O controle de tudo em um clique

Edição 89 – Junho de 2013
Por Patrícia Jimenes
 

Não importa para onde você olhe ou esteja sempre vai ter alguém com alguma tecnologia nas mãos. São celulares, tablets, smartphones, Iphones, Ipads, notebooks e uma infinidade de plataformas que aparecem todos os dias para, segundo os seus criadores, facilitarem nossa vida. Na era da internet as plantas de edificações, por exemplo, não ficam restritas apenas aos projetos arquitetônicos, hidráulicos e elétricos. É muito comum vermos um casamento entre as telecomunicações e os projetos de informática, a chamada telemática, que torna os ambientes mais práticos, seguros, confortáveis e econômicos.

 

Essa “reviravolta” no setor da construção teve início com os novos modelos de projetos imobiliários, aqueles que começaram contemplando apartamentos com sacada gourmet, garagens para dois carros, portões eletrônicos, equipamentos de CFTV e outros.  Há cerca de quatro ou cinco anos, este modo sofisticado de construir ganhou força e junto a este cenário vieram os serviços de tecnologia em automação.

Os novos projetos trazem ferramentas que permitem que a pessoa, antes de chegar em casa, ligue o ar-condicionado, a TV e o micro-ondas, regule a iluminação do ambiente e abra as cortinas apenas clicando em uma tecla do celular conectado à internet. O cliente também pode controlar esses equipamentos a partir de um único controle remoto ou de uma tela sensível ao toque instalada na parede de casa.

Estes projetos de automação começam com um estudo da planta do imóvel e só depois é feita a programação tecnológica.  A automação pode começar a ser feita pela sala ou por qualquer outro cômodo da residência ou, no caso do estabelecimento comercial, ela pode ter início pelo sistema de CFTV, refrigeração e outros. É uma tecnologia modular. O cliente pode começar em um ambiente e, posteriormente, implantar no resto da casa.

                De acordo com o engenheiro José Roberto Muratori, diretor da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside), no Brasil, o setor de automação residencial teve um crescimento bastante acelerado, principalmente, nos últimos três  anos, com média de 35% ao ano e contou com a chegada de novas empresas e tecnologias.  “Para se ter ideia, o número de fornecedores (fabricantes de equipamentos) presentes no Brasil triplicou nos últimos quatro anos”, garante.

                Muratori conta que os custos por estes projetos já caíram cerca de 50% nos últimos tempos e atingiram patamares bastante acessíveis a uma classe da população que, há cinco anos, não tinha acesso a estas facilidades. “Além disso, multiplicaram-se as alternativas de equipamentos e soluções, garantindo que cada usuário possa encontrar exatamente o que necessita, adquirindo sistemas na justa medida de seu orçamento e expectativa”, explica.

                Os empreendimentos para a classe média já oferecem um pacote básico de automação que permite controlar até 12 equipamentos eletrônicos. Com tudo isso, podemos dizer que a automação está ganhando mercado e cada vez mais se encontra ao alcance da classe média.

                Para o diretor da Finder Componentes, o engenheiro José Juarez Guerra, a automação predial ganhou força em especial no Brasil com o advento do home theater. “Estes últimos dez anos têm sido de muito aprendizado relacionado aos novos conceitos, compreensão das necessidades das pessoas e o entendimento de que não se trata apenas de conforto, mas de eficácia”, alerta.            

    Um ponto importante destacado por Guerra é que as empresas que oferecem automação predial/residencial já entenderam que é de extrema importância ouvir o usuário final, suas necessidades, identificar o grau de conforto e segurança que ele espera obter com a automação e não oferecer apenas um modelo engessado.      

     O diretor da Finder explica que nenhuma dessas tecnologias utilizadas nos projetos de automação é inédita, mas, sim, resultado da reunião de uma série de equipamentos e tecnologias já corriqueiras, como as células fotoelétricas, os sensores de fumaça e temperatura, os sensores de presença e intrusão (como os embutidos nos alarmes anti-furtos das lojas) e um computador devidamente programado para comandar o liga-desliga dos mais diversos equipamentos.       

