Edição 115 – Agosto de 2015
Por Michel Epelbaum
E “cruzamos o Cabo da Boa Esperança” do ano de 2015, querendo encontrar a Boa Esperança. Caminhamos para o final deste ano difícil, trabalhamos para pagar os impostos (até maio, de acordo com o www.impostometro.com.br) e os aumentos da conta de energia. Já virada a página de mais um vexame da seleção na Copa América (rumo ao próximo?), as capas das revistas semanais estampam as operações anticorrupção, seus desdobramentos políticos e um cada vez mais possível “impeachment” da “presidenta”.
Somente a revista Isto É Dinheiro se diferenciou: “Os novos empreendedores da Energia”, em momento oportuno. Navegamos em direção à Conferência sobre o Aquecimento Global (COP21, Paris, novembro), com apenas 39 países divulgando oficialmente suas metas de redução de emissões (por exemplo, Europa, EUA, Rússia e Canadá, mas não o Japão, China e Austrália). E a presidenta Dilma apresentou em sua viagem aos EUA as fracas ações brasileiras, envoltas em marketing e pedaladas: cumprir a lei sobre o “desmatamento zero” somente em 2030 e atingir de 28% a 33% de fontes renováveis na matriz energética – o que já ocorreu em 2012, mas piorou. Sobre este último assunto, a reportagem da revista Isto É Dinheiro assinala que mais de 80% dos investimentos previstos no Brasil para a geração de energia até 2040 serão para as fontes renováveis (www.istoedinheiro.com.br).
Destaco ainda alguns dados do relatório da Agência Internacional de Energia – Energy and Climate Change 2015 (www.iea.org):
– Eliminação progressiva de subsídios aos combustíveis fósseis até 2030;
– Redução das emissões de metano na produção de petróleo e gás. Sobre as energias renováveis, cito ainda outro relatório recente, o REN21 2015 (www.ren21.net):
– Houve crescimento em capacidade e geração em 2014, atingindo no final do ano 27,7% da capacidade mundial de geração, suprindo 22,8% da eletricidade, devido às políticas de suporte às energias renováveis e sua viabilidade econômica crescente, dentre outros fatores;
– As energias eólica, solar fotovoltaica e hidrelétrica dominaram o mercado. A produção de biocombustíveis para transporte aumentou pelo segundo ano consecutivo, após a queda de 2011–2012;
– Austrália, Europa, Japão e América do Norte tiveram crescimento significativo de residências com produção própria de eletricidade. Grandes organizações ao redor do mundo assumiram compromissos substanciais em 2014 para compra de eletricidade renovável ou para investir em auto geração.
Vale comentar o “golaço” do papa argentino com o lançamento da histórica encíclica sobre o meio ambiente e sua destruição, somando o componente moral à gestão da sustentabilidade.
A energia (destacando as renováveis) está efetivamente no centro do equacionamento da questão ambiental, e receberá atenção, investimentos e inovações, em oposição às restrições para os combustíveis fósseis. Uma luz de esperança “deste lado do Cabo” em 2015.