A energia e a cidade: São Paulo pelas lentes de Guilherme Gaensly

Um dos acervos mais emblemáticos da Fundação Energia e Saneamento são as fotografias  de autoria de Guilherme Gaensly. As lentes atentas  de Gaensly captaram, além da paisagem urbana, a trama complexa da cidade de São Paulo no início do século XX.

Gaensly nasceu na Suíça, em 1843. Aos cinco anos de idade, emigrou com a família para Salvador (BA). Nessa cidade, cresceu e estudou. Na década de 1870, iniciou o ofício de fotógrafo, primeiramente,  como assistente, e depois, como fotógrafo, em seu próprio estúdio, em sociedade com Rodolpho Lindemann – o estúdio Gaensly & Lindemann. Em 1894, se mudou para São Paulo, estabelecendo o seu estúdio, ainda em parceira com Lindemann, na Rua XV de Novembro. Em fins de 1899 e início de 1900, terminou a sociedade e iniciou trabalho  como um dos fotógrafos  oficiais da The São Paulo Tramway Light and Power Company Ltd, empresa responsável pela instalação  dos serviços de infraestrutura urbana,  como serviços de telefonia, gás, transporte  e energia elétrica. No período em que atuou na Light (de 1900 a 1925), registrou em suas imagens as obras e os serviços da empresa, com a finalidade  de documentá- los nos relatórios  anuais, uma forma de prestação  de contas da empresa canadense com sua sede e com os órgãos oficiais.

No início do século XX, impulsionada pelo capital oriundo  da economia cafeeira, a cidade de São Paulo viveu a sua Belle Époque. Nesse contexto,  ocorreu o desenvolvimento  urbano  da capital paulista, com a emergência de uma elite (marcada pelo estilo de vida urbano burguês); a disponibilidade  de mão de obra, em razão do volume de imigrantes que chegaram  à cidade a partir das últimas décadas do XIX; a utilização  da energia elétrica (a inauguração  da Usina de Parnaíba,  primeira hidrelétrica da Light no País, ocorreu em 1901); e com a rede ferroviária  ligando  o interior  do Estado ao Porto de Santos.

Ao desenvolver  o trabalho  de documentação  fotográfica  para a Light, Gaensly acabou por realizar uma extensa e vasta memória visual de São Paulo, extremamente  significativa  do ponto de vista da preservação da memória urbana,  arquitetônica  e cultural  da capital paulista. Embora a cidade tenha sido coadjuvante  nessas fotografias, como a história  da energia em São Paulo se confunde  com a própria história da cidade, o fotógrafo  acabou por captar  um espírito de modernidade  paulista, registrando a imponência  dos novos edifícios de arquitetura  eclética, os equipamentos públicos e as obras de infraestrutura urbana,  além da velocidade e o fluxo acelerado.

Mas por que falar de fotografia? Durante muito tempo, houve o domínio do documento  manuscrito como fonte histórica, mas essa dinâmica  mudou e a história  passou a contar  com outras fontes documentais,  expandindo  a própria percepção de arquivo e de acervo. Nesse contexto,  as fotos são utilizadas  cada vez mais como documentos  históricos, testemunhos  de determinada  época e cultura. Ao serem analisadas  em conjunto com as demais fontes históricas, permite novas possibilidades de interpretação da realidade ali retratada,  recuperando micro-histórias  presentes nas imagens e a História do Cotidiano.

A cidade de São Paulo não teve, historicamente,  um projeto institucional de documentação  fotográfica de suas transformações  ao longo do tempo, com rigor, critério e metodologia.  Muito do que temos em nosso imaginário sobre São Paulo nas décadas de 1910 e 1920 foi formado a partir das fotos de Gaensly, que são amplamente  conhecidas por sua qualidade  técnica e estética, além de terem sido replicadas em diversos materiais, como álbuns, publicações e cartões postais. Como não poderia deixar de ser, ele se tornou  uma das grandes fontes para pesquisa sobre a história  imagética de São Paulo.

A Fundação Energia e Saneamento possui o maior acervo conhecido de Guilherme Gaensly, com 781 imagens entre assinadas  e atribuídas, já digitalizadas  e disponíveis para consulta no site.


Os pesquisadores e interessados em acessar esse ou outros conteúdos históricos podem realizar agendamento  gratuito na Fundação Energia e Saneamento  por e-mail ou através de um dos telefones.

E-mail: [email protected]

Tel.: 11 3395-5508 e 11 3224-1489.


*Danieli Giovanini é historiadora e analista do Núcleo de Documentação e Pesquisa da Fundação Energia e Saneamento.


Site: energiaesaneamento.org.br

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