Evolução da medição no Brasil – Um pouco da sua história

Edição 50, Março de 2010

Autoria: Luiz Fernando Arruda

Quando comecei a trabalhar na área de medição, surgiram os registradores digitais para tarifação diferenciada (RDTD) e depois os registradores eletrônicos programáveis (REP), que trabalhavam em conjunto com dois medidores eletromecânicos emissores de pulso – um deles medindo kWh e outro kvarh. Com isso, para unidades consumidoras de média tensão, foi possível pensar em fator de potência por média horária e na implantação de um fator de potência mais desafiador que o 0,85, que vigorava até então.

Implementamos, sob protestos gerais, o fator de potência 0,92 depois de visitar clientes e orientar, clientes e consultores, sobre as melhores formas de ter controle sobre suas instalações e processos internos. O sistema elétrico integrado agradece e se beneficia disso nos dias atuais. Ao longo dos anos, os equipamentos eletrônicos evoluíram, tornaram-se mais confiáveis e mais baratos.

 

Atualmente, poucas concessionárias no Brasil não compram exclusivamente medidores eletrônicos, ainda vivem o dilema que tivemos quando se abandonou o velho platinado e se adotou a ignição eletrônica nos carros produzidos no Brasil. Eu me lembro que um colega comprou um carro com a novidade e, por não confiar em eletrônica, instalou, paralelamente, um dispositivo com o velho e confiável platinado para colocá-lo em operação quando a eletrônica falhasse. Vendeu o carro seis anos e 150 mil quilômetros depois sem ter tido a oportunidade de usar sua engenhoca.

 

Pois é. Os medidores evoluíram e o fenômeno mundial nos alcançou. Chegamos a pagar

US$ 55 por um medidor eletromecânico e, hoje, as aquisições apontam para um preço de
US$ 15 para um medidor eletrônico com tampa solidária (para se fazer qualquer manipulação interna, a tampa tem que ser quebrada, evidenciando e materializando a fraude) ainda com registrador eletromecânico. Isso deve acabar quando a tecnologia de LCD com retenção se tornar acessível, pois, mesmo sob falta de energia, o LCD poderá ser lido ou quando a automação atingir a todos os clientes.

 

Claro que um medidor eletrônico não terá a mesma vida útil de um eletromecânico, mas, em contrapartida, o eletrônico acumulará um erro superior ao de um equipamento novo, dando  a falsa impressão de que o faturamento está normal.

 

Além disso, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permitir uma depreciação inferior aos 25 anos praticados atualmente, esta desvantagem acabará. Além do que foi citado, existem outras tantas vantagens, como maior precisão, imunidade quanto à instalação fora do prumo (3 graus é o limite) e maior sensibilidade para cargas pequenas.

 

O grande “pulo”, no entanto, está por vir, quando tivermos as condições regulatórias para integrar estas medições por canais de comunicação confiáveis e que permitirão às concessionárias adquirir informações remotamente e trabalhar com elas de forma integrada no seu sistema corporativo. Não se trata apenas de ter a possibilidade de emitir a fatura sem ter de ir a cada unidade para fazer uma leitura.

 

Com informações (a maioria não precisa ser “on-line”) chegando, digamos, a cada hora, é possível ter informações sobre qualidade de energia, balanço energético por cada transformador, curva de carga de cada transformador, nível de tensão e outras.

 

Com a integração de alarmes de falta de tensão – estes sim devem ser on-line –, a situação da rede pode ser mapeada e, assim, agilizada a tomada de decisão sobre operação de chaves, por exemplo, minimizando a quantidade de unidades sem serviço, ao isolar uma área com problema sem a necessidade de deslocar equipes de campo.

 

Claro que estamos falando de futuro. Mas também tem de ficar claro que o futuro nós é que faremos.

 

Atualmente, como já comentado, o único e grande motivador das digitalizações que começam a acontecer no Brasil é a mitigação de perdas não técnicas. Paralelamente, conseguimos implementar o faturamento de energia reativa para unidades consumidoras de baixa tensão e reduzir alguns custos operacionais.

 

Mas, para os grandes centros urbanos, com elevada densidade de clientes e de carga, muito mais já pode ser feito, mesmo consideradas as restrições do ambiente regulatório. Certamente, é um bom negócio – rentável, com excelente retorno de investimento – para as concessionárias e para os clientes.

 

A grande barreira que vejo são as questões ligadas à Tecnologia da Informação (TI). Temos de nos aproximar dessa área e colocar a informática em sincronismo com as necessidades da distribuidora. E este sincronismo raramente se vê, sendo mais comum inferir que a área e os profissionais de TI são barreiras a serem transpostas.

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