Edição 114 – Julho de 2015
Por José Starosta – Consultor Técnico
O assunto mais tratado no Brasil atualmente é “a tal da crise”. Lá está ela em todos os ambientes: nos botecos, nos corredores dos escritórios, nas indústrias e bancos, nas feiras, nos jornais e revistas, e por que não até nos sindicatos.
A sensação é que tudo começou há pouco mais de um ano atrás quando tomamos aqueles sete gols em um só jogo na Copa que pretendíamos ganhar. E, como que por encanto, de lá para cá, nada mais deu certo. Crise no fornecimento de energia e bilhões para pagar o óleo que substituiu a água na geração de energia, crise hídrica e falta de água potável nos centros urbanos, crise na indústria com projeção negativa de PIB, crise política com escândalos e corrupção (não abordamos as “rusgas” entre executivo, legislativo e judiciário, pois isso é saudável e faz parte da democracia). Ainda, a crise no esfacelamento da maior empresa do Brasil, orgulho de todo um povo, crise econômica com inflação alta e também alta taxa de juros com redução de investimentos em infraestrutura, crise na segurança e na saúde pública, crise na incapacidade de um governo que não consegue controlar suas contas internas e vê suas receitas ainda reduzidas por conta da baixa produção e consequente redução dos impostos, mas que, mesmo assim, avança com unhas e dentes no bolso dos cidadãos e das empresas para geração extra de receitas e garantia da sobrevivência. Certamente, existem ainda outras crises que não foram citadas e que estão ocorrendo neste sofrido ano de 2015 (e olha que os numerólogos e cabalistas de plantão poderiam associar este ano com o número 8, símbolo de prosperidade!).
As questões que devemos discutir para as situações colocadas, além de buscar as saídas, seria entender por que elas ocorreram. A primeira foi fácil, bastou despachar o Sr. Scolari para a China, mas e as outras? Por que os custos de energia aumentaram? Seria somente por esvaziamento dos lagos? Será que se não houvesse a crise na indústria com redução de produção teríamos energia para suprir a demanda em tempos “normais”? Por que as grandes e tradicionais indústrias estariam se preocupando em executar pequenos projetos, tradicionalmente “tocados” por empresas médias ou mesmo por seus representantes? Por que o nível de nossas escolas é cada vez pior e, da mesma forma, os profissionais que entram no mercado? Por que nossa legislação trabalhista continua engessada e estúpida? Por que a ética estaria sendo abandonada na relação tomador/prestador de serviço? Nosso parque industrial estaria recebendo os investimentos necessários? Haveria crédito justo e aplicável para estes novos investimentos? Em que etapa estaríamos em cada uma destas crises? Será que aproveitamos os momentos de “baixa” para treinar as equipes e mesmo reestruturar nossas empresas? Ou somente nos preocupamos em cortar custos da forma mais simples possível, ou demitindo pessoas preparadas e treinadas?
Tudo isso nos leva ao necessário debate de conceitos, de ideias e de soluções. O desânimo e a letargia são a crise que não podemos ter. Se esperarmos de braços cruzados invocando o famoso personagem “Hardi” (“Oh vida, ó azar”), a situação não será boa. Melhor invocar o “leão da montanha” e cada um que escolha sua saída pela direita ou pela esquerda. Mas, por favor, que possamos achar a saída.
Eng. José Starosta
Consultor da revista O Setor Elétrico
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