    De acordo com Muratori, a mesma tecnologia que nos permite enviar um sinal pela linha telefônica para que a secretária eletrônica transmita as mensagens que registrou também possibilita comandar de qualquer lugar do mundo o funcionamento dos aparelhos de uma casa. “São como equipamentos de telecomunicações, qualquer internauta sabe o que pode fazer com uma webcam, um microfone e um computador ligado à internet”, explica.

 

Reportagem

Gerenciando a energia

                Dentro deste cenário, é possível perceber pessoas mais conscientes em relação à economia de energia, com objetivos de ajudar a diminuir os impactos ao meio ambiente e que, por isso, estão em busca de construções com sistemas inteligentes, que gerenciem o uso da energia elétrica. Os edifícios, as casas, os condomínios industriais vêm sendo construídos ou adaptados com esta finalidade.         De acordo com o diretor da Finder, José Juarez Guerra, a quantidade de construções de edifícios sustentáveis, chamados de “green buildings” é cada vez maior, assim como a busca pelo selo verde para edificações já construídas.    Sistemas de certificação para edifícios estão ganhando espaço, entre eles destacam-se o Leed, AQUA, Procel, Edifica – ligado ao Ministério de Minas e Energia –, Casa Clima, entre outros.             

   Para Guerra, o desempenho de máxima eficiência na automação não está garantido simplesmente pelos sistemas e conceitos, projetos ar

quitetônicos, luminotécnicos, elétricos ou de conectividade aplicados em um empreendimento, seja autônomo ou coletivo, caso não haja uso correto e gerenciamento dos projetos integrados. Sendo assim, os usuários devem estar conscientes das tecnologias e suas ferramentas para que este gerenciamento seja eficaz. “As construtoras têm solicitado projetos diferenciados buscando sustentabilidade como forma de marketing e venda, e os projetos são focados na redução de energia otimizando a utilização de luz natural, melhorando os sistemas de ventilação, aplicando produtos e conceitos de isolação térmica e acústica, bem como proporcionando mais conforto e redução dos aparelhos de ar condicionado”, explica.  

    Segundo Guerra, as empresas de projetos elétricos e luminotécnicos têm adotado produtos de baixo consumo e com alto rendimento, com aplicação e manutenção simples como sensores de movimento e presença, programadores de horário, dimmers, contadores para iluminação com bombas de baixo consumo, relés de impulso para comando e seleção simples de circuitos elétricos, entre outros. O especialista alerta para o fato de que os dois grandes vilões do consumo de energia são o ar condicionado e a iluminação. “No caso da iluminação, houve um crescimento no uso de lâmpadas econômicas e lâmpadas com Leds. Existem lâmpadas de Led  Atualmente, diversos fabricantes e fornecedores de automação predial oferecem ferramentas de gerenciamento por meio da web, mostrando gráficos, módulos interativos, atualizações periódicas e cumulativas, em que se pode interagir e selecionar cargas para a redução do uso de energia elétrica, gás ou ainda bloquear ou liberar sensores ou controladores de vazão de água. “Tudo isso é possível por meio de interfaces que recebem e tratam os sinais registrados em seu medidor específico, enviando-os e armazenando-os na web. Essas interfaces são instaladas em salas técnicas dos condomínios ou dos painéis de automação das unidades autônomas, proporcionando a cada usuário gerenciar suas contas”, explica Guerra.

                De acordo com o sócio-proprietário da Controllar, Matheus Pereira de Mello, o simples monitoramento do imóvel e dimerização de luzes já permite uma economia de energia de 20% a 30%, dependendo do caso.              O coordenador de marketing do Grupo Legrand, Bruno Pereira, também defende o uso da energia com inteligência e acredita que, de fato, a automação ajuda o empreendimento a ser mais sustentável ao buscar eficiência no consumo de energia. “Simples funções de medições instantâneas de recursos que são consumidos como a água, a luz ou o gás permitem mais transparência aos consumidores sobre como gastam seu dinheiro. O controle automático da temperatura, por exemplo – considerando a umidade e a qualidade do ar – implicam melhores condições de trabalho e impactos diretos nos níveis de estresse dos trabalhadores em um edifício comercial”, argumenta.

