Trataremos, neste mês, do tema da temperatura de cor utilizada nas luminárias públicas e seus respectivos projetos, tanto viárias instaladas em ponta de braço quando luminárias decorativas instaladas em topo de poste para iluminação de praças, parques, passeios, etc. Com o final da atual revisão da ABNT NBR 5101 – Iluminação pública – Procedimento este tema deve ser pauta de todos os projetos de iluminação a seguir. Esta revisão, entre várias modificações e acréscimo de temas incluindo novos conceitos e evolução, determina que em projetos de iluminação pública não deverá ser utilizada temperatura de cor acima de 4.000 K. Isto implica uma mudança significativa no que existe atualmente visto que muitos municípios adotam temperaturas de cor de 5.000 K ou superiores.
No início da iluminação pública Led era muito comum a utilização de Leds com alta temperatura de cor, por volta de 6.500 K para melhorar a eficácia do conjunto e chamar a atenção para a substituição da “luz amarela” a vapor de sódio pelo branco da iluminação Led. Com o tempo e com uma melhor percepção e estudos, percebe-se que altas temperaturas de cor muitas vezes são desagradáveis e podem interferir mais significativamente na nossa saúde.
Usualmente, nas licitações e especificações de compra, as prefeituras estabelecem temperaturas de cor entre 4.000 K e 5.000 K, ainda havendo especificações que permitem 6.500 K. Com o advento das PPPs e maiores critérios de projetos também é possível perceber a especificação de luminárias com 3.000 K para determinadas áreas da cidade ou para determinados tipos de vias locais. Esta já é a tendência em outros países e começa a ser percebida no Brasil. A iniciativa do Procel em limitar a temperatura de cor em 5.000 K para obtenção do Selo Procel para luminárias pública já foi um primeiro avanço no sentido de limitar o uso de luminárias com luz “branco frio”.
Com a publicação da revisão da ABNT NBR 5101 ficam algumas perguntas que, com o tempo, serão respondidas: como serão feitos os novos projetos de iluminação pública e em que medida o mercado irá considerar a redução da temperatura de cor nos novos projetos e desenvolvimento de luminárias pública? Como as novas PPPs serão planejadas de acordo com as novas diretrizes? Sabendo que existe um tempo de adaptação os novos projetos já poderiam considerar estes critérios mesmo a norma revisada não estando vigente? Quem sabe em um futuro próximo não poderemos ter luz dinâmica de 3.000 K e 4.000 K para luminárias públicas (viárias e decorativas) e criar diferentes cenários em ambientes urbanos de acordo com os meses do ano, necessidade visual de acordo com o horário da noite, desejo da população etc. Mas, afinal, existe temperatura de cor ideal? Qual seria? Na prática seria interessante termos, além de 3.000 K e 4.000 K, o uso de Leds de 3.500 K na iluminação pública? E Leds com Tcc abaixo de 3.000 K poderiam ser utilizados em áreas históricas das cidades garantindo um bom IRC (índice de reprodução de cores) e ao mesmo tempo mantendo a característica histórica das fontes de luz anteriores à iluminação elétrica? A avaliação da temperatura de cor de acordo com os critérios atuais de Tcc ainda é a melhor maneira de avaliação ou deveríamos evoluir para outras métricas?
Precisamos estudar cada vez mais como utilizar de forma consciente e a serviço do cidadão as diferentes temperaturas de cor para cada ambiente urbano, pensando na vida e na saúde das pessoas, integrando as tecnologias de controle de luz faladas nos artigos anteriores e garantir uma maior qualidade na luz que recebemos todas as noites em nossas cidades.