Novo protocolo de automação chega ao Brasil

Edição 75 – Abril / 2012
Por Luciana Mendonça 

  Desde a década de 1980, engenheiros, arquitetos e projetistas brasileiros habituaram-se a  desenvolver sistemas de automação dentro de protocolos com código americano, em especial, o  BACnet. Porém, a crise econômica na Europa acabou  influenciando os seus profissionais a se mudarem para o Brasil, onde passaram a desenvolver seus  projetos…

 

A história do KNX, no Brasil, começou a ganhar reforço no final de 2010, com o agravamento da crise europeia. Os profissionais europeus chegavam aqui, desenvolviam todo o projeto de automação predial em KNX e, na hora da implantação, descobriam que o protocolo era totalmente desconhecido. Foi esta a realidade encontrada pela SISINT, empresa portuguesa de engenharia, instalada há um ano no Brasil, cujo objetivo é fornecer soluções integradas para a supervisão, gestão e manutenção de infraestruturas técnicas. 

O branch manager da empresa no Brasil, Paulo da Custódia, disse que foi uma surpresa descobrir que o KNX era desconhecido dos profissionais brasileiros. “As empreiteiras viam os projetos em KNX e pediam para adaptá-los, o que praticamente significa fazer tudo de novo. Os projetistas começaram a ficar aflitos porque não havia empresas para atendê-los. A solução que encontramos foi correr atrás de fornecedores que tivessem os produtos em KNX aqui no Brasil”, explica Custódia.

Rogério Ribeiro, gerente de produto da Schneider Electric, uma das poucas fabricantes a oferecerem produtos com a linguagem KNX, revelou que a ideia da empresa era introduzir os produtos KNX da empresa no Brasil “a partir do momento em que sentíssemos o mercado mais aberto, mais maduro para esta tecnologia, tendo em vista que o conceito de protocolo aberto, alta integração, não é algo comum para as pessoas que trabalham com automação no Brasil”. Com a vinda da empresa SISINT para o Brasil, os planos em relação ao KNX se anteciparam e hoje a empresa já oferece uma gama bem completa de produtos para o protocolo.

Caminho semelhante fez a STRUXI, que se instalou no Brasil também em 2011 e tem como objetivo distribuir soluções e produtos tecnológicos para atender às necessidades dos projetos nas áreas de automação e controle. Segundo Ricardo Garutti, gerente da STRUXI, a empresa optou por trabalhar com fabricantes de produtos que utilizam a tecnologia KNX pela “possibilidade de integração, o que facilita o trabalho dos integradores, podendo oferecer ao mercado produtos de qualidade, robustez e confiabilidade ímpar. A meta é, a cada ano, ampliar os fabricantes de soluções com tecnologia KNX, incrementando o portfólio da STRUXI nessa plataforma”, revela Garutti.

Integração é palavra de ordem

Uma das principais características do KNX é a facilidade em integrar produtos de diferentes fabricantes dentro de uma mesma rede. “É possível integrar soluções procedentes de fabricantes diferentes, mas que se comunicam de uma maneira muito simples. Esta é uma vantagem para o consumidor final e para o próprio integrador, que não fica refém de um único fabricante”, relata Ribeiro. Além disso, o gerente da Schneider Electric ressalta a facilidade em trabalhar com o protocolo, cujo cabeamento é mais simples, demanda infraestrutura menor, com programação mais rápida e flexível, o que são diferenciais do protocolo.

Para Paulo da Custódia, o cabeamento realizado por um par de fios, a comunicação entre os vários equipamentos que compõem um sistema de baixa tensão e o controle centralizado são os trunfos do protocolo aberto. “Além disso, o KNX permite determinar o tipo de programação que se quer utilizar. Outros protocolos não dão esta flexibilidade aos arquitetos, por exemplo. Num edifício corporativo, você pode definir a iluminação mínima de uma plataforma de trabalho e que ela esteja condicionada à luminosidade exterior. É uma programação que se torna muito simples com o KNX”.

