Uma abordagem sobre o desafio dos investimentos em redes de alta tensão

A infraestrutura energética global enfrenta desafios crescentes, à medida que as demandas por eletricidade aumentam e a necessidade de modernização se torna urgente. Um dos pilares fundamentais dessa infraestrutura são as redes de subtransmissão, responsáveis por transportar eletricidade de fontes de geração para centros de consumo. Para garantir a eficiência e a confiabilidade desse sistema, investimentos estratégicos são essenciais.

A modernização contínua da rede elétrica é essencial para adaptar-se às novas demandas e tecnologias emergentes. Isso inclui a implementação de sistemas avançados de monitoramento e controle que possibilitam uma operação mais eficiente e uma resposta mais rápida a eventos imprevistos. O monitoramento em tempo real, não apenas melhora a confiabilidade, como também permite a detecção precoce de problemas, reduzindo o tempo de inatividade e os custos associados.

Neste sentido, toda qualidade no fornecimento de energia está diretamente associada com a capacidade e efetividade dos investimentos relacionados ao sistema de potência. A característica técnica dos ativos limita e dimensiona o volume de energia que se consegue distribuir em níveis menores de tensão, trazendo ainda mais desafios para os ciclos de investimento. 

As redes de alta tensão formam a espinha dorsal do sistema elétrico, permitindo a transmissão eficiente e segura de eletricidade, em longas distâncias. Com o aumento da penetração de energias renováveis e a necessidade de integração de novas fontes de geração, como parques eólicos e usinas solares, a capacidade das redes de alta tensão de transportar eletricidade de maneira confiável, se torna ainda mais crítica e complexa. Maiores potências no sistema, significa maiores níveis de curto-circuito e maior exigência (mais severa) dos ativos da subtransmissão. Além de toda carga que entra como demanda de Mercado, afinal, para cada nova ligação, precisa-se de potência para alimentação, que vem do sistema de subtransmissão.

Assim, como se trata de ativos de valores financeiros relevantes e um sistema que, quando comparado ao sistema de média tensão, oferece um comportamento melhor (maior disponibilidade e menos falhas), a defesa dos investimentos se torna desafiadora. Para um sistema com essa característica, uma abordagem estratégica é o custo do risco. Afinal, embora tenha um bom comportamento, uma eventual falha no sistema de alta tensão, pode causar severas consequências, pois são grandes blocos de clientes que ficam sem energia. Compara-se, algumas vezes, a importância da confiabilidade do sistema de subtransmissão com a confiabilidade de aeronaves, onde a falha traz soturnas consequências.

Gerenciamento do Risco Operacional

O risco operacional é uma consideração fundamental ao priorizar investimentos em infraestruturas de alta tensão. Inclui desde a manutenção preventiva regular, até a preparação para eventos climáticos extremos e outros desafios operacionais. Estratégias robustas de gerenciamento de riscos garantem que as redes elétricas possam continuar operando de maneira confiável, mesmo diante de condições adversas.

Além de condições externas, como Riscos Climáticos e Ambientais, o sistema também tem riscos intrínsecos aos equipamentos, como envelhecimento e degradação do parque. Desta forma, priorizando os ativos mais relevantes, é importante garantir o mapeamento do risco através de análises do risco operacional, como por exemplo, transformadores, linhas de transmissão e equipamentos de interrupção.

Essas características, quando medidas e projetadas, podem contribuir diretamente para priorização dos investimentos e principalmente: para definição da melhor estratégia entre investir ou manutenir um ativo.  

Várias são as formas de reduzir o risco operacional: 

 – Manutenção preventiva e inspeções regulares: programas robustos de manutenção preventiva ajudam a identificar e corrigir problemas antes que causem falhas no sistema;

Investimentos em ativos elétricos e projetos: além da renovação do parque, “retrofit” e mudança de tecnologias, é importante investimentos em sistemas avançados de monitoramento em tempo real, que permitem uma resposta mais rápida a anomalias e condições operacionais adversas.

– Diversificação de fontes e rotas de subtransmissão: redundância nas redes de transmissão e o uso de múltiplas fontes de energia contribuem para aumentar a resiliência do sistema contra falhas. Além da exigência em cima do ativo, uma vez que a carga pode estar melhor distribuída.

Embora os ativos de alta tensão sejam vitais para a infraestrutura energética global, eles estão sujeitos a uma variedade de riscos que exigem gestão cuidadosa e estratégias de mitigação. Ao implementar medidas preventivas e investir em tecnologias avançadas, é possível aumentar a confiabilidade e a segurança das redes de transmissão de eletricidade, garantindo, assim, um fornecimento contínuo e eficiente de energia elétrica para as comunidades e indústrias, ao redor do mundo.

Em suma, a priorização dos investimentos em redes de alta tensão é essencial para garantir uma infraestrutura energética resiliente e eficiente. A modernização contínua, o monitoramento avançado, a revisão tarifária adequada e o gerenciamento eficaz do risco operacional, são elementos-chave nesse processo. Ao enfrentar esses desafios de frente, podemos assegurar que as redes de alta tensão, não apenas atendam às demandas atuais, como também estejam preparadas para os futuros desafios da transição energética global.

Sobre os autores:

Caio Huais é engenheiro industrial, especialista em Engenharia Elétrica e Automação com
MBA em engenharia de manutenção e gestão de negócios. Atualmente, ocupa posição de
gerente corporativo de manutenção no Grupo Equatorial, respondendo pelo desempenho da
Alta Tensão de 7 concessionárias do Brasil.

*Bruno Oliveira é graduado em Administração, Processos Gerenciais e Contabilidade, além de possuir MBAs em Finanças Corporativas e Gestão de Pessoas. Atua como gestor de BRR há mais de uma década e atualmente ocupa o cargo de Executivo de Base de Remuneração Regulatória no Grupo Equatorial.

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