Quando poderemos ter o risco zero em proteção contra descargas atmosféricas?

A ABNT NBR 5419:2015 começa pela análise da necessidade de medidas de proteção contra as descargas atmosféricas. Em sua parte 2, há uma estrutura de cálculo em que é possível definir os riscos de se haver perda de vida humana (R1), perda de serviço essencial ao público (R2), perda de patrimônio cultural (R3) e perda de valores econômicos (R4). Caso esses limites sejam superiores aos estabelecidos, medidas de proteção podem ser aplicadas a fim de se obter a redução necessária. Apesar do peso da estrutura do dimensionamento, alguns pontos podem servir de suporte para aliviar a carga.

Todos os quatro riscos (R1, R2, R3, e R4) devem ser calculados para cada edificação e estrutura, porém, dependendo do caso, alguns desses riscos são notoriamente iguais a zero. Todos os riscos são referentes a uma perda e, como não é possível perder aquilo que não se tem, onde os objetos dos riscos são ausentes, os seus valores são iguais a zero. Ora, R1 é o risco de se ter a perda de vida humana. Se em uma edificação ou estrutura, não há pessoas presentes, esse risco é necessariamente zero – não se pode perder aquilo que não existe. O mesmo tem-se com R2, cujo objeto é o equipamento eletroeletrônico que presta um serviço essencial, e com R3, cujo objeto é o patrimônio cultural. A única exceção fica por conta de R4, cujo objeto são os valores econômicos. Em todos os casos, tem-se o risco de haver perda de valor econômico.

Vejamos o caso de um prédio residencial típico: nele não há a presença de um equipamento eletroeletrônico que presta serviço essencial ao público e nem patrimônio cultural. Logo, os riscos R2 e R3 são necessariamente iguais à zero e teremos somente os riscos R1 e R4.

O cálculo dos riscos R1, R2, R3 e R4 é estabelecido através da soma de riscos associados às fontes de danos ou pontos de impacto da descarga atmosférica. Para a descarga que pode atingir diretamente a edificação ou a estrutura, temos o risco de uma pessoa sofrer choque por tensão de passo ou toque (RA), o risco de incêndio por centelhamento perigoso (RB) e o risco de falha de equipamentos eletroeletrônicos (RC).

O risco RA poderá ser zero em certa situação. Caso seja possível fazer uma restrição física, ao redor dos condutores de descida, a um afastamento mínimo de três metros, o risco de choque por tensão de passo e toque será praticamente zero. O risco RA também será tolerado em uma das três condições a seguir:

a)  a probabilidade de a aproximação de pessoas, ou a duração da presença delas fora da estrutura e próximas aos condutores de descida for muito baixa;

b)  o subsistema de descida consistir em pelo menos dez caminhos naturais de descida (elementos de aço das armaduras, pilares de aço etc.) interconectados conforme item 5.3.5 da parte 3 da ABNT NBR 5419:2015;

c)  a resistividade da camada superficial do solo, até 3 m de distância dos condutores de descida, for maior ou igual a 100 kΩ.m.

O risco RB poderá assumir o valor zero no caso da zona definida para a área externa da edificação, onde não há carga de incêndio e nem área classificada, explosiva. Nesta condição, o fator redutor de perda dependente do risco de incêndio será zero.

Para a descarga que pode atingir diretamente a linha de serviço que alimenta a edificação ou estrutura a ser analisada, temos também o risco de uma pessoa sofrer choque (RU), o risco de incêndio por centelhamento perigoso (RV) e o risco de falha de equipamentos eletroeletrônicos (RW). Todos esses três riscos podem ser zero se o tipo de linha externa for um cabo protegido contra descargas atmosféricas ou cabeamento em dutos para cabos protegido contra descargas atmosféricas, eletrodutos metálicos ou tubos metálicos e se essa blindagem for interligada, na entrada da linha, ao mesmo barramento de equipotencialização que o equipamento. Essas condições também resultam em um valor igual a zero para o risco de falha de equipamentos eletroeletrônicos por descarga direta na edificação ou estrutura (RC) e por descarga próxima a linha de serviço (RZ).

  • Por José Barbosa de Oliveira é engenheiro eletricista e membro da comissão de estudos CE 03:64.10, do CB-3 da ABNT.

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