Sistema de gestão energética

Edição – Julho de 2012
Por Márcia Samed, Jaline Katayama, Natália Lauris, Ítalo Henrique Esteves e Guilherme Spagnolli

O sistema de gestão de energia elétrica tem como objetivo principal definir e encontrar variáveis de consumo dentro da indústria que possam ser controladas, viabilizadas e otimizadas, gerando indicadores e recursos que demonstrem eficiência dos fatores que afetam diretamente o consumo e uso final da energia.

 

Nas indústrias, os pontos principais de desperdício de energia são os motores elétricos, a iluminação e os sistemas de geração de calor ou resfriamento. Estes estão interligados aos métodos de operação, normalização de processos, treinamento e qualificação de colaboradores.

As atividades associadas à busca da eficiência energética em uma indústria são desenvolvidas de acordo com as seguintes fases: avaliação, emissão de diagnóstico, tomada de decisão e realização de ações. Dividir o estudo em partes facilita a visualização do problema, a adoção de soluções, além de propiciar dados mais confiáveis do processo.

Neste artigo busca-se determinar como a energia elétrica é consumida dentro de uma pequena indústria, propor uma metodologia para as etapas de diagnóstico, empregar ferramentas de apoio à gestão, analisar os resultados e, dessa forma, oferecer uma solução que vise minimizar os desperdícios e usos não eficientes da energia elétrica.

Ao longo deste artigo será apresentada uma breve revisão de literatura, as etapas do desenvolvimento do trabalho realizado em uma indústria de sorvetes, os resultados alcançados e as conclusões.

Revisão de literatura

O uso inteligente e eficiente da energia elétrica, bem como seu tratamento e controle feitos de maneira responsável e racional, geram repercussão para empresários, para a economia e para a sociedade. Cada uma dessas partes se beneficia de uma forma diferente. Para os empresários, há uma redução dos custos operacionais. Na economia, uma maior disponibilidade de energia a impulsiona. A sociedade tem seus recursos naturais tratados de forma correta e adequada, visando à preservação do meio ambiente (ENERGIA BRASIL, 2001).

A utilização da energia apresenta aspectos variáveis. Essa variação pode ocorrer desde a instalação de novas tecnologias, remodelação da utilização de equipamentos e máquinas, assim como uma correta manutenção e o transcorrer das operações (ENERGIA BRASIL, 2002).

Conforme definição do Guia de eficiência energética nas micro, pequenas e médias empresas, publicado pelo Senai (2005), entende-se por “sistema de gestão energética o conjunto de estratégias, táticas, ações e controles destinados a converter recursos em resultados” e por “uso eficiente de energia a implementação de um conjunto integrado de ações que possibilite a melhoria do processo de utilização e consumo de energia, transformando resultados em lucro”.

A economia de energia não deve ser alcançada por meio da diminuição qualitativa e quantitativa de serviços prestados ou disponíveis. Deve sim ser baseada numa relação custo/benefício que garanta os benefícios com baixo custo.

Alguns países introduziram uma política de preços de energia que estimula sua eficiência, tornando investimentos em novas tecnologias eficientes mais atrativos, e também influindo no comportamento dos consumidores em relação ao uso de energia (JANNUZZI e SWISHER, 1997).

Geller et al. (1998) escreveram sobre os progressos e oportunidades do uso eficiente de eletricidade no Brasil. Os autores afirmam que os consumidores de energia elétrica precisam ser educados e convencidos de que os esforços visando ao aumento de eficiência energética valem a pena mesmo se o consumo de energia representa apenas uma fração do custo de operação comercial ou doméstico. Se passos importantes não forem tomados para aumentar a oferta de energia elétrica e a eficiência energética para os próximos anos, é provável que a escassez de energia irá ocorrer. Essa perspectiva pode ser usada como um “grito de guerra” para incentivar ações do consumidor.

