Distribuidoras de energia debatem soluções para eventos climáticos extremos no SENDI 2025

Evento que acontece em Belo Horizonte, do dia 27 a 30 de maio, promovido pelo Instituto Abradee e realizado pela Cemig, reúne especialistas nacionais e internacionais para debater inovação, sustentabilidade e experiência do cliente

Com a intensificação dos eventos climáticos extremos, as redes de distribuição de energia elétrica lidam com desafios sem precedentes. Enfrentar esse cenário exige mais do que reforçar a infraestrutura existente; é necessário redesenhar o sistema com base em novas premissas: digitalização, descentralização e interoperabilidade – a capacidade que diferentes sistemas e tecnologias têm de se comunicar e funcionar juntos de forma integrada 

Essa é a avaliação do engenheiro americano Mark Granaghan, especialista em modernização de redes elétricas e referência mundial em integração de tecnologias inteligentes no setor, que participará do SENDI 25, que acontece de 27 a 30 de maio, no Expominas, em Belo Horizonte.  Granaghan destaca que a digitalização do sistema — com sensores, medidores inteligentes e infraestrutura de comunicação — é hoje o alicerce das transformações mais relevantes em curso. 

Ainda segundo Granaghan, esses dados, quando combinados com inteligência artificial, permitem otimizar a operação da rede e antecipar falhas”, afirma. “Mas o desafio agora é fazer com que diferentes atores do ecossistema energético — das distribuidoras a comunidades locais — operem de forma coordenada. ” 

No Brasil, onde a matriz energética já é majoritariamente renovável, o impacto das mudanças climáticas não se traduz apenas em aumento de demanda ou em pressões por novas fontes. Tempestades mais intensas, secas prolongadas e variações bruscas de temperatura afetam diretamente a  rede elétrica, exigindo capacidade de resposta mais ágil. 

Nesse novo cenário, as ferramentas de planejamento e operação começam a se fundir. Modelos mais precisos, com representação em três fases e dados em tempo real, ganham espaço. Mas, para que isso funcione, é preciso garantir que os diferentes sistemas e equipamentos “falem a mesma língua”. Daí a importância dos padrões técnicos”, ressalta Granaghan. 

Segundo Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de energia elétrica – Abradee e do Instituto Abradee, as empresas do setor elétrico do mundo inteiro estão enfrentando grandes desafios diante das mudanças climáticas. “No Brasil, essa realidade tem exigido cada vez mais preparo, resiliência e planejamento. A Abradee, como representante das distribuidoras de energia, tem atuado ativamente na construção de soluções que garantam a continuidade e a qualidade do fornecimento de energia mesmo em cenários adversos”, afirma Madureira. Para se ter uma ideia, o segmento de distribuição de energia  prevê investimentos de mais de R$ 145 bilhões até 2028, destinados à modernização, manutenção e ampliação da infraestrutura de redes. 

Madureira cita como exemplo de ações que podem minimizar as consequências de eventos climáticos extremos o planejamento urbano adequado, sobretudo no que diz respeito à compatibilização da arborização urbana e redes elétricas, investimentos em tecnologia de automação e redes mais resilientes e a cooperação multidisciplinar das distribuidoras de energia para recuperação da infraestrutura de redes em situações de eventos severos, como o que acometeu o Rio Grande do Sul, em 2024.   

Sobre o enterramento de redes elétricas, comentado por muitos como possibilidade para redução dos impactos de eventos extremos, Madureira explica que  é uma alternativa válida do ponto de vista da resiliência, embora não seja a única solução, mas demanda avaliação técnica e econômica criteriosa, já que seu custo pode ser até dez vezes maior que o das redes aéreas. Além disso, o presidente da Abradee reforça que é essencial que haja um planejamento urbano adequado, com manejo arbóreo inteligente e espécies mais compatíveis com a infraestrutura elétrica nos grandes centros urbanos. “Nossa meta, como associação, é promover um setor preparado para os desafios climáticos, sem perder de vista a sustentabilidade e a modicidade tarifária para os consumidores”, analisa Madureira. 

Brasil em movimento 

No contexto brasileiro, algumas distribuidoras já se movimentam para adaptar seus sistemas às novas exigências do clima e da tecnologia. A Cemig, por exemplo, tem investido em inteligência digital e ações estruturadas para aumentar a resiliência da rede em Minas Gerais — um dos estados mais afetados por temporais nos últimos verões. A empresa tem plano de investimento de R$ 6 bilhões em modernização até 2027, com investimentos em drones, redes compactas protegidas, religadores automáticos e sistemas de gerenciamento em tempo real.  

Desde 2023, a empresa vem automatizando equipamentos em áreas críticas, reduzindo significativamente o tempo médio de interrupção por cliente. Em áreas urbanas sujeitas a alagamentos e quedas de árvores, a automação contribuiu para a rápida resposta a eventos adversos, garantindo mais estabilidade ao sistema e menos impacto à população. Além disso, a Cemig instalou um radar meteorológico em Mateus Leme (MG), com alcance de até 450 km. O equipamento permite monitoramento em tempo real das condições climáticas, possibilitando a mobilização antecipada de equipes com até quatro horas de antecedência, em caso de previsão de chuvas intensas ou vendavais. A tecnologia tem sido fundamental para evitar interrupções prolongadas no fornecimento de energia em períodos críticos. 

A Cemig também está construindo um sistema de geração solar fotovoltaica e armazenamento de energia para funcionar de maneira integrada ao sistema tradicional de distribuição. A iniciativa, inédita no Brasil, visa melhorar a qualidade da energia para os clientes, aumentando a estabilidade da rede e reduzindo a quantidade e a duração de interrupções do fornecimento.  

Para Marney Antunes, vice-presidente de distribuição da Cemig, o setor de energia é dinâmico, buscando inovação e tecnologia permanentes para oferecer um serviço de qualidade ao consumidor. “A integração de ferramentas como monitoramento em tempo real, redes inteligentes e automação de processos operacionais tem ampliado nossa capacidade de prevenir falhas e agir com rapidez diante de eventos climáticos severos. São investimentos que trazem benefícios diretos para o cliente e para a segurança do sistema elétrico como um todo”, afirma Antunes. 

A programação completa do SENDI 2025 já pode ser conferida no site oficial do evento: https://sendi.org.br/documents/SENDI-Programacao.pdf.  

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