“99, foi o 50 ou 51?” – “Não sei, 86!”

Edição 97 – Fevereiro de 2014
Por José Starosta

A dupla era incrível, o casal criado por Mel Brooks e Leonard Stern nos anos 1960 protagonizavam os agentes 86 – Maxwell Smart, vivido pelo ator Don Adams – e a agente 99 – que não teve o nome revelado e era vivida por Barbara Feldon. Pertenciam à organização “do bem”, chamada de “o controle” que combatia o mal representado pela organização chamada de “a kaos”. O site www.tvsinopse.kinghost.net traz mais informações desta inesquecível série que recentemente foi adaptada em filme.

Ao depararmos com mais um apagão, observamos nos jornais do dia seguinte: “a capacidade da linha de interligação Norte-Sul era de 6,1 MW e a carga no instante do desligamento era de 5,8 MW (95%), portanto, o sistema não se encontrava em sobrecarga durante o apagão”.

A conclusão foi que devido à ocorrência de dois curtos-circuitos, a linha foi desligada e então cargas foram rejeitadas evitando o colapso total. E o que teria causado este duplo curto-circuito? Novamente entra em jogo o velho vilão “o raio”. “RAIOS! RAIOS DUPLOS” (como diria o Dick Vigarista gargalhando). Quem sabe quando este texto estiver sendo lido, alguma explicação tecnicamente convincente terá sido apresentada para a sociedade, pois ainda faltavam evidências. Vamos esperar que as causas do apagão sejam divulgadas, fundamentalmente, para que possamos conhecer e corrigir nossas fraquezas se elas existirem e que as discussões saiam da “sala do silêncio” (expressão inventada pela agente 99).

No nosso mundo técnico assistimos incrédulos às notícias sobre o tema, mas nenhuma autoridade oficial falou com seriedade sobre eficiência energética. Isso parece ser um tema para fracassados, parece que racionalizar seria o mesmo que racionar, com alusão ao inesquecível ano de 2001 (uma odisseia quase no espaço!). Aliás, vale a pena citar o Plano Decenal de Energia (PDE 2030), publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que considera SIM na sua projeção a participação da eficiência energética a partir de 2018 (mas pelo menos considera).

O grande imbróglio que nos encontramos agora é:

  • Estamos com as tarifas de energia elétrica reduzidas para os setores residenciais e comerciais desde o ano passado. Por conta da energia barata nestes setores e redução do IPI na linha branca, novas cargas foram inseridas nestes consumidores.
  • Nossos lagos começaram a atingir níveis críticos, os registros de altas temperaturas promovem o aumento da carga dos sistemas de ar condicionado e de refrigeração (boa parte deles, novinhos). O início do novo modelo tarifário com as compensações financeiras da geração térmica pelas bandeiras tarifárias foi postergado para o ano que vem (talvez para conter a inflação) com novos custos bilionários para o tesouro nacional. Ainda, linhas de transmissão de interligação das eólicas encontram-se com seus cronogramas de implantação atrasados.
  • As usinas térmicas geram como nunca, sujando nossa matriz energética da mesma forma. O que mais falta para que os Procedimentos do Programa de Eficiência Energética (Propee), da Aneel, seja levado a sério? Vamos agora trocar os aparelhos de ar condicionado da baixa renda?

É hora de reflexão. Aprender com os erros faz parte do jogo. Temos apresentado sistematicamente que a eficiência energética é um vetor que não pode ser descartado da solução, basta olhar para o norte. O programa americano de eficiência energética é citado como um dos principais pontos da recuperação energética daquele país.

Nosso desperdício é da ordem de 10% do consumo e o trabalho necessário para estabelecer este corte é longo, mas possível. Desperdiçamos anualmente o equivalente à energia que será gerada por Belo Monte no mesmo período.

Precisamos de modelos de financiamento de projetos e outras iniciativas viáveis, que convençam nossas indústrias, instalações comerciais e até as residências a abandonar o desperdício apostando no custo operacional e não somente no de aquisição. Precisamos de modelos de incentivo tarifário a quem de fato economizar – como a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) está anunciando, “precisamos de modificação estrutural e não conjuntural”. Precisamos, enfim, de soluções técnicas e econômicas e não de justificativas.

A propósito, na codificação ANSI, o relé função “50” tem atuação instantânea (aplicado normalmente em proteção de curto-circuito), o relé função “51” tem atuação temporizada (aplicado normalmente em proteção de sobrecargas). Curiosamente, mas como nada é por acaso, o relé função 86 é o relé de bloqueio! Já o relé função 99 está reservado para aplicações especiais!

Como diria o nosso herói: “Está na hora do velho truque”.

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