Gestão da manutenção de cargas elétricas de missão crítica

Edição 94 – Novembro de 2013
Artigo – Casos e causos
Por Rodrigo Graziadei*

Novidade em 2013, “Casos e causos” nasceu com o propósito de trazer relatos de especialistas do setor que tiveram que encontrar rápidas soluções para perplexidades encontradas em grandes instalações. Leia nesta seção dilemas e problemas não raramente descobertos por aí e as saídas para cada caso.

Do latim manus tere (manter o que se tem), manutenção é o termo usado para abordar a forma pela qual as empresas tentam evitar falhas, cuidando de seus produtos, processos e instalações físicas. Trata-se de uma atividade desenvolvida para manter o equipamento ou outros bens em condições que irão melhor apoiar as metas organizacionais.

No passado, a manutenção era vista como um problema específico do departamento elétrico, que não fazia parte do processo produtivo. Atualmente, essa visão mudou e a atividade, se for bem gerida, agrega qualidade ao produto final e confiabilidade aos processos.

Neste artigo, trazemos uma visão objetiva e funcional dos processos de manutenção de alta disponibilidade, por meio da compilação de uma série de dados que buscam sustentação com ênfase nos resultados que beneficiam as empresas. Aqui também serão apresentados conceitos relacionados às cargas elétricas de missão crítica, assim como um estudo de caso sobre o tema.

Vantagens de uma manutenção eficaz

Melhoria na confiabilidade: conduz a um menor tempo perdido com reparos das instalações, a uma menor interrupção das atividades normais de produção (dia a dia) e evita paradas abruptas, dando estabilidade à produção e à manutenção da produtividade, assim como melhores níveis de serviços/mais confiáveis;

Melhoria de segurança: instalações bem mantidas têm maior probabilidade de se comportar de forma previsível e padronizada, assim como apresentar menos riscos de falhas e acidentes de trabalho;

Aumento da qualidade: equipamentos mal mantidos têm maior probabilidade de desempenho abaixo do padrão e poderão causar problemas de qualidade;

Redução dos custos de operação (aumento de rendimento): elementos de tecnologia de processo são eficientes quando recebem manutenção regularmente. Equipamentos calibrados e em perfeitas condições tem um melhor rendimento diminuindo consumo de energia;

Maior tempo de vida útil: cuidado regular, limpeza, boa ventilação, estabilidade térmica prolongam a vida efetiva das instalações e dos equipamentos, reduzindo os problemas de operações.

Para visualização e exemplificação dos tópicos abordados, apresentamos um gráfico bem conhecido em Sistemas de Manutenção como “Gráfico da Banheira”. (Figura 1). Para fins comparativos, utilizamos o exemplo de um carro 0 km que acabou de ser montado. Você o compra em uma revenda e o sai dirigindo. A probabilidade de o carro falhar neste momento é representado por um curva exponencial negativa (Fase 1). É nesta fase que as peças vão se ajustar umas com as outras e, assim, melhorar seu próprio desempenho até estabilizarem-se, dando ao carro um rendimento máximo e contínuo (Fase 2). Em uma próxima etapa, a tendência é que as peças comecem a falhar por desgaste ou qualquer outro motivo (Fase 3).

Destacamos também que a manutenção privilegia a alta disponibilidade, na medida em que não promove intervenções nos equipamentos em operação. Quando o grau de degradação se aproxima do limite previamente estabelecido (ou o atinge) é realizada a intervenção. Esta permite uma preparação prévia do serviço, além de decisões alternativas relacionadas com a produtividade do processo dependente do produto que será feita a manutenção.

Cargas elétricas de missão crítica

Cargas elétricas de missão crítica são todos aqueles equipamentos cuja interrupção de funcionamento possa resultar em prejuízos para os usuários e/ou beneficiários dos serviços aos quais se destinam.

Os prejuízos resultantes das interrupções do suprimento de energia elétrica podem ser:

Financeiros: perde-se muito tempo com reparos das instalações; há grande interrupção das atividades de produção; há paradas abruptas, o que acarreta em instabilidade da produção e da manutenção dessa produtividade.

De rendimento: gera-se uma imprevisibilidade e despadronização no funcionamento das instalações, podendo aumentar os riscos de falha e os acidentes de trabalho.

Reputação: maior probabilidade de desempenho abaixo do padrão pode acarretar em problemas de qualidade.

Produtividade: a duração da falha pode gerar queda de produção por parte dos funcionários.

Outros custos: processos judiciais; horas extras; aluguel de equipamentos; custos de envio; ativação de sistemas.

A fim de evitar estes prejuízos causados pelas interrupções do suprimento de energia elétrica é que se fazem necessárias práticas de manutenção eficaz. A seguir, veja um estudo de caso ilustrando uma situação em que a falta de manutenção ocasionou danos aos equipamentos de carga elétrica crítica.

Estudo de caso

Cliente: A
Ramo de atividade: supermercado
Faturamento diário: R$ 65.000,00
Unidades: matriz e duas lojas

Problema

Após um vendaval com queda de árvores, a matriz ficou sem energia e o nobreak ligado ao servidor principal parou de funcionar instantaneamente. A falta de ener

gia ocorreu às 11h e o restabelecimento aconteceu às 14h45, totalizando 3h45 sem energia.

Consequência

No horário em que houve a queda de energia, o supermercado estava cheio. Como se trata de um mercado de bairro, muitos clientes compram alimentos para preparar o almoço e também comida pronta. A falta de eletricidade impossibilitou os funcionários de registrarem as mercadorias e utilizar o Sistema de Transferência de Fundos, os chamados TEFs. Por isso, o dono foi obrigado a fechar a loja, trazendo, além dos prejuízos financeiros, um prejuízo grande para seus clientes. As duas outras lojas, apesar de terem energia, não puderam atualizar os estoques e consultar os preços.

Custo

O custo com apenas o lucro cessante (restabelecimento do sistema, funcionários ociosos, pequenos furtos, clientes com suas mercadorias na fila do caixa sem poder levar os produtos, câmeras sem as imagens gravadas) foi de R$ 9.374,99. O faturamento médio da loja é de R$ 25.000,00/ dia.

Causas

Falta de manutenção do banco de baterias do nobreak que alimentava o sistema de retaguarda (Fotos 1 e 2). Pode ser visto nas imagens o que foi evidenciado no atendimento técnico: havia problemas de conexão/má conectividade, bornes corroídos, bornes frouxos (tanto na conexão com terminal da bateria como na conexão com o cabo), azinhavre nas conexões, além do fato de a bateria utilizada ser para uso automotivo e aplicada em ambiente estacionário.

No passado, o dono do supermercado havia decidido modernizar, por isso adquiriu servidores com o intuito de interligar a matriz com outras duas lojas que possuía. O objetivo era gerenciar de forma online o negócio.

Solução

Substituição do banco de baterias por um de aplicação estacionária, assim como todos os bornes e conexões, tratamento das áreas de contato para evitar criação/acúmulo de azinhavre, manutenção preventiva trimestral do banco e de todo o sistema.


*Rodrigo Graziadei é diretor técnico da Logmaster e atua na área de suporte técnico e pós vendas desde 1995.

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