As lamentáveis recorrências

Por Eng. Jose Starosta

 

O final deste janeiro foi trágico. Janeiro trágico? Já ouvimos certamente antes, “todos os janeiros no Brasil o são”. Como “caçapa cantada”, lembrando o saudoso Joelmir Betting, vivemos mais estes tristes momentos! Seria destino? Alguma bruxaria? Promessas não pagas? De todo aquele enxame de informações permeados por clássicas ou elaboradas bobagens, vivenciamos mais um período de comprovada falta de aplicação da verdadeira engenharia em um tenebroso “mix” de falta de responsabilidade de autoridades públicas e, dependendo do que for apurado, também daquelas privadas. Cita-se ainda o grande volume de informações desencontradas e falsas, como que em uma grande e orquestrada campanha de desinformação, recheado pelo despreparo daqueles que deveriam informar e publicam tudo o que ouviram falar.

No caso específico da tragédia do CT do Flamengo, uma revista semanal informa que “somente um circuito alimentava todos os aparelhos de ar-condicionado de todos os contêineres, o que teria facilitado a propagação das chamas”, ou ainda que “os aparelhos de ar-condicionado passaram a operar “no limite” com o calor das chamas”. Será que algum técnico de conhecimento mediano em instalações teria sido consultado para a execução desta instalação? Será que estas informações são verdadeiras? Como poderia um único circuito elétrico alimentar os diversos aparelhos, por pior que fosse o “pedreirista” (como diz o nosso Barrico) que teria executado o serviço? E se isso fosse verdade, seria razão para facilitar a propagação das chamas? Não bastasse as possíveis bobagens e irresponsabilidades técnicas, as informações que nos chegam dificultam ainda mais o entendimento.

Voltando aos temíveis janeiros do trópico de capricórnio e as centenas de trágicos relatos a eles relacionados. Trata-se do mês que mais chove e também o mais quente desta parte do Brasil, caracterizando assim as situações críticas, de maior solicitação e que, certamente, deveriam ser previstas nos projetos estruturais, de drenagem, dos sistemas de ar-condicionado e das cargas elétricas associadas a estes equipamentos. Ainda, nos casos de instalações elétricas, a “nossa” NBR5410 é clara no que se refere as características das influências externas e os materiais da construção dos ambientes destas instalações. A tragédia de Brumadinho que, apesar de não se relacionar ao nosso campo da eletricidade, possui uma importante analogia com o nosso “mundo elétrico”: a necessidade da monitoração em tempo real das variáveis, sejam elas tensão e corrente ou pressões e outras variáveis hidráulicas. Se estivessem disponíveis na condição citada tudo seria mais fácil de monitorar e concluir sobre o que fazer. Existem ainda outras questões relacionadas a critérios de gestão e fiscalização, dos verdadeiros papéis dos conselhos regionais, das responsabilidades profissionais e relação trabalhista, punição dos verdadeiramente culpados e outras. Isso fica pra depois.

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