Light e as primeiras subestações de energia de São Paulo

por Isabel Regina Felix  e Mariana de Andrade

www.energiaesaneamento.org.br

A chegada da energia elétrica às cidades no final do século XIX é considerada um marco na história da urbanização. No Brasil, o advento da companhia Light há 120 anos promoveu intensas, amplas e rápidas transformações na paisagem paulistana.

Fundada em  1899, com sede em Toronto, Canadá, a The São Paulo Railway, Light and Power, Company Ltd tinha como objetivos “estabelecer, construir completar, manter e fazer funcionar obras para a produção, utilização e venda e produzir eletricidade gerada por vapor e força motora elétrica, a gás, pneumática, mecânica e hidráulica ou outra força qualquer para quaisquer fins”. O termo “Railway”, na razão social, foi substituído por “Tramway”, limitando a atuação da empresa, no que se refere ao transporte, apenas à viação urbana.

Quando a Light se estabeleceu em São Paulo, a cidade tinha uma população próxima de 240 mil habitantes, suas ruas eram estreitas e existiam diversos núcleos populacionais esparsos e separados por áreas não edificadas. A empresa The San Paulo Gas Company Ltd atuava na cidade desde 1872, quando passou a produzir gás e cuidar da iluminação por meio de lampiões. Na época, a Companhia de Água e Luz do Estado de São Paulo era a concorrente da Companhia de Gás, fornecendo energia elétrica em algumas localidades centrais e comerciais da cidade, do escurecer até a meia-noite.

As duas primeiras décadas do século XX foram fundamentais para o fortalecimento da Light no Brasil. Responsável por obras que garantiram a infraestrutura necessária para o desenvolvimento urbano e industrial de São Paulo, a empresa teve forte presença, especialmente na capital.

Dia a dia seus moradores viam a paisagem da cidade modificada pela instalação de redes elétricas que alimentariam as linhas de bondes e levariam a eletricidade para várias áreas da cidade.

Nesse contexto, um novo tipo de edificação passa a fazer parte do cotidiano paulistano: as subestações, de onde a energia era distribuída para ser levada a diferentes destinos como bondes, fábricas, comércios, residências etc. A princípio, apenas a Subestação Paula Souza, localizada na região central, cumpria essa função, mas com o surgimento de novas indústrias e novos bairros, foram sendo construídas outras subestações, como Lapa, Ipiranga e Augusta, entre outras.

A Fundação Energia e Saneamento tem disponível de forma online mais de mil documentos gráficos produzidos pela antiga companhia Light entre 1914 e 1949, e que registram obras e alterações na cidade. A série “Propriedades da Companhia” revela ao público uma grande variedade de fontes gráficas, como projetos de arquitetura e engenharia, entre eles desenhos técnicos, plantas baixas e cartografias que retratam o processo de urbanização da cidade através das construções realizadas pela Light. Entre esses documentos, encontram-se exemplares referentes a diversas subestações de energia espalhadas pela Capital, como a antiga Subestação Central Riachuelo, recentemente restaurada e transformada em um centro cultural, na Praça da Bandeira.

Subestação Paula Souza, a pioneira

A subestação Paula Souza é a mais antiga estrutura transformadora e distribuidora de energia elétrica do Estado. Inaugurada em 1901 junto da Usina de Parnaíba, primeira hidrelétrica a gerar eletricidade para a cidade de São Paulo, a estrutura compunha o sistema de energia da Light e foi construída ao lado do rio Tamanduateí. Em princípio, além de contribuir para o sistema de iluminação pública, fornecia energia para os bondes elétricos da Capital. Sua primeira edificação foi considerada uma obra monumental, contando, em equipamentos, com o que havia de mais moderno e de alta potência à época.

Mais tarde, na década de 1970, foi construído um prédio no complexo da subestação, com a instalação do primeiro equipamento com sistema de isolamento a gás (GIS). Em 2016, as suas instalações foram novamente modernizadas, com a renovação de seus equipamentos de alta tensão – com tecnologia que permite a redução do espaço ocupado e melhoria de performance.

Isabel Regina Felix é Historiadora e Coordenadora de Serviços e Projetos Especiais da Fundação Energia e Saneamento.

Mariana de Andrade  é Jornalista e Pesquisadora da Fundação Energia e Saneamento.

Fundação: Energia e Saneamento

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