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) tem por objetivo promover a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica para que se eliminem os desperdícios e se reduzam os custos e os investimentos setoriais. Este programa foi criado em 1985 e transformou-se em um programa de governo em 1991, tendo suas abrangências e responsabilidades ampliadas.

O desperdício de energia elétrica no setor comercial, conforme o Procel (2011), é de 14%, o que equivale a 5,8% bilhões de KWh. Isso representa um desperdício de 20% de energia elétrica no Brasil. Existem muitas “vias de desperdício” de energia na economia brasileira: seja por hábitos inadequados de consumo, utilização de aparelhos ineficientes ou falta de conhecimento técnico por parte dos grandes consumidores.

Ainda segundo informações do Procel (2011), a classe industrial é responsável por 46% do consumo de energia elétrica do país, a maior consumidora de energia. Este elevado consumo em sistemas motrizes industriais motivou a Eletrobras a atuar no combate ao desperdício de energia elétrica neste uso final.

Ferreira et al. (2009) analisaram o programa Eficiência Energética nas indústrias brasileiras e afirmam que a capacitação de agentes é uma “atividade meio”. A “atividade fim” é a implementação de diagnósticos energéticos pelas indústrias, que se comprometem formalmente a implementar as medidas economicamente atrativas.

Sola e Kovaleski (2004) realizaram um estudo de cenários no contexto energético, político e tecnológico, e analisaram ações de eficiência energética no âmbito industrial. Foram avaliados os impactos das medidas governamentais e levantadas as oportunidades de mercado. Concluiu-se que os desperdícios de energia elétrica trazem prejuízos para toda a cadeia produtiva, do ponto de vista operacional, econômico ou ambiental.

De acordo com a Companhia Paranaense de Energia (Copel), melhores práticas para promover o uso final de energia elétrica nas empresas proporcionam: o melhor aproveitamento das instalações e equipamentos elétricos, com consequente melhoria na qualidade do produto; redução do consumo energético e, consequentemente, aumento da produtividade, sem afetar a segurança e redução das despesas com eletricidade.

A implantação de um programa de gestão energética requer mudanças de procedimentos, de h&aacut

e;bitos e de rotinas de trabalho, o que, na maioria das vezes, é um obstáculo difícil de ser superado, em virtude da resistência natural que as coletividades oferecem a propostas desse tipo. Torna-se, então, importante e necessário o engajamento da direção superior da empresa e de todo o seu corpo funcional, técnico e administrativo, na busca de um objetivo comum, mediante um trabalho conjunto (Eletrobras, 2005).

Segundo Sena (2010) a gestão de energia requer a definição de uma política energética apropriada pela organização e requer ainda a identificação das prioridades a serem observadas e dos objetivos de desempenho energético a serem alcançados. A implantação de um sistema de gestão de energia requer o comprometimento da alta direção da organização e dos diversos níveis hierárquicos.

Para o alcance de metas e objetivos, pode-se fazer uso de certas ferramentas de coletas de dados e recursos, processamento e disposição das informações. Esses mecanismos são denominados “ferramentas da qualidade”, dentre as quais se destacam: lista de verificação, diagrama de causa e efeito e gráfico de Pareto.

Rodrigues (2006) afirma que a lista de verificação é uma ferramenta utilizada para tabular dados de uma determinada observação, identificando e analisando a ocorrência de fatos selecionados, dentro de um intervalo de tempo.

Werkema (1995) diz que o diagrama de causa e efeito é utilizado para expressar e demonstrar os fatores (causas) que geram um resultado de um processo (efeito) e como estes fatores os afeta, servindo como diretriz para identificação dos principais pontos de problemas e para auxiliar na tomada de decisões corretivas. A autora cita também que é uma forma de evidenciar e visualizar a priorização de problemas e projetos dentro de um processo por meio do gráfico de Pareto. Os problemas são qualificados como “poucos e vitais” e “muitos e triviais”. Ainda neste contexto, Rodrigues (2006) afirma que este parâmetro tem relação 20/80, ou seja, 20% das causas explicam 80% dos problemas.