Para Garutti, a introdução do Protocolo KNX, no Brasil no final de 2010, pode ser comparada a uma revolução no campo da integração. “A receptividade inicial nos indica isso e, passado pouco mais de um ano, o mercado já está entendendo que para oferecer a melhor solução depende de alternativas concretas e de qualidade. Um diferencial, que atrai não somente os profissionais, mas também o consumidor final, é a possibilidade de integrar diferentes fabricantes em uma instalação residencial ou corporativa, universalizando as escolhas de equipamentos e soluções”, afirma.

Principais características

Estruturalmente, o KNX e o BACnet são muito parecidos e suas aplicações também se confundem. Em função disso, explica Garutti, a associação KNX e a BACnet produziram um mapeamento padronizado entre os dois padrões. “O mapeamento facilita a implementação preferida de ambos os padrões de comunicação em edifícios: BACnet para a automação predial e KNX para a construção de sistemas de gestão”, explica Garutti.

O mapeamento está documentado no H.5 anexo da norma BACnet. O BACnet tem seu conceito construtivo baseado em soluções para a indústria e sistemas de HVAC de grande porte voltados a edifícios corporativos. “As principais vantagens do protocolo KNX podem ser resumidas em três: plena interoperabilidade, qualidade do produto e maior funcionalidade para aplicações padronizadas e complexas”, afirma o gerente da STRUXI.

Apesar de aplicações parecidas, o KNX traz algumas inovações, que vão além do fato de o protocolo europeu ser aberto. Para Paulo da Custódia, o BACnet está há muito tempo no mercado e não há desenvolvimento de software em sua área, além de o protocolo americano ter algumas limitações para aplicações específicas. Em contrapartida, “o KNX é mais recente, tem outro tipo de incremento, conta com outros fabricantes estão trabalhando em cima de seu constante desenvolvimento, em software mais específico”, explica.

Além disso, Custódia chama a atenção para o conceito de eficiência energética embutido no sistema: “Na Europa, a eficiência energética é algo que está em voga há muito tempo. Como o KNX é mais recente, ele atende de forma mais fácil a projetos que demandam desenho ecológico e sustentável. Nós observamos uma economia de até 30% de energia, somente programando temperatura e nível de luminosidade. Em um prédio residencial, o KNX não faria muita diferença, mas, em um prédio corpo

rativo, economizar 30% de energia é algo muito significativo”.

Garutti chama a atenção também para o fato de o KNX ter uma fácil adaptação à instalação elétrica e atendimento às necessidades de mudanças do usuário final, incrementando o conforto e a segurança; interoperabilidade; instalações preparadas para o futuro; ampla gama de produtos disponíveis no mercado de fabricantes diversos; e ampla rede de profissionais qualificados. “No Brasil, a desvantagem é a falta, por enquanto, de um número significativo de fabricantes associados ao KNX”.

A centralização também é outro forte do KNX. “Num sistema comum, você tem vários fabricantes, em uma mesma rede que, geralmente, é muito difícil de ser integrada, e o administrador do edifício precisa constantemente do suporte do fabricante. Com o KNX, você simplifica toda a fiação dos quadros e, como os equipamentos conversam entre eles, não precisa ter nada nos quadros. Todas as informações vão para uma sala de supervisão e você controla os equipamentos de um laptop. O síndico recebe apenas um treinamento para controlar o sistema”, ressalta Custódia.

Tendência global

Apesar de novo no mercado e com poucos fabricantes, o KNX, aos poucos, deve começar a ganhar espaço no Brasil. Para o diretor-executivo da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside), José Roberto Muratori, o protocolo europeu dá os primeiros passos no mercado nacional. “A maior velocidade de introdução vai depender do empenho de mais fabricantes trazerem produtos para o Brasil e investirem em treinamento e suporte técnico para os integradores. Nosso mercado não está ainda tão estruturado como na Europa, não temos ainda distribuidores em nível nacional, por exemplo, mas estamos caminhando para um maior conhecimento sobre o KNX e estas ações serão reforçadas à medida que a demanda for aumentando”, acredita Muratori.

