Linhas de transmissão subterrâneas de alta tensão

Nos grandes centros urbanos, a evolução natural para o transporte de grandes blocos de potência envolve, muitas vezes, a única solução viável, a implantação de linhas subterrâneas tanto na classe de tensão de subtransmissão, como na de transmissão. A necessidade de expansão, revitalização e otimização do Sistema Elétrico Brasileiro e o aumento da interligação de fontes de energia renováveis até esses centros, em espaços cada vez mais restritos, requerem otimização da ocupação deste tipo de sistemas elétricos. 

São de primordial importância, e fazem parte dos grandes projetos, a viabilização de empreendimentos com soluções subterrâneas integrais ou parciais do “enterramento” de linhas aéreas existentes, aumentando a segurança na travessia de áreas sensíveis.

Além de seu largo emprego nas tensões de subtransmissão, os circuitos subterrâneos neste nível de tensão, tradicionalmente de maior dimensão nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, vêm crescendo e/ou surgindo também em outros estados brasileiros nas tensões de transmissão atraindo investimentos, como é o caso do Amazonas, Ceará e Rio Grande do Sul, vide os últimos leilões de transmissão da agência reguladora Aneel.

A implantação de linha de transmissão subterrânea (LS) em alta tensão (AT) é uma tendência no Brasil e no mundo e cada vez mais aumentam as classes de tensões. Possuem alta confiabilidade, tecnologias em constante atualização e otimização de custos, justificando o seu largo emprego onde necessário.

Frente ao investimento inicial envolvido e pressões ambientais há que se olhar com atenção para o empreendimento como um todo, com o emprego de planejamento, licenciamento e técnicas atualizadas para a infraestrutura, projeto, definição do material, instalação e gestão destes ativos.

O prazo de obtenção do licenciamento ambiental é facilitado pelo menor impacto, se comparado com a linha aérea, o que reduz aproximadamente pela metade o tempo da respectiva aprovação e liberação. Os principais impactos surgem durante a fase de construção e podem ser mitigados – exemplos: informar e consultar as autoridades locais, comunidade e outras partes interessadas; uso de equipamentos de menor ruído, regime de trabalho em horários que produzam menor impacto à população local; redução da área de escavação e o uso de técnicas construtivas através de perfurações horizontais ou construção de túneis ou microtúneis nas áreas sensíveis. Outro ponto interessante trata do aproveitamento das grandes obras promovidas pelos órgãos públicos, compatibilizando estas obras com a construção civil para implantação da infraestrutura destas linhas.

O detalhamento dos requisitos, as melhores práticas e as recomendações técnicas para a implantação de linhas subterrâneas de AT encontram-se disponíveis nos documentos técnicos elaborados por grupos de trabalho do CIGRE – comunidade global colaborativa que compartilha conhecimento e experiência no setor eletroenergético. Atualmente, o CIGRE está finalizando o resultado do Grupo de Trabalho Internacional mais recente, o Working Group B1.61, Installation of HV Cable Systems – que, baseado em outros documentos técnicos emitidos por esta organização e atualizando novas técnicas neste segmento, emitirá em breve uma brochura técnica completa sobre este assunto. 

Outras brochuras técnicas de igual relevância encontram-se disponíveis hoje no acervo técnico do CIGRE, inclusive a que trata de segurança da instalação frente ao risco de incêndios nas instalações de cabos isolados a TB nº 720 – Fire Issues for Insulated Cables Installed in Air.

Estabelecido desde 1921 na França, e em 1971 no Brasil, sob o cunho de Comitê Nacional Brasileiro (CIGRE-Brasil), o CIGRE conta com profissionais de mais de 90 países e 1250 organizações afiliadas, incluindo grandes especialistas do mundo.  Engloba 16 domínios de trabalho, abrangendo todas as áreas centrais do sistema eletroenergético. Entre esses domínios, mais de 250 grupos de trabalho se baseiam em conhecimentos práticos para resolver os desafios existentes e futuros que se apresentam nessa área.

Autora:

Por Carla Damasceno Peixoto.

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