade total dos ativos se faz necessária, não só a realização das manutenções, mas a existência de modelos estratégicos para priorização e construção de um plano de manutenções.

Por definição a Manutenção Preventiva (MP) consiste em exercer um controle sobre o

equipamento, de modo a reduzir a probabilidade de falhas ou queda no

desempenho, baseado em intervalos regulares de manutenção, ou seja,

obedecendo a um plano previamente elaborado (PINTO; XAVIER, 2001).

Quando os ativos são considerados críticos, o mais indicado é adotar a MP,

de modo a antecipar-se às possíveis falhas. Os planos de revisão seguem

recomendações do fabricante e consideram aspectos relevantes, como histórico de

ocorrências em equipamentos similares. Outra característica é sobre sua execução,

que deve seguir frequências determinadas (semanal, mensal etc.) ou a partir de

certo número de horas trabalhadas. Sua principal desvantagem é o gasto com

substituição de componentes, o que ocorre geralmente bem antes da ocorrência do

defeito (SANTOS, 2010).

No sistema elétrico, alguns fatores são primordiais para construção de um plano estratégico de manutenção. Podemos citar por exemplo:

  • Número de operações;
  • Idade do ativo;
  • Quantidade de clientes atendidos;
  • Criticidade do conjunto de unidades consumidoras regulatório (ANEEL)
  • Tempo;
  • Periodicidade indicada pelo fabricante;
  • Estações do ano;
  • Possibilidade de recurso (remanejamento das cargas);

A partir dessas variáveis, é possível modelar um plano adequado à realidade da concessionária. Um fator primordial, é que o plano de manutenção previsto seja dinâmico, respeitando assim, períodos mais críticos do ano, considerando temperaturas, demandas de consumo (variação das cargas) e contingências.

Confira, na próxima edição, dois modelos de manutenções preventivas possíveis de serem aplicadas às instalações.

Autor:

Por Caio Huais, engenheiro de produção, pós-graduado em Engenharia Elétrica e Automação com MBA em engenharia de manutenção. Atualmente, é Head de Manutenção e Operação de Alta tensão na Enel distribuição Goiás, onde responde pela disponibilidade de 360 subestações e 6.000 quilômetros de linhas de alta tensão. Atua na área de O&M de alta tensão há mais de 9 anos, tendo passagem por áreas de proteção e controle (SPCS), engenharia de manutenção e planejamento e controle da manutenção

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