Na elaboração de um plano de ação e monitoramento, pode-se fazer uso de um check-list para garantir que a operação seja conduzida sem nenhuma dúvida por parte da chefia ou dos subordinados. Segundo Campos (1992), este check-list é denominado 5W1H. A terminologia tem origem nas palavras da língua inglesa What, Who, Why, When, Where, How, How much/How many, sendo que o último termo foi introduzido mais recentemente e é apresentado hoje com uma variável a mais que refina esta técnica, com nome 5W2H (DAYCHOUM, 2009). Esta ferramenta pode ser aplicada a várias áreas do conhecimento, servindo como base de planejamento, como planejamento de qualidade, de aquisições, de recursos humanos, de riscos, entre outras em que se mostre necessário.

A transcrição dos conceitos estudados até aqui para o caso específico de uma indústria de sorvetes é apresentada a seguir.

Desenvolvimento

A iniciativa deste estudo partiu da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM), a qual realizou um levantamento de empresas que tinham interesse em eliminar, ou ao menos minimizar, os desperdícios com energia elétrica.

O presente trabalho está sendo realizado em uma pequena empresa do ramo de produção e comercialização de sorvetes na cidade de Maringá, no Estado do Paraná. A intenção principal da aplicação deste projeto surgiu da necessidade de redução dos desperdícios do uso final de energia elétrica, como perdas pela má conservação de máquinas e equipamentos, tarifação pelo não atendimento dos valores normalizados de fator de potência e ultrapassagem do valor de demanda contratada.

A indústria de sorvetes em questão é formada por um grupo que consta de uma sede, local onde os produtos são produzidos e também comercializados, além de mais três filiais. Este projeto foi desenvolvido apenas na sede, com o propósito de analisar os principais problemas relacionados ao consumo de energia elétrica e, a partir disso, propor uma estratégia para sanar os desperdícios detectados no setor produtivo e comercial, passando por estoque, expedição e chegando às vendas.

O horário de funcionamento da produção é das 8h às 18h, enquanto a área comercial prolonga esta jornada até às 24h. O consumo médio mensal de eletricidade de janeiro a março foi de 23,16 GWh, com uma tensão contratada de 13,2 kV (grupo A4).

Obtenção e análise de dados

Como ponto de partida, a equipe do projeto realizou visitas à empresa para aquisição de dados sobre seus ambientes, seus métodos de produção e para ter um contato inicial com os colaboradores, já que estes estão diretamente ligados ao consumo gerado.

Em seguida, para identificar as principais causas que contribuem para o desperdício de energia elétrica, desenvolveram-se folhas de verificação para pontos críticos de desperdício e ineficiência energética, como iluminação, climatização, faturas de energia, motores, tomadas e conectores. As folhas de verificação foram modeladas conforme as necessidades do diagnóstico para cada setor. A Figura 1 ilustra um modelo de uma das folhas de verificação in loco.

Folha de verificação – tomadas                                                               Setor:

Tomadas de uso geral

Quantidade de tomadas:

Aparelhos conectados (e tempo de uso):

Presença de T:                              Quantidade:

Em quais aparelhos:

Conectores

Aparelhos com conectores ruins (e localização):  

Tomadas de uso específico

Quantidade de tomadas:

Aparelhos conectados (e tempo de uso):

Presença de T:                                            Quantidade:

Em quais aparelhos:

Figura 1 – Folha de verificaç&

atilde;o – tomadas.

Nesta etapa também foi aplicado um questionário para coletar informações a respeito do conhecimento dos colaboradores sobre esse assunto, o comportamento destes com relação ao uso da energia elétrica, fatos ou acidentes que eles possam ter vivenciado. A seguir, apresenta-se um modelo deste questionário.

Questionário

Cargo:                                                                        Setor:

Nas perguntas a seguir, responda de acordo com a sua opinião:

1 – Você tem costume apagar a luz quando deixa algum local?

