Ed.57 – Outubro de 2010
Por Jobson Modena
De 6 a 16 de outubro aconteceu a 74ª reunião geral anual da IEC – International Electrotecnical Comission, em Seattle, nos Estados Unidos. Contando com a presença de cerca de três mil delegados, vários países participaram deste importante evento da normalização internacional que teve o intuito de analisar normas para incontáveis assuntos.
A convite do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei), com o apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e acompanhado pelo Dr. Hélio Sueta, secretário da comissão de estudos que revisa a ABNT NBR 5419:2005, estive presente nas reuniões dos grupos de manutenção (MT) e grupos de trabalho (WG) do comitê técnico (TC) 81, relacionados às normas IEC-62305-1 a 4: Lightning Protection e IEC-62561-1 a 8: Requirements for Lightning Protection System Components (LPSC).
Como o texto da ABNT NBR 5419:2005 está em revisão, esta oportunidade foi de muita valia, pois pudemos trazer para o Brasil as informações mais recentes sobre o assunto. Tivemos também a chance de estreitar o relacionamento técnico com os comitês e delegações de outros países, como Portugal, Espanha, Alemanha, França, Estados Unidos, Japão, Bélgica, Itália e Grécia, bem como participar da votação de vários assuntos que afetarão diretamente a proteção contra descargas atmosféricas no País, já que a revisão da ABNT NBR 5419 está fundamentada na IEC 62305.
Pessoalmente, achamos muito gratificante participar de grupos de trabalho que têm como meta principal o bem técnico comum e que conseguem transformar esse objetivo em eficiência, praticidade e disciplina nas reuniões, com consequente obtenção de resultados mais que satisfatórios no andamento dos trabalhos. Dessa forma, vários documentos foram revisados, outros encaminhados para retrabalho ou votação e muitas metas para 2011 e 2012 já foram traçadas.
Normas em questão, suas sessões e os grupos responsáveis na divisão do trabalho:
IEC 62305:2006: Protection against Lightning:
– parte 1: General Principles, assunto desenvolvido pelo MT-8;
– parte 2: Risk Management, assunto desenvolvido pelo MT-9;
– parte 3: Physical Damage to Structures and Life Hazard, assunto desenvolvido pelo MT-8;
– parte 4: Electrical and Electronic Systems within Structures, assunto desenvolvido pelo MT-3; e
IEC 62561 Ed. 1.0: Requirements for Lightning Protection System Components (LPSC), partes 1 a 8, assuntos desenvolvidos pelo WG-11.
– parte 1: Requirements for connection components;
– parte 2: Requirements for conductors and earth electrodes;
– parte 3: Requirements for isolating spark gaps (ISG);
– parte 4: Requirements for conductor fasteners;
– parte 5: Requirements for manholes and gaskets grounding electrode;
– parte 6: Requirements for lightning strike counters (LSC);
– parte 7: Requirements for enhancers of grounding;
– parte 8: Requeriments for insulating components;
Resumo dos trabalhos realizados
No MT-3, com participação do MT-8, foi aprovada a utilização do acrônimo SPM (Surge Protection Measures) para definir a parte das medidas de proteção contra surtos. Em primeira análise, pode parecer óbvio ao leitor essa aprovação, mas se abordarmos o assunto de forma mais criteriosa, poderemos ter a exata noção da importância que há na sutileza de uma simples sigla em um texto normativo. Acrônimos “concorrentes” rejeitados na votação:
– ESP (Electronic System Protection), por não se tratar apenas de medida de proteção para sistemas eletrônicos;
– SPS (Surge Protection System), pois não é um SISTEMA de proteção contra surtos;
– LPM (LEMP Protection Measures), por não serem medidas que protegem apenas contra impulsos magnéticos causados por raios;
– OM (Overvoltage Measures), pois o assunto não regula medidas de proteção contra todo o tipo de sobretensões.
Houve também uma série de discussões para utilização de interfaces isolantes entre níveis de proteção, coordenação de DPS com a corrente presumida de curto-circuito da rede no ponto da instalação, a reintrodução de assuntos dos antigos documentos IEC 61024 e IEC 61312, em que os DPSs classe I são categorizados por sua aplicação como “DPS para ligação equipotencial” ou “DPS limitadores de tensão”. Ainda foram discutidos o fornecimento de requisitos para a coordenação entre o nível de proteção dos DPS com a tensão suportável de impulso dos equipamentos, proteção de sistemas fotovoltaicos e turbinas eólicas, estudo para esclarecer como calcular o nível de proteção efetiva para um DPS de nível subsequente e cálculo para nível de proteção efetiva em casos onde o DPS é instalado em distâncias iguais ou inferiores a dez metros.
A próxima coluna continuará este assunto, com mais informações sobre os trabalhos resultados e impressões e comentários acerca do encontro.