Afinal, de quem é a culpa?

Edição 89 – Junho 2013

Por Jobson Modena

Já faz muito tempo que lemos uma série de informações erradas em publicações técnicas. A primeira ideia que vem à mente é a de culpar o jornalista ou o revisor do texto pela “barbárie impressa”, assim, de forma imparcial fomos buscar em vários blogs e sites, tanto pessoais quanto de empresas prestadoras de serviços, e até mesmo de consultores, textos que expressassem seu conhecimento e que supostamente não tivessem passado pelo crivo de pessoas com outra formação acadêmica.

 

 

 

Esta nos pareceu uma forma de medir o nível de informação dos profissionais da área elétrica sem nenhum tipo de contaminação. Dessa forma fizemos uma coletânea dos erros mais frequentes relacionados exclusivamente ao tema “Aterramento em instalações elétricas” e elegemos um “texto vencedor” para podermos comentar as insuficiências que nele mais se destacassem, sempre baseados nas normas da ABNT, informando como essa parte da instalação elétrica residencial deve ser executada. Por motivos óbvios qualquer meio de identificação do texto escolhido será suprimido.

“XPTO Instalações elétricas mostra como verificar a polaridade e substituir uma tomada. O eng. eletricista Levandro Chok que atende pelo Tel. (11) 0000-0001 em todo o país mostra como e porque verificar a polaridade e substituir uma tomada. Os sistemas de fiação residenciais, instalados em casas mais velhas, usam um sistema de dois fios nos circuitos secundários de 110-120 volts(1). Um deles é fase e o outro é neutro. O neutro também pode servir como fio terra(2) mas, infelizmente, em geral não serve. Quando isso acontece, o sistema não está aterrado e a situação é arriscada.Você pode dizer facilmente se os circuitos da sua casa são deste tipo olhando as tomadas. Em tomadas não aterradas há apenas duas aberturas para cada plugue. A fiação moderna exige a instalação de um terceiro condutor. As tomadas usadas neste sistema têm três aberturas(3): duas verticais e uma terceira, redonda, centrada acima ou abaixo delas.Tanto plugues de dois quanto de três pinos podem ser ligados nestas tomadas, mas apenas o de três pinos levará o fio terra ao equipamento elétrico. Além disso, uma das aberturas verticais é diferente em tamanho da outra(4), para que os novos tipos de plugues de dois pinos possam ser ligados em apenas uma direção. Isso garante que o equipamento a ser conectado será polarizado de modo adequado, fase com fase e neutro com neutro. Para um funcionamento adequado e segurança, certifique-se de que todas as tomadas de cada circuito estejam instaladas com condutores individuais(5) que vão para os terminais corretos, para que não haja inversões de polaridade ao longo da linha. Infelizmente, as tomadas nem sempre estão conectadas dessa forma, mesmo em fiações novas instaladas por eletricistas profissionais. Verifique as tomadas com um instrumento pequeno e barato chamado verificador de polaridade, fabricado para este fim e, se houver uma inversão, desligue o circuito, tire a tomada da caixa elétrica e mude os fios para os terminais adequados. Se o circuito de aterramento estiver aberto (descontínuo), percorra o circuito com um verificador de continuidade até encontrar a desconexão ou a ligação que falta(6);

 

O Setor Elétrico / Junho de 2013

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Há tantos erros e não conformidades técnicas com as normas de produtos e de instalações elétricas no texto apresentado que seria mais fácil enumerar as coisas certas no mesmo, mas ainda as estamos procurando.

O foco do texto, no entanto, é comentar apenas as informações incorretas relacionadas ao tema aterramento elétrico:

(1)                 Há uma quantidade enorme de tensões de distribuição que podem variar de acordo com a região, assim, sem considerarmos as variações da rede, as tensões residenciais monofásicas padrão de alimentação podem variar de 110 V a 220 V, passando por 115 V e 127 V, sendo a maneira como é executado o aterramento do secundário do transformador de distribuição um dos fatores determinantes;

(2)                 O condutor neutro não poderá servir de condutor PE após o quadro de distribuição principal, comumente conhecido como quadro de entrada da residência, segundo a ABNT NBR 5410. Para esses casos a norma determina que o esquema TN-C (com condutor PEN – Neutro aterrado) seja utilizado apenas na distribuição e este seja seguido pelo esquema TN-S (onde os condutores Neutro e PE seguem separados) a partir do QDP mencionado;

(3)                 Após vistoria em diversos locais notou-se que mesmo possuindo tomada com três aberturas havia apenas dois condutores (fase/ neutro ou fase/fase) conectados, portanto, não podemos apenas confiar em uma simples inspeção visual na parte frontal da tomada. A forma de realização desta verificação está definida no Capítulo 7 da ABNT NBR 5410;

(4)                 A ABNT NBR 14136 determina a configuração dos plugues e tomadas a serem utilizados em uma instalação elétrica residencial e certamente não há “aberturas ou pinos chatos”, tão pouco de diferentes dimensões nesses equipamentos;

(5)                 Desde que os condutores de Fase, Neutro e PE (caso específico deste texto) e os dispositivos de proteção estejam devidamente dimensionados, a ABNT NBR 5410 garante a instalação de mais de uma tomada de uso geral por circuito;

 

(6)                 O correto procedimento para verificação da continuidade do condutor PE está descrito no Capítulo 7 da ABNT NBR 5410;

Tendo como referência o “texto campeão” pudemos notar que é sempre mais fácil atribuir a culpa a outras pessoas por textos mal escritos ou revisados, porém, há que se ter um mínimo de bom senso e conhecimento ao fazê-lo.

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