A tabela 33 da edição vigente da norma ABNT NBR 5410 (Fig. 1) apresenta 49 métodos de instalação (também denominados de maneiras de instalar condutores) e para cada um deles, uma determinada condição térmica, denominada por método de referência, representada pelas letras A, B, C, D, E, F e G. E ainda, algumas dessas condições são divididas em duas, por exemplo: B1 e B2.
Com essas informações, parte-se para a determinação da capacidade de condução de corrente (IZ) dos diversos condutores em uma instalação elétrica, por meio das tabelas correspondentes (tabelas 36, 37, 38 ou 39).
Como qualquer tabela, para se construí-la é necessário fixar alguns parâmetros. Tomando como exemplo a tabela 36 (Fig. 2), foram fixados os seguintes parâmetros:
- Métodos de referência: A1, A2, B1, B2, C e D
- Tipo de metal condutor: cobre e alumínio
- Tipo de isolação: PVC
- Temperatura de referência do ambiente: 30 ºC (ar); 20 ºC (solo)
- Quantidade de condutores carregados: 2 e 3
- Condutores plenamente carregados em regime permanente
Se qualquer um desses parâmetros não corresponder ao caso sob análise, a tabela 36 não deve ser utilizada.
Em algumas condições, como temperatura ambiente e quantidade de condutores carregados diferentes do que foi pré-estabelecido, a própria norma apresenta a opção de continuar a utilizar a tabela 36, porém com a aplicação de fatores de correção, respectivamente indicados nas tabelas 40 e 42.
No entanto, em raras situações, o arranjo definido pelo projetista pode não estar contemplado naqueles 49 métodos de instalação da tabela 33, ou ainda, em algumas das premissas fixadas para a construção da Tabela 36 – assim como nas demais tabelas para determinação de IZ. Nesses casos, como seria impossível prever todas as situações de instalação de condutores, e também para não tornar a norma mais densa do que ela é, a orientação apresentada na própria NBR 5410 é de que o projetista determine a capacidade de condução de corrente por meio de cálculo. E para tanto ele poderá utilizar como referência as normas ABNT NBR 11301 (Cálculo da capacidade de condução de corrente de cabos isolados em regime permanente – fator de carga de 100%) ou a série IEC 60287 (Electric cables – Calculation of the current rating).
Não é uma tarefa simples, pois vai exigir do projetista habilidade no estudo dos fatores que influenciam a determinação da capacidade de condução de corrente de um condutor, no reconhecimento e na adoção dos fatores a serem considerados para o caso específico, além de elaborar uma bela planilha matemática para automatizar e auxiliar as inúmeras etapas do cálculo.
Exemplo de alguns dos citados fatores: resistência térmica da isolação e da cobertura (se for o caso), temperatura de operação do condutor, efeito pelicular, efeito proximidade, perdas dielétricas, aquecimento mútuo dos cabos, geometria dos condutores, resistência térmica do conduto, entre dezenas de outras considerações. Mas, às vezes é necessário fazer isso. Boa sorte!
Fig.1 – Extrato da Tabela 33 da norma ABNT NBR 5410:2004
Fig.2 – Extrato da Tabela 36 da norma ABNT NBR 5410:2004
Sobre o autor:
Paulo Barreto é engenheiro eletricista formado pela FEI em 1982, com mais de 40 anos de experiência em ensino, projeto, execução, manutenção, inspeção e perícia de instalações elétricas. Diretor da Barreto Engenharia em 1999, atuando em consultoria, comissionamento e cursos na área.