Dúvidas sobre a norma ABNT NBR 5419:2005

Edição 54, julho de 2010

Por Jobson Modena

Em eventos recentes que participamos percebemos, pelas perguntas a nós dirigidas, que ainda há duvidas de interpretação relacionadas ao texto da versão de 2005 da ABNT NBR 5419 – Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas. Como esta versão está sendo revisada e logo teremos um texto bem mais complexo que agrupará uma série de outras normas, com consequente aumento no universo de assuntos tratados, acreditamos que toda oportunidade para o esclarecimento do texto atual será bem-vinda.

Responderemos algumas das dúvidas baseadas na interpretação do texto da norma. É importante esclarecer que não há nenhuma pretensão de fazer da minha opinião uma referência cristalizada, mas sim oferecer ao leitor mais uma oportunidade para reflexão.

Situação 1 – Tenho um equipamento, com carcaça metálica, situado no topo da edificação. Este equipamento utiliza a carcaça para aterrar placas de componentes eletrônicos de controle. Como executar a proteção? Toda vez que interligo o condutor do SPDA na carcaça e cai um raio ocorre a queima de seus componentes internos.

Item 5.1.1.4.1 (Captores naturais): “Quaisquer elementos condutores expostos, isto é, que do ponto de vista físico possam ser atingidos pelos raios, devem ser considerados como parte do SPDA” – Para ser considerado SPDA ou fazer parte dele o elemento deve estar apto a receber descargas atmosféricas ou estar situado dentro do volume de proteção imposto por um subsistema de captação desenvolvido para um determinado nível de proteção, além de estar convenientemente aterrado. Sigamos para a nota 4 do item: “Elementos condutores expostos que não possam suportar o impacto direto do raio devem ser colocados dentro da zona de proteção de captores específicos, integrados ao SPDA.” – Ao compilarmos estas prescrições, a resposta à pergunta nos parece clara: construa um subsistema captor gerando um volume de proteção sobre o equipamento. O nível de proteção deverá ser escolhido na tabela B.6. Este equipamento deve estar afastado dos elementos do SPDA e os aterramentos da carcaça e dos componentes eletrônicos do seu equipamento serão realizados diretamente no BEP (barramento de equipotencialização principal), ou no BEL (barramento de equipotencialização local), aquele que estiver mais próximo, da forma mais reta e curta possível.

Situação 2 – No meu prédio há uma quadra poliesportiva totalmente fechada com tela metálica, inclusive na parte de cima, porém, por questões de conservação, a tela tem uma cobertura de plástico. Devo colocar mastros ou postes para fazer a proteção contra raios?

Item  5.1.1.4.2  (Condições que devem satisfazer os captores naturais ): “a) a espessura do elemento metálico não deve ser inferior a 0,5 mm ou, conforme indicado na Tabela 4, quando for necessário prevenir contra perfurações ou pontos quentes no volume a proteger;
(…)

c) o elemento metálico não deve ser revestido de material isolante (não se considera isolante uma camada de pintura de proteção, ou 0,5 mm de asfalto, ou 1 mm de PVC);
d) a continuidade elétrica entre as diversas partes deve ser executada de modo que assegure durabilidade;
e) os elementos não metálicos acima ou sobre o elemento metálico podem ser excluídos do volume a proteger.”

A partir das recomendações vistas, a preocupação deve estar com a condução da corrente elétrica do raio e nos efeitos causados na dispersão dessas correntes na terra. Não há necessidade de criação de elementos captores, pois a tela em si já cumpre essa função.

Situação 3 – Um prédio de 20 andares, construído em concreto armado há mais de vinte anos, tem em seu entorno três outros prédios de altura inferior. As paredes estão praticamente encostadas inviabilizando a construção das descidas. O que fazer?

Item 5.1.2.5.5: Para as edificações de concreto armado existentes poderá ser implantado um SPDA com descidas externas ou, opcionalmente, poderão ser utilizadas como descidas as armaduras do concreto. Neste último caso devem ser realizados testes de continuidade, os quais devem resultar em resistências medidas inferiores a 1 ?. As medições deverão ser realizadas entre o topo e base de alguns pilares e também entre as armaduras de pilares diferentes para averiguar a continuidade por meio de vigas e lajes. As medições poderão ser realizadas conforme o anexo E.”

Situação 4 – O laudo do SPDA da minha empresa deve ser renovado todo o ano para atender à NR 10?

Vejamos o item 6.3.2 (Periodicidade das inspeções): “Inspeções completas conforme 6.1 devem ser efetuadas periodicamente em intervalos de:

a) 5 anos para estruturas destinadas a fins residenciais, comerciais, administrativos, agrícolas ou industriais, excetuando-se áreas classificadas com risco de incêndio ou explosão;

b) 3 anos para estruturas destinadas a grandes concentrações públicas (por exemplo: hospitais, escolas,

teatros, cinemas, estádios de esporte, centros comerciais e pavilhões), indústrias contendo áreas com risco de explosão, conforme a ABNT NBR 9518, e depósitos de material inflamável;

c) 1 ano para estruturas contendo munição ou explosivos ou em locais expostos à corrosão atmosférica severa (regiões litorâneas, ambientes industriais com atmosfera agressiva etc.)”

Tracemos o seguinte paralelo: estamos com algum tipo de dor e o médico nos receita um analgésico que é vendido em embalagem com quatro comprimidos.  Se apenas dois comprimidos forem suficientes, poderemos guardar os outros dois para nova eventualidade enquanto eles estiverem dentro do prazo de validade. O laudo do SPDA utiliza o mesmo conceito. Dependendo da alínea a que se enquadra sua empresa (a, b ou c), o laudo é um “remédio” válido para compor o prontuário das instalações elétricas por um, três ou cinco anos consecutivamente.

Em outra oportunidade, voltaremos a tratar de mais dúvidas relacionadas a aspectos de interpretação da ABNT NBR 5419:2005. Caso tenha alguma duvida de interpretação, envie um e-mail para a redação da revista ([email protected]) e, na medida do possível, tentaremos respondê-la em artigos futuros.

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