Aterrar não é só enterrar

Aterrar não é enterrarUma pergunta que me acompanha há muitos anos é: de onde tiraram a ideia de que para se fazer o aterramento de uma instalação elétrica basta enterrar uma haste no solo, ou pior enfiar um prego na parede?

Outra questão intrigante: Como, sem conhecer as características do solo, os fabricantes de equipamentos eletrônicos determinam um valor mínimo para a resistência ôhmica do eletrodo de aterramento a ser conectado em seus aparelhos alegando que sem isso não podem garantir a integridade e o funcionamento do mesmo?

Essas situações nos instigam a fazer a seguinte analogia: na idade média, os médicos sangravam indiscriminadamente seus pacientes como solução para muitas doenças, conhecidas ou não.

Com o passar do tempo, tanto a medicina quanto a engenharia evoluíram, mas temos visto que alguns profissionais da engenharia ainda mantêm o raciocínio medieval e insistem em aplicar a mesma solução – quase sempre errada – para várias situações.

Valores de resistência ôhmica do eletrodo de aterramento não dependem exclusivamente da quantidade ou do tipo de condutor empregado, mas principalmente, de como esse material estiver disposto no solo, das conexões envolvidas e das características desse solo, ou seja, sem o conhecimento desses parâmetros não há como exigir qualquer valor! E notem que o assunto “metodologia do ensaio” ainda não foi abordado.

Em nenhuma norma nacional há exigência de valor mínimo de resistência ôhmica do eletrodo. A NBR 5419:2005 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas, em seu texto, menciona 10? como valor de referência, mas afirma que a configuração e a topologia da instalação do eletrodo são muito mais importantes assim, dependendo das condições do local, um eletrodo de aterramento cujo ensaio apresentou um valor de 50? não está condenado. Para determinadas condições específicas esse pode inclusive ser considerado um ótimo valor!

Nos textos das NBRs 5410:2004 e 14039:2004, respectivamente, Instalações elétricas de baixa e média tensão, não é mencionado valor algum para resistência ôhmica do eletrodo de aterramento, aliás, na revisão em andamento da NBR 5419:2005 os tais 10 ? já foram retirados do texto.

É consenso na comunidade técnica internacional que o bom aterramento é aquele capaz de dissipar as correntes indesejáveis de uma instalação elétrica para o solo de forma rápida e que cause a menor perturbação possível relativa às tensões superficiais. Isto significa que o bom eletrodo é aquele que faz seu trabalho provendo condições para que aconteçam: dissipação de calor, tensões de toque e de passo suportáveis pelas pessoas, instalações e equipamentos.

Espero que este post atinja seu objetivo, de causar muita dúvida, intriga e discussão técnica entre os leitores, pois acredito que dessa forma todos possamos buscar subsídio para embasar nosso ponto de vista e então entendermos que quando cravamos um pedaço de aço ou cobre no solo em um local como o centro de uma grande cidade, medimos esse “aterramento” com um terrômetro convencional utilizando cabos cujo comprimento não ultrapassa 30m, obtemos o valor de 1 ? e interligamos ali o nosso equipamento poderemos piorar a situação, e acreditem, certamente estaremos.

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