Eficiência energética das instalações elétricas – Parte 1

Quando falamos em eficiência energética, o que normalmente nos vem à cabeça é a racionalização do emprego da energia em seus usos finais, sejam eles cargas motóricas, resistivas, ou uma combinação delas, mas que, de alguma forma, realize uma ação ou proporcione serviços e conforto ao usuário final.

Em 2015, quando concluí minha tese de doutorado, propus um estudo intitulado “Coeficiente de eficiência nas instalações elétricas de edificações comerciais visando a sustentabilidade”. Este estudo baseou-se em uma proposta de eficientização do uso da energia elétrica, visando sempre a melhoria de performance das cargas. Naquele momento, a visão de eficiência limitava-se ao emprego do conceito eficiência, atrelado ao valor efetivamente pago pelo consumidor na conta de energia, bem como ao custo dos investimentos necessários para se ampliar a base instalada de geração. 

Neste último caso, deve ser contabilizar também os investimentos necessários os custos ambientais da ampliação da base instalada que requer investimentos públicos e privados gigantescos, com enormes impactos ambientais. Também estava incluso o custo social, resultante do aumento do custo da energia, que impele à população de menor renda a redução do seu consumo em favor do pagamento da conta de luz, além das perdas não técnicas, que são as fraudes de medição e o furto de energia propriamente dito.

A síntese daquele trabalho foi: a energia mais barata, com menor impacto ambiental, e mais eficiente que existe, é a energia economizada.

Trazendo todo este acervo de conhecimento aos dias atuais, eu proporia então a inclusão das instalações elétricas propriamente ditas, que são os condutores em seus mais amplos aspectos, como comprimento linear, material, forma e seção transversal, conexões e suas características elétricas e químicas. Também proponho a inclusão da concepção dos projetos e confiabilidade esperada por eles, que reduz ou amplia substancialmente a quantidade de materiais inseridos e estes, suas perdas Joule, outras perdas por ruído, vibração, indução nas mais diversas formas de acoplamento magnético, indesejáveis aos circuitos elétricos mais eficientes.

Dito isso, neste primeiro capítulo sobre eficiência energética das instalações elétricas, gostaria de iniciar a discussão pelo comprimento linear dos circuitos, e consequentemente, os seus condutores. Esse tema geralmente é negligenciado pois as instalações elétricas costumam ser acondicionadas nos espaços de construção menos valorizados do ponto de vista imobiliário, o que nem sempre está associado ao caminho mais curto entre a origem da instalação e as cargas. Esta falta de apreço ao caminho mais curto geralmente culmina maior custo final da instalação, pois usa-se mais material e maior queda de tensão (desperdício de energia) por todo o ciclo de vida desta instalação. Curiosamente, quanto mais sofisticado é o público que utiliza esta instalação, geralmente a arquitetura obriga o uso de espaços menos nobres ainda, associado ao uso de mais “kWh” por metro quadrado. Com isso, essas instalações mais valorizadas, costumam ser as mais ineficientes do ponto de vista dos condutores. 

Com base nessas premissas, alguns modelos de certificação de instalações se preocupam com a racionalização deste consumo, seja qual for a motivação destas certificações, elas trazem algum alento a este problema. Entre estas iniciativas, elenco abaixo algumas instituições que realizam essas certificações:

– Green Building Council –  Uma das grandes organizações mundiais que direciona o mercado da construção civil em prol da sustentabilidade, com as diversas graduações da certificação LEED, a GBC Brasil propõe que esta certificação não limite-se ao consumo da energia tampouco à instalação, mas sim de um sistema de avaliação do empreendimento abordando-o por inteiro, desde a concepção do projeto até a construção final e a manutenção do mesmo; 

 – INMETRO – Com programas de etiquetagem quanto à eficiência energética, que inclui tabelas de classificação, incluindo as edificações comerciais, de serviços e públicas, edificações residenciais multifamiliares, entre outras, o INMETRO é uma referência no tema. 

Assim sendo, como primeiro capítulo desta série de artigos, te pergunto: nos projetos e instalações que você já trabalhou ou está trabalhando, a preocupação com o comprimento dos condutores foi uma premissa para a concepção do projeto ou para a realização da instalação?

Se a resposta acima for não, sugiro que você leia o próximo capítulo desta série para descobrir este universo. Já para os leitores que já estão familiarizados com o tema, fica aí o convite para o aprofundamento e atualização no tema.

Boa leitura.

Autor:

Por Nunziante Graziano, engenheiro eletricista, mestre em energia, redes e equipamentos
pelo Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/ USP), Doutor
em Business Administration pela Florida Christian University, Conselheiro do CREASP,
membro da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do CREASP e diretor da Gimi
Pogliano Blindosbarra Barramentos Blindados e da GIMI Quadros elétricos.
[email protected]

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