Edição 108 – Janeiro de 2015
Por Michel Epelbaum
Alguns assuntos complexos das áreas de energia e sustentabilidade vêm se arrastando há anos sem solução à vista no horizonte. Em certos momentos, pelo enredo, personagens e o desenrolar dos fatos nos fazem lembrar as novelas televisivas. Novelas estas que cada vez mais abordam assuntos polêmicos do cotidiano e da sociedade.
Nesta coluna especulamos de forma divertida quais poderiam ser as novelas que tratam dos temas “quentes” de 2015. Não perca os próximos capítulos (baseado nos enredos dos sites www.resumo-das-novelas.com e www.memoriaglobo.globo.com).
Água Viva
Novela que tem por trama principal as dificuldades de Miguel Fragonard (Raul Cortez), chefe de uma família na região Metropolitana de São Paulo, enfrentando uma crise de abastecimento de água, e as ideias do Governo para tentar contornar o problema. No capítulo anterior, o governador resolveu adotar uma multa pesada para quem gastar mais do que o consumo do ano anterior, mas a família já havia “cortado a gordura” quando se anunciou a redução da tarifa para quem economizasse, e agora eles estão no “osso”. Mostra também o seu irmão Nelson (Reginaldo Faria), um “bon vivant” que nunca trabalhou e vive de renda, mas que foi diretamente afetado pela crise hídrica, pois não poderá morar em seu iate nem andar nele pela represa, que secou dramaticamente. Outras tramas são narradas em paralelo, abordando as enchentes de verão e as doenças provocadas pela falta de coleta e tratamento de esgoto no local de moradia da família.
Escrava Isaura
Inspirada em obra da literatura brasileira, a novela retrata a luta contra o trabalho escravo na indústria da cana. Órfã desde o nascimento, a escrava branca Isaura (Lucélia Santos) desconhece quem são seus pais e, desde menina, trabalha no canavial dos pais de Leôncio (Rubens de Falco). Com a morte da mãe no início da novela, o filho torna-se o administrador dos negócios da família, cujo principal cliente era uma usina de açúcar e álcool. Apaixonado por Isaura e furioso por não ser correspondido, ele não assina o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-açúcar, e aplica castigos cruéis à moça. O desejo por liberdade torna-se ainda mais premente quando Isaura apaixona-se por Tobias (Roberto Pirillo). O casal tem de enfrentar as perversidades de Leôncio, que se recusa a vender Isaura, e Tobias pretende fazer denúncia ao Ministério do Trabalho e Emprego. Ciente disso, Leôncio incendeia a cabana na qual se encontrava Tobias, matando sem intenção sua própria esposa, que também estava lá. A tão sonhada liberdade vem por meio da crise do setor sucroalcooleiro e do etanol veicular, que juntamente com a má gestão do infeliz Leôncio, provoca a falência da fazenda de cana. Com isso, o vilão se suicida no final, após ter todos os bens e Isaura arrendados por Álvaro (Edwin Luisi), um jovem apaixonado por ela.
Tropicaliente
O enredo gira em torno da vida em uma quente e bela região litorânea brasileira, recheado de romances e intrigas. Na juventude, Letícia (Silvia Pfeifer), filha do rico empresário Gaspar (Francisco Cuoco), deixa o luxo para trás e vai viver um romance com o pescador Ramiro (Herson Capri), contra a vontade do pai. Mas o destino separa o casal: Letícia vai estudar fora do país e quando volta, anos depois, viúva e com dois filhos, é destinada a tomar conta do estaleiro e da indústria pesqueira da família Velasquez. É quando reencontra seu grande amor, Ramiro, agora casado com Selena (Regina Dourado), e pai de Açucena (Carolina Dieckmann) e de Cassiano (Márcio Garcia). As dificuldades nos negócios, causadas pelos efeitos do aquecimento global sobre o mar e a indústria da pesca, acabam reaproximando os antigos namorados. Eles agora se engajam na luta pela redução das emissões de gases de efeito estufa, pela mitigação e adaptação das comunidades litorâneas aos seus impactos, uma vez que a região em que eles moram está visivelmente mais quente a cada ano. A paixão, então, fala mais alto e os dois voltam a viver um tórrido romance, no qual os sistemas de condicionamento de ar já não dão mais conta do recado.
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.