ESG e o futuro dos equipamentos elétricos – Parte 2

Como falamos no artigo desta coluna na edição anterior, no dia 14 de dezembro de 2022, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a Norma ABNT Prática Recomendada – PR 2030 ESG, com diretrizes que alinham os principais conceitos e princípios ESG, com o objetivo de dar as diretrizes básicas às empresas no processo de incorporação de conceitos e diretrizes na adoção das melhores práticas ambientais, sociais e de governança em seus negócios.

Como proposto pela primeira vez em 2004, a Organização das Nações Unidas (ONU) , juntamente com o Banco Mundial, lançou a iniciativa “Who Cares Wins”, como forma de focar nos principais investidores e analistas na materialidade e interação entre as questões ambientais, sociais e de governança. Os primeiros passos focaram nos princípios para o investimento responsável, ou seja, os grandes investidores institucionais e gestores de recursos é que determinam o caminho em prol de um capitalismo sustentável, consciente e engajado na nova agenda.

Com base nos itens abaixo listados, com 17 objetivos do desenvolvimento sustentável propostos pela ONU em 2015, temos a linha mestra a seguir.

1 – Erradicação da pobreza; 

2 – Fome zero e agricultura sustentável; 

3 – Saúde e bem estar; 

4 – Educação de qualidade; 

5 – Igualdade de gênero; 

6 – Água potável e saneamento; 

7 – Energia limpa e acessível; 

8 – Trabalho decente e crescimento econômico; 

9 – Indústria, inovação e infraestrutura; 

10 – Redução das desigualdades; 

11 – Cidades e comunidades sustentáveis; 

12 – Consumo e produção responsáveis; 

13 – Ação contra a mudança global do clima; 

14 – Vida na água; 

15 – Vida terrestre; 

16 – Paz, justiça e instituições eficazes; 

17 – Parcerias e meios de implementação. 

Como visto pontos sublinhados acima, nossa jornada na otimização das instalações elétricas neste contexto, não só, mas especialmente, precisa de atenção especial a esses três objetivos, pois é neles que se concentra nossa expertise de contribuição. 

Assim sendo, sempre falando em instalações elétricas, devemos otimizar a gestão de riscos, bem como a conformidade regulatória, focando nas cadeias produtivas e de consumo, criar as vantagens competitivas que viabilizem economicamente as inovações alinhadas com os objetivos sustentáveis e, ao final, com as partes interessadas (Stakeholders) do setor elétrico como um todo, refinando assim o propósito corporativo e elencando as prioridades dessas partes interessadas.

Trocando em miúdos, só existe uma parte interessada: a sociedade. Esta, subdivide-se em população em geral, governo, empresas, etc. Deve partir da sociedade, portanto, a exigência de se modernizar e alinhar os investimentos, novos produtos e serviços com a sustentabilidade das gerações futuras. 

Ora, será que a sociedade em geral tem conhecimento capaz de gerar essas exigências? Será que o governo, representantes da sociedade, também têm esse conhecimento? Minha opinião particular é que não, nem os governos nem a sociedade em geral têm condições de, hoje, exigir a mudança de mentalidade ou modo de pensar, capaz de regular e regulamentar o sistema elétrico nesse sentido. Então, de quem é essa responsabilidade? Acredito que seja dos agentes do setor elétrico.

Nós sabemos que a eletromobilidade traz consigo a responsabilidade sobre as baterias, hoje novas, mas que um dia precisarão ser reutilizadas, reparadas, recicladas, sucateadas. Qual será o destino de tudo isso? Já estamos pensando nisso? Se a resposta for não, agora é a hora.

Sabemos também que a geração de energia elétrica fotovoltaica requer placas solares e inversores. O raciocínio provocado sobre as baterias é a mesma para placas e inversores fotovoltaicos. 

Equipamentos elétricos de origem e qualidade duvidosa também são um ponto de atenção. Assim como aqueles carregadores de celulares e cabos que usamos para carregar nossos dispositivos móveis.  Esses são comprados aos montes em lojas e “banquinhas” por todo o mundo, mas nós sabemos que duram poucas semanas e depois vão para o lixo, sem a menor cerimônia.  Trata-se da mesma coisa. Tantos disjuntores, relés, cabos, entre outros, de baixíssima qualidade são entregues ao mercado aos montes, sem controle da sociedade, e que os nossos profissionais do setor elétrico compram e instalam em busca de um “preço mais baixo, pois o “cliente assim o quer”. É isso que queremos?

É nossa responsabilidade, portanto, vamos pensar nisso.

Repito a provocação da edição anterior: ao final, aquela antiga frase “que vantagem Maria leva escolhendo esse ou aquele?” permanece válida, porém, o que muda completamente é o critério de análise e comparação. É essa discussão que irei continuar na próxima edição.  Não perca!

Boa leitura.

Autor:

Por Nunziante Graziano, engenheiro eletricista, mestre em energia, redes e equipamentos pelo Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP), Doutor em Business Administration pela Florida Christian University, Conselheiro do CREASP, membro da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do CREASP e diretor da Gimi Pogliano Blindosbarra Barramentos Blindados e da GIMI Quadros elétricos. [email protected]

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