( ) Sempre          ( ) Quase sempre                ( ) Raramente                ( ) Nunca

2 – Como você classifica a quantidade de iluminação no seu local de trabalho?

( ) Intensa                  ( ) Suficiente               ( ) Moderada                 ( ) Baixa          ( ) Ausente

3 – Em seu trabalho, já ocorreu algum tipo de acidente como curto-circuito ou perdas na produção por conta de algum acidente envolvendo eletricidade? Caso sim, descreva qual foi:_________________________________________________________

4 – Você já recebeu orientações sobre como economizar energia elétrica no seu trabalho? Quais?___________________________________________________

5 – Você já recebeu algum treinamento para o uso dos aparelhos (computadores, máquinas, etc.) dentro da empresa?

( ) Sim                ( ) Não

6 – Você sabe aonde fica o quadro de luz/energia?

( ) Sim                ( ) Não

  

Figura 2 – Questionário aplicado aos colaboradores.

A partir da aplicação dos questionários foi possível verificar que os colaboradores têm pouco conhecimento sobre energia elétrica e nunca foram capacitados sobre o assunto. Em falha de máquinas ou problemas técnicos, mesmo sem certeza e segurança, tentavam encontrar algum meio de consertar, geralmente realizando “gambiarras”. Esta falta de orientação já ocasionou um acidente, o qual envolveu um colaborador e causou danos ao circuito elétrico da empresa e consequentes gastos ao empresário. Não havia na empresa um técnico especializado nem mesmo um programa de manutenção preventiva. Quando ocorriam as paradas de máquinas, solicitava-se um serviço de manutenção corretiva.

Após o levantamento desses dados, partiu-se para a extração de informações para a melhor identificação dos pontos de desperdício de energia elétrica (efeito). Para tanto, utilizou-se o Diagrama de Causa e Efeito nos diferentes setores da empresa (produção, expedição, estoque, área de atendimento e área de alimentação), visando determinar as principais causas do desperdício, conforme pode ser visto na Figura 3. 

Figura 3 – Diagrama de causa e efeito de desperdício de energia elétrica.

As causas apresentadas no diagrama foram coletadas em todos os setores da empresa. Com relação a “Material” observou-se que havia fiação desencapada, remendada, improvisada e exposta em áreas molhadas, principalmente na produção.

No que diz respeito à “mão de obra” notou-se um total despreparo por parte dos colaboradores tanto em relação aos aspectos técnicos e de segurança quanto em relação aos conceitos de uso eficiente de energia elétrica.

Nas causas relacionadas ao “meio ambiente”, determinou-se que o excesso de iluminação, a distribuição irregular de luminárias, principalmente no setor comercial, e as cores escuras de parede, plano de fundo e teto contribuíram para o desperdício de energia elétrica.

No quesito “máquina”, as análises demonstram que a subutilização de motores por um longo tempo leva a uma indesejável ultrapassagem do limite mínimo estabelecido para o fator de potência (0,92) e um consequente aumento do desperdício de energia elétrica.

Já com relação ao “Método” têm-se como principais causas do desperdício de energia a falta de limpeza e manutenção nas máquinas, dispositivos e equipamentos em todos os setores. Considera-se ainda que a falta de informação quanto ao uso eficiente como sendo uma das causas relacionadas ao método que contribuem para o desperdício de energia elétrica.

Para a correta identificação dos problemas vitais, foi necessário verificar com que frequência estas causas apareciam. Por meio dos dados das folhas de verificação, foi possível construir um gráfico de Pareto, apresentado na Figura 4.

Figura 4 – Gráfico de Pareto das causas de desperdício.

Analisando-se o Gráfico de Pareto, observam-se os dois principais problemas que correspondem à falta de limpeza e falta de manutenção preventiva. Agindo sobre essas principais causas, espera-se que a maioria dos outros problemas, tais como fiação inadequada, tomadas em mau estado, conectores desencapados, etc., sejam também solucionados. A falta de limpeza pode ser classificada como falta de manutenção, o que se deve ao desconhecimento por parte dos donos da empresa sobre como o nível de iluminamento é afetado pela poeira acumulada em lâmpadas e luminárias, por exemplo.

