“Je vous ai compris”

Como prometido na última coluna, vamos falar dos aspectos mais relevantes do que aconteceu na CIGRE Session 47 – Paris, do ponto de vista deste colunista!

Essa conferência, realizada no final do mês de agosto, reuniu cerca de 4 mil profissionais oriundos de 93 países que compareceram ao evento para apresentar resultados de pesquisas, estudos de caso e projetos relacionados ao setor elétrico.

Para comportar todo esse público e abrir espaço para a apresentação de centenas de trabalhos, o evento foi distribuído em cinco dias, que contemplou ainda treinamentos sobre temas específicos.

O Brasil esteve em destaque nesse evento francês com a participação de 134 especialistas do setor elétrico, apresentando diversos trabalhos e com alguns deles premiados, inclusive com destaque para a premiação do Dr. Iony Patriota de Siqueira com o título de Membro Honorário. Outro destaque é da minha colega Eng. Carla Damasceno que representou o Brasil, entre as palestrantes do CIGRE Women in Engineering Forum 2018.

Eu estive presente no evento como representante do Brasil em dois grupos de trabalhos no Comitê de Estudo de Cabos Isolados de Média e Alta Tensão. Participei com representantes de 10 outros países da reunião do grupo de trabalho que trata da realização de diagnóstico em cabos isolados de média tensão.

Este grupo está construindo um documento que congrega as melhores práticas em gestão de cabos isolados, contemplando toda a estratégia e operacionalização das análises que são necessárias para diagnosticar as condições de conservação dos cabos elétricos em operação. Este grupo de trabalho está em desenvolvimento e futuramente poderei trazer mais informações para vocês sobre os resultados alcançados. O grupo de trabalho de Localização de Falhas, no qual também represento o Brasil, realizou um excelente treinamento e brevemente teremos o manual técnico publicado.

Agora vou dedicar o restante desta coluna para colaborar no processo democrático do Brasil. Já algum tempo venho destacando o quanto as redes subterrâneas podem ajudar a melhorar nosso País. Essa contribuição pode vir do aumento da confiabilidade da rede, com consequente diminuição das interrupções no fornecimento de energia que impactam diretamente a produtividade das nossas empresas e a qualidade de vida do cidadão, ou ainda pela diminuição das mortes causadas pelas redes elétricas não isoladas que, conforme dados da FUNDACENTRO, são quase uma morte por dia.

Considerando todo este cenário, seria importante o “candidato” explicar qual é o seu compromisso para mudar esta situação. Lembrando que hoje, conforme dados da ANEEL, as redes subterrâneas correspondem a menos de 2% das redes elétricas no Brasil, sendo que, em países desenvolvidos, este índice chega a 100% como no caso da Holanda ou 80% como na Alemanha.

A construção de redes subterrâneas em grande escala ajudaria a diminuir o desemprego e melhorar a economia, pois geraria uma alta demanda para a indústria com o fornecimento dos equipamentos, acessórios e cabos elétricos, bem como demandaria um uso intensivo de mão de obra (eletricistas, pedreiros, técnicos e engenheiros).

E como fazer isso onde falta recursos para outras necessidades, tais como saúde, segurança e educação? Existem várias alternativas. Uma delas seria o Governo adotar a isenção de impostos, assim como foi feito para a construção dos estádios da Copa do Mundo e Olimpíada. O principal ponto com a isenção é: se não houvesse obras de redes subterrâneas de energia, não haveria impostos, logo, aplicar a isenção a obras específicas não geraria perdas ao Estado, tendo em vista que este recurso (dinheiro) não existia. Contudo, desonerar os custos e incentivar as redes subterrâneas, traria ganhos efetivos para todo o País. Pergunte ao seu candidato o que ele pensa sobre isso!

“Je vous ai compris” – Tradução livre ‘Eu entendi vocês’. Frase ícone de Charles de Gaulle, Estadista Francês.

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