Para Rogério Ribeiro, da Schneider, o protocolo KNX está se tornando uma tendência global, pela facilidade de integração e, em breve, ganhará espaço na América, onde ainda predomina o uso do BACnet. “A integração é o sonho de todo projetista. Dentro de um protocolo aberto, trabalhamos com outros fabricantes que, ora são concorrentes, ora se complementam dentro do sistema. Isso dá muita flexibilidade ao projetista, ao sistema e ao próprio consumidor final, que pode inovar sua rede sem se preocupar em comprar produtos de apenas um fabricante”, relata Ribeiro.

Garutti afirma que o momento é o início da apresentação desta tecnologia ao mercado de automação brasileiro, que cresce cada dia mais, principalmente por ser confiável. Isso pode ser observado pelos números do KNX no mundo:

•          Mais de 15 milhões de produtos instalados no mundo;

•          Mais de 7.500 produtos certificados e registrados;

•          Mais de 250 empresas conveniadas com KNX;

•          Mais de 150 centros de formação reconhecidos – a STRUXI tem o primeiro no Brasil;

•          Mais de 50 mil projetos implantados.

Para ampliar sua utilização e popularizá-lo, equiparando o Brasil à condição, por exemplo, da Europa de hoje, basta estruturar este mercado com produtos e tecnologias de ponta e desenvolver profissionais dedicados a conhecer novas tecnologias e suas aplicações diferenciadas. “É nesse sentido que estamos atuando, na formação e no desenvolvimento do mercado, na formação de profissionais em todos os níveis da cadeia de projeto e na disponibilização de informações a profissionais e usuários”, afirma Garutti.

Desde outubro de 2011, a STRUXI comanda o único e oficial Centro de Treinamento em KNX no Brasil. A ideia deste centro surgiu junto com a vinda da empresa para o Brasil, quando se diagnosticou a necessidade de desenvolver os profissionais do mercado de automação brasileiro para que estivessem aptos a oferecer soluções para o futuro, onde está o KNX. “Antes disso, os profissionais com interesse neste protocolo tinham de buscar sua certificação fora, em outros países da América Latina ou mesmo na Europa. Desta maneira, ficou mais acessível aos parceiros e a todos os profissionais da área a certificação aqui mesmo, no país”. Prova de que o protocolo deve ganhar espaço e se fortalecer futuramente no mercado brasileiro de automação.  


O KNX – Histórico

KNX é um protocolo aberto utilizado em âmbito mundial e direcionado a aplicações em automação residencial e predial. Quer se trate de uma residência, um condomínio residencial ou um complexo de edifícios de escritórios, a demanda por conforto e funcionalidade na gestão de sistemas de controle de ar condicionado, de iluminação e segurança é crescente e caminha lado a lado com a conscientização pelo uso eficiente da energia. O protocolo KNX surgiu com a meta de atender a estas necessidades.

A associação KNX foi fundada em 1999, com a consequente criação do protocolo KNX, em decorrência da união de três países e seus respectivos protocolos: Bélgica, com o EIB; Holanda, com o EHSA; e França, com o BCI. 

O protocolo KNX é baseado na transmissão de dados sobre topologia em barramento e em sua arquitetura de comunicação, que possibilita a passagem do cabo de dados em paralelo aos cabos da rede elétrica, ou seja, compartilhando da mesma infraestrutura física, reduzindo custos tanto de material quanto de mão de obra para a instalação.

Fonte: Struxi

 

Para saber mais:

www.3-l-d.com/sisint

www.struxi.com.br

www.schneider-electric.com/site/home/index.cfm/br/

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