Outra parte do estudo foi realizada sobre as contas de energia elétrica da indústria. Foram disponibilizadas as faturas de janeiro, fevereiro e março de 2011. Os principais dados estão na Tabela 1 a seguir.

 

Tabela 1 – Dados das faturas

Mês

Consumo (kWh)

Consumo reativo excedente (kWh)

Janeiro

24.777

406

Fevereiro

24.679

331

Março

21.025

268

Pode-se notar um consumo reativo excedente gerado de um fator de potência abaixo de 0,92, que neste caso específico está ligado ao incorreto dimensionamento da carga associada aos motores (que operam em regime de baixo carregamento ou de baixa potência durante um longo período), e na existência de lâmpadas de descarga de reator indutivo de baixo fator de potência.

Estes problemas se devem a uma ausência de planejamento referente à alocação das cargas entre os motores disponíveis durante o processo produtivo, geralmente subutilizando os motores, o que ocasiona o consumo excessivo de reativos, os quais foram taxados nas faturas em questão.

De posse dessas informações, conseguiu-se elaborar um plano de ação e monitoramento para a indústria.

Plano de ação e monitoramento

O objetivo principal do plano de ação consiste em minimizar os desperdícios de energia elétrica. Tomando como base os questionários, as folhas de verificação, o Diagrama de Ishikawa, o Gráfico de Pareto e as contas de energia elétrica, extraíram-se como primordiais as necessidades de:

  • Investir na orientação, capacitação e conscientização dos colaboradores sobre como agir diante de um problema técnico e para fazer o uso eficiente da energia elétrica;
  • Optar pelo uso de equipamentos de alto rendimento e/ou certificados pelo Procel;
  • Propor, periodicamente, a manutenção em todos os setores da empresa, voltada tanto para motores, iluminação, fiação, quanto para limpeza das máquinas, dispositivos e equipamentos;
  • Controlar as variações de carga e propor a correção do fator de potência.

Com relação à capacitação dos colaboradores, espera-se que o conhecimento das melhores ações e procedimentos quanto ao uso final de energia possa refletir na minimização de defeitos, faltas, acidentes e, deste modo, aumentar a disponibilidade dos recursos energéticos. Primeiro se propôs o envolvimento da alta direção da empresa e de seus colaboradores, provenientes de diferentes níveis hierárquicos para atuarem como replicadores. Na etapa de capacitação foi proposta a realização de seminários, periodicamente, abordando os seguintes temas: energia, demanda, tarifação de energia, fator de potência, fator de carga, detalhamento da fatura de energia elétrica, dicas de economia, identificação e análise dos pontos de desperdício, normas técnicas de segurança, sistema de gestão energética e plano de monitoramento do consumo de energia elétrica.

Com relação à manutenção, espera-se que, com a implantação de um programa de prevenção, outros problemas sejam resolvidos, ou parte deles. Na produção, fatores como fiação desencapada, tomadas em mau estado e hábitos “não eficientes” podem ser sanados. Dessa forma, deve-se alcançar um nível melhor de aproveitamento das instalações e equipamentos elétricos por meio da elaboração de um manual de manutenção e limpeza.

Com relação ao controle de carga, propõe-se a instalação de um dispositivo que faz o monitoramento da energia consumida e a compara com a demanda contratada e, caso verifique a iminência de ultrapassar o valor contratado, desliga determinadas cargas na sequência crescente de importância para o processo e de acordo com seu consumo.