                    

                Segundo Guerra, diretor da Finder, dentre as energias renováveis disponíveis, as que melhor se adaptam são a eólica e, em especial, a fotovoltaica para o uso em edifícios e em casas. A energia eólica tomou seu lugar em parques instalados e sendo construídos em vários Estados do País. A energia fotovoltaica ganha uma expansão muito forte em todo o mundo. “Esta última irá proporcionar uma guinada na forma de utilizar energia dentro das casas. Hoje as concessionárias de energia estão se preparando para isso. Existem vários projetos pilotos em capitais brasileiras, onde já instalaram medidores inteligentes, permitindo que os usuários verifiquem, por meio da sinalização colorida, o quanto se consome. Desta forma, os projetistas elétricos e os integradores poderão ajudar e direcionar melhor o usuário final a decidir quais funções ele necessitará no medidor de energia”, avalia.

Automação depois do Protocolo KNX

                Em 1999 foi criada a Associação Internacional do KNX, em Bruxelas, com a fusão de três protocolos europeus: o EIB (Bélgica), o EHSA (Holanda) e o BCI (França), originando o Konnex, como inicialmente foi denominado. Posteriormente este nome foi simplificado para KNX. No Brasil, só começou a ganhar reconhecimento no final de 2010 e, para fortalecer este protocolo por aqui, no final de 2012 foi criada a Associação KNX do Brasil. 

Segundo o gerente comercial da Struxi, Ricardo Garutti, o protocolo é baseado na transmissão de dados sobre topologia em barramento e em sua arquitetura de comunicação, que possibilita a passagem do cabo de dados em paralelo aos cabos da rede elétrica, ou seja, compartilhando a mesma infraestrutura física, reduzindo custos tanto de material como de mão de obra para instalação.

                Trata-se de um protocolo aberto utilizado em âmbito mundial e direcionado a aplicações em automação residencial e predial. Independentemente do caso, o fato é que existe uma demanda por conforto e funcionalidade na gestão de sistemas de controle de ar condicionado, de iluminação e segurança, que caminham lado a lado com a conscientização do uso eficiente de energia. O documento surgiu com esta necessidade.

                Para Garutti, a chegada do protocolo KNX ao Brasil pode ser comparada a uma revolução no campo da integração. “Houve uma grande receptividade desde o início. Em pouco tempo o mercado já estava entendendo que para oferecer a melhor solução dependia de alternativas concretas de qualidade. Um diferencial que atrai não somente os profissionais, como também o consumidor final, é a possibilidade de integrar diferentes fabricantes em uma instalação residencial ou corporativa, universalizando as escolhas de equipamentos e soluções”, explica.       

   Outro detalhe importante destacado por Garutti é que o KNX permite ao profissional integrador uma autonomia de escolhas nas soluções, podendo trabalhar com mais de 300 fabricantes qu

e se utilizam deste protocolo. 

                Na opinião do coordenador de novos negócios da Schneider Electric, Rogério Ribeiro Garcia, o KNX não é mais um sistema de automação, pois ele representa a proposta de padronizar as instalações tornando-as mais inteligentes e flexíveis.  “Costumo dizer que o KNX é a evolução das instalações elétricas, possibilitando-as de se adaptarem às evoluções do empreendimento durante a sua existência, seja ele residencial ou edifício corporativo como hospitais, escolas, shoppings e outros”.

                Na análise do especialista da Schneider Electric, com um protocolo padronizado e com mais fabricantes disponibilizando seus produtos no mercado local, a tendência é que se tenha uma massificação da automação, preparando uma integração futura com as cidades inteligentes. “Além disso, o mercado de prédios de pequeno e médio porte, atendido com soluções proprietárias e prediais convencionais, passa a ser atendido de forma mais adequada e completa com a chegada do KNX. Em edifícios de grande porte, ele completa a solução predial convencional com os controles dos ambientes, incluindo a iluminação, ar condicionado e persianas, por meio de sensores e lógicas para a economia de energia”, afirma.

                Garcia também chama a atenção para o fato de que o KNX carrega em seu DNA funções que contribuem para as certificações sustentáveis conseguindo pontos consideráveis na certificação Leed, além de viabilizar e diminuir os paybacks de sistemas prediais quando integrado de forma transparente à solução convencional. “Existem também iniciativas entre as Associações KNX e Green Building Council – GBC para promoção do conceito de sustentabilidade e eficiência energética em eventos conjuntos”, finaliza.

 

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