Cabos subterrâneos: uma questão de eficiência e não apenas estética

Janeiro de 2017
Por Marcello Mori, diretor Comercial de Elétrica & Telecomunicações da Dow para a América Latina.

Os cabos subterrâneos são uma tendência mundial. Na Europa, há um amplo movimento para aterrar os cabos de alta, média, baixa tensão e também de telecomunicações. Na Holanda, por exemplo, segundo dados do Sycabel – sindicato francês de profissionais do setor –, 100% dos cabos de média tensão são subterrâneos. Os dados mostram, ainda, que outros países europeus também possuem uma rede subterrânea avançada, como Reino Unido (81%), Alemanha (60%) e Itália (35%). No Brasil, a maior concentração de uso de cabos subterrâneos está nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Mesmo assim, em proporção incompatível com o tamanho das metrópoles e do país – fontes indicam que apenas entre 2% e 11% dos cabos nessas cidades são aterrados. É importante observar que essa tendência mundial leva em consideração os aspectos de eficiência, confiabilidade, segurança e sustentabilidade, e não apenas o impacto visual que permite cidades mais bonitas, onde seja possível contemplar suas belezas sem a interferência de fios aparentes.

Uma das principais razões para se investir em cabos subterrâneos é que, como não ficam expostos, são menos suscetíveis aos impactos de condições meteorológicas adversas, que incluem ainda a queda de árvores, que causam sérios problemas e rompimentos aos cabos aéreos. O mesmo acontece com acidentes que derrubam postes e podem deixar até mesmo um bairro inteiro sem energia elétrica, internet e sinal telefônico. Isto não acontece com os cabos subterrâneos, pois, além de mais resistentes, sua instalação abaixo da superfície os deixam mais protegidos de acidentes e mudanças climáticas. Cabos subterrâneos são isolados, o que garante menor perda de energia e maior durabilidade e vida útil – o que não acontece nos aéreos – e menor risco de corte de sinal devido a raios, acidentes e outros incidentes que causam alguma interrupção.

Outro aspecto importante relacionado à eficiência do cabo subterrâneo está na transmissão de energia. Os subterrâneos são capazes de transmitir mais energia em um mesmo cabo, isto porque podem ter diâmetros muito maiores do que os aéreos, que possuem um limite de peso para não derrubar o poste. A longividade é outro ponto positivo nos cabos subterrâneos, que duram, em média, 25 anos e não requerem manutenção constante como os aéreos, que estão sujeitos a acúmulo de poluição, contribuindo para redução da qualidade e vida útil do mesmo. No que diz respeito à manutenção, após uma forte chuva, por exemplo, é preciso uma grande equipe na rua para restabelecer a energia nos locais danificados, o que eleva o custo de serviço. Some-se a este custo de manutenção a necessidade constante de poda das árvores que tanto podem atrapalhar a realização de serviços quanto danificá-los.

A estabilidade da transmissão de energia é outra importante característica dos cabos subterrâneos. Manter a estabilidade na transmissão é um ponto crucial tanto para hospitais como para residências. Imagine quanto os hospitais gastam em equipamentos geradores para os casos de falta de energia? Afinal, uma parada no fornecimento pode representar a vida ou morte de um paciente.  O mesmo acontece nas residências que possuem familiares em situação de homecare, que estão em casa com uma miniestrutura hospitalar e dependem da energia elétrica para manter os equipamentos funcionando. Empresas também podem ser afetadas com a instabilidade energética, independentemente do tamanho, pois todas terão prejuízos. Uma montadora ou indústria de peças pode ter uma linha de produção inteira paralisada. Médias ou pequenas empresas de fornecimento de alimentos prontos podem perder toda a matéria-prima, como alimentos que necessitam de refrigeração além de ficar sem produzir, correndo o risco de perder clientes.

Apenas para se ter uma ideia do impacto da instabilidade de energia, um estudo de duas empresas americanas – Kinectrics e Marbek – realizado em áreas urbanas do país comparou as interrupções de fornecimento de energia nos cabos aéreos e subterrâneos. O resultado mostrou que os cabos aéreos apresentaram 16.600 horas de interrupção em um ano e os subterrâneos tiveram apenas 863 horas de interrupção. Some-se a isto, a quantidade de equipamentos danificados devido a instabilidade da transmissão de energia.

É fato que o custo de instalação de cabos subterrâneos é, num primeiro momento, maior do que cabos aéreos devido às obras de construção civil que consomem grande parte do investimento total – chegam até 70%, segundo estudo da AES. Entretanto, segundo fontes de mercado, este investimento inicial se paga em até cinco anos. Além disso, a rede subterrânea não está sujeita a efeitos externos, como chuva, poluição e colisões de veículos em postes ou na fiação aérea, o que reduz os custos de manutenção, permitindo aos cabos vida útil comprovada de até mais de 40 anos. Já na opção aérea, os fatores externos levam a uma necessidade de troca de cabos em períodos de até dois anos após a instalação.

Para acelerar a adoção desta tecnologia é necessário que as novas construções já contemplem as instalações subterrâneas em seus projetos para, ao longo do tempo, termos uma rede elétrica mais eficiente. Para as construções que já existem, o ideal seria realizar o mapeamento dos locais que mais necessitam de estabilidade na transmissão de energia, como concentração de hospitais, para investir nesta troca. É certo que, além de centros históricos e cidades turísticas, que seriam beneficiados esteticamente, a adoção de cabos subterrâneos propicia negócios mais duradouros e uma nova forma de relacionamento com as comunidades.

Referência:

Estudo da AES Eletropaulo apresentado no I Encontro Estadual de Qualidade de Energia

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2 respostas

  1. No 3º parágrafo informa que os cabos subterrâneos duram em média 25 anos, porém no penúltimo parágrafo informa que cabos subterrâneos possuem vida útil comprovada de até mais de 40 anos. As duas informações parecem contraditórias.

  2. O Brasil poderia refazer estas instalações instaladas, e fazer tudo subterrâneo.

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