Quanto ao fator de potência, uma estratégia a ser seguida pela empresa é programar a produção com base no uso total da potência oferecida pelos motores, desligando por determinado tempo aqueles que estejam carregados abaixo do seu valor nominal, o que diminui a carga reativa indutiva no sistema e reduz a demanda máxima. Para tanto, propõe-se o uso de bancos de capacitores para a correção do fator de potência. No caso, é possível instalá-los em paralelo com os motores e/ou no transformador da empresa (responsáveis por grandes cargas indutivas), evitando que os reativos retornem à rede de distribuição, aliviando todo o sistema elétrico.

Foram estabelecidas todas as atividades a serem realizadas pela empresa para cumprimento do plano de ação, utilizando-se a ferramenta 5W1H. Com a utilização deste mecanismo, pretende-se propor correções para as principais causas apontadas, identificar quem será responsável pelas ações, determinar prazos para a execução de cada ação, definir a forma de execução e monitoramento da ação, e elaborar, se necessário, ações corretivas. Este roteiro é apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 – 5W1H do plano de ação

O que será feito? (What?)

Quando será feito? (When?)

Onde será feito? (Where?)

Por que será feito? (Why?)

Quem o fará? (Who?)

Como será feito? (How?)

Capacitação dos colaboradores ao uso eficiente de energia elétrica

Imediatamente

Todos os setores

Para conscientizar os colaboradores sobre a necessidade de se fazer o uso eficiente de energia

Equipe do projeto Sistema de Gestão Energética

Por meio de seminários

Manutenção preventiva

Periodicamente

Produção

Diminuir desperdício de energia por condições inadequadas

Técnico especializado

De acordo com o manual de manutenção e limpeza

Manutenção preventiva de equipamentos eletrônicos

Periodicamente

Todos os setores

Diminuir desperdício de energia por condições inadequadas

Fornecedor ou contratação de t

écnico

De acordo com o manual de manutenção e limpeza

Limpeza de lâmpadas e luminárias

Mensalmente

Todos os setores

Diminuir desperdício de fluxo luminoso

Pessoal da limpeza

De acordo com o manual de manutenção e limpeza

Instalação de sistema de controle de demanda

Após realização de todas as outras tarefas

Produção

Não permitir exceder o valor de demanda contratada

Técnico especializado

Instalar nos motores identificados de acordo com sua potência e uso

Instalação de banco de capacitores

Após realização de todas as outras tarefas

Produção

Para diminuir o consumo de excedente reativo

Técnico especializado

Em paralelo com motores e/ou na saída do transformador

A aplicação do 5W1H deve direcionar as ações da empresa para a eliminação das principais causas que contribuem para o desperdício de energia elétrica e, por consequência, deve extinguir outros problemas de menor importância.

A implantação e o monitoramento dessas atividades serão realizados por um colaborador da empresa, que será responsável pela realização de diagnósticos energéticos. Este colaborador fará, periodicamente, a análise de todas as tarefas designadas no 5W1H, verificando se elas foram realizadas a contento. Deverá ainda avaliar se as atividades e processos estabelecidos são eficientes para eliminação dos problemas de manutenção, bem como confeccionar um relatório com os dados medidos nos controladores de fator de potência. Só a partir desta verificação é que será possível agir sobre os dados obtidos, gerando, assim, novos planos de ação para garantir a minimização de desperdício de energia elétrica e aprimorar a política de manutenção criada.

Conclusões

A implementação de métodos de coleta e análise de dados foi essencial para a realização deste trabalho. Neste caso específico, foi possível proporcionar à empresa uma visão geral dos seus desperdícios com energia elétrica e os pontos passíveis de melhoria e aprimoramento.

As abordagens elaboradas neste estudo devem promover a introdução de novas tecnologias de controle de demanda e correção de fator de potência, remodelação da utilização de máquinas e equipamentos, introdução de procedimentos de manutenção preventiva e capacitação dos colaboradores para a realização das atividades operacionais, além de propiciar a implantação e o acompanhamento de um programa de política energética, estabelecidos para assegurar o cumprimento dos objetivos e o alcance das metas.

O ponto positivo da implantação deste programa, até o momento, pode ser atribuído ao fundamental apoio por parte da direção da empresa. Estima-se que a proposta em questão aponte novos rumos a serem seguidos dentro da empresa no âmbito do insumo energia elétrica, trazendo minimização dos desperdícios atualmente evidenciados. Essas ações constituem o primeiro passo a ser dado por esta empresa rumo à Gestão Energética e, como tal, irá requerer um certo esforço dos colaboradores no que se refere à substituição de antigas rotinas de trabalho por novos procedimentos operacionais.

Referências

ANEEL – Associação Nacional de Energia Elétrica. Revisão das Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica – Resolução nº 456/2000.

CAMPOS, V. F. Qualidade total. Padronização de empresas. 4. ed. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992.

COPEL. Manual de Eficiência Energética na Indústria. 2005.

DAYCHOUM, M. 40 Ferramentas e Técnicas de Gerenciamento. 1. ed. São Paulo: Editora Brasport, 2007.

ELETROBRAS. Gestão Energética. 2005.

ENERGIA BRASIL. Capacitação de Empreendedores na Área de Serviços de Eletricidade. Governo Federal, Casa Civil da Presidência da República, p.11, 2002.

ENERGIA BRASIL. Guia de Eficiência Energética nas Micro, Pequenas e Médias Empresas. Governo Federal, Casa Civil da Presidência da República, p.7, 2001.

FERREIRA, C. A., Perrone, F. P. D., Moreira, M. A. R. G., Oliveira, H. L., Pinto, A. B. A., Sobral, A. S., Motta, B. R., Moya, C. H., Spera, M. R., Vilela, L. C. T., Góes, R. R. A., Teixeira, M. V. P., Sobral, R. L.. Atuação da Eletrobrás, através do Procel, na Eficiência Energética de Indústrias Brasileiras. Anais do 8th Latin American Congress on Electricity Generation and Transmission, CLAGTEE, 2009.

GELLER, H., Jannuzzi, G. M., Schaeffer, R., Tolmasquim, M. T.. The efficient use of electricity in Brazil: progress and opportunities. Energy Policy. Vol. 26. N. 11, PP. 850-872, 1998.

JANUZZI, G. M., Swisher, J. N. P.. Planejamento Integrado de Recursos Energéticos: Meio Ambiente, Conservação de Energia e Fontes Renováveis. Campinas, SP: Autores Associados, 1997.

PROCEL, 2011. Disponível em: http://www.eletrobras.gov.br.

RODRIGUES, M.V. Ações para a qualidade. ualit mark Editora tda, edição, p.136-140, 2006.

SENA, C. J.. Sistema de Gestão de Energia: A gestão do Desempenho Energético. Revista do Prodfor, Ed. N. 34, jun/jul/ag/2010.

SENAI . Guia de eficiência energética nas micro, pequenas e médias empresas. 2005.

SOLA, A. V. H., Kovaleski, J. L.. Eficiência Energética nas Empresas: Cenários & Oportunidades. Anais do XXIV ENEGEP. Florianópolis, 2004.

WERKEMA, M.C. Ferramentas estatísticas básicas para o gerenciamento. Fundação Christiano Ottoni, 1995.

Márcia Marcondes Altimari Samed é engenheira eletricista, mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo e doutora em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá. Desd

e 2004 é professora adjunta do curso de Engenharia de Produção da Universidade Estadual de Maringá.

Jaline Katayama é aluna de graduação do curso de Engenharia de Produção da Universidade Estadual de Maringá. 

Natália Lauris: é aluna de graduação do curso de Engenharia de Produção da Universidade Estadual de Maringá. 

Ítalo Henrique Esteves é aluno de graduação do curso de Engenharia de Produção da Universidade Estadual de Maringá. 

Guilherme Spagnolli é aluno de graduação do curso de Engenharia de Produção da Universidade Estadual de Maringá. 


Leo, mão de obra não tem mais hífen. Você retira?

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