Quando as nossas redes serão realmente “smart”?

Edição 114 – Julho de 2015
Por José Starosta

Na carona da última edição da Conferência Brasileira sobre Qualidade da Energia Elétrica (CBQEE), realizada na simpática e progressista Campina Grande (PB) pela Universidade Federal de Campina Grande e promovida pela SBQEE, o “smart grid” foi abordado no minicurso em dia anterior à conferência pelo eminente professor Paulo Ribeiro (agora finalmente repatriado). O tema foi discutido pelos presentes sob as diversas óticas de desenvolvimento, tecnologias, aplicações, regulações e projeções futuras. Foi uma boa oportunidade para discussão do assunto, que já vem sendo discutido nos sucessivos “Fóruns anuais Latino-Americanos”, que neste ano está em sua oitava edição, a ser realizada em São Paulo (novembro), além de outros grandes eventos.

Este novo modelo de concepção e operação de sistemas elétricos é caracterizado pela integração de novas fontes de energia, sistemas de distribuição, equipamentos, instrumentos e sistemas de comunicação. É uma grande oportunidade para redução de custos e aumento de eficiência sob todas as formas, conforme avançam as tecnologias. Umas das primeiras conclusões do professor Paulo foi de que a terminologia adotada “smart” não teria ainda atingido este status que a diferenciaria dos processos convencionais. Não há contestação para o fato de que muito tem de ser feito. Os modelos e processos deverão ser “smarter” a cada passo dado, trazendo desafios constantes a todos os envolvidos.

As distribuidoras de energia já fazem uso de recursos disponíveis neste âmbito, como os religadores de circuitos e medidores de energia (incluindo os bidirecionais para usos em sistemas foto voltaicos) interligados a sistemas de comunicação. Algumas destas vantagens foram apresentadas semanas antes da CBQEE pelo presidente da Celesc, Cleverson Siewert, quando da realização do CINASE em Joinville, que mencionou também, em seu inflamado discurso, outros valores agregados, como a informação aos consumidores sobre as eventuais anomalias no suprimento de energia e informações sobre a normalização do fornecimento, além do aumento dos indicadores de qualidade de serviço e outras aplicações.

Outras práticas a serem implantadas deverão considerar a integração da geração localizada (como a fotovoltaica) ou a integração da automação das instalações destes consumidores a tarifas diferenciadas e mesmo rejeição de cargas em horários específicos. Trata-se de um rol de possibilidades para a integração e uso destas redes que buscarão suas inteligências conforme as oportunidades que venham a surgir. As vantagens vislumbradas em curto prazo em nosso mundo de instalações elétricas e integração com as distribuidoras são efetivamente interessantes e importantes. Vale a pena lembrar que, há mais de 20 anos, as distribuidoras fornecem o “pulso de demanda” por meio de acoplamento ótico para serem enviados aos sistemas de controle de demanda dos consumidores. Alguns outros pontos poderiam ser (uns facilmente, outros nem tanto) implantados:

  • Acesso remoto aos registros dos medidores pelos consumidores com protocolos, linguagens e programas padronizados, incluindo aí informações sobre a memória de massa, notadamente no caso de haver alguma cobrança que seja objeto de contestação ou pelo menos que mereça pesquisa;
  • Ampliação dos “pulsos” pelas distribuidoras sinalizando outros períodos de alarme ou mesmo como oportunidade para rejeição de carga em função de tarifação diferenciada;
  • Acesso pelas distribuidoras de informações dos consumidores como registros das variáveis elétricas, incluindo informações sobre a demanda instantânea ou a qualidade da energia não disponíveis nos medidores de tarifação. Além disso, integração das informações destes medidores dos consumidores para investigação de defeitos na rede de distribuição e mesmo conhecimento do perfil de carga de conjunto de consumidores;
  • Compartilhamento de instrumentação incluindo TCs e TPs entre concessionárias/distribuidoras e consumidores com significativa redução de custos de implantação.

Além das expectativas técnicas, a preocupação passa a ser o desenvolvimento de mecanismos e regulamentações que permitam que cada oportunidade seja realmente explorada pelos interessados. A velocidade do desenvolvimento tecnológico e a oferta de novos componentes é muito maior do que o desenvolvimento dos mecanismos pelos setores reguladores e poder concedente que permitam o uso efetivo destas tecnologias, causando impaciência e frustração.

Em recente projeto que tentamos desenvolver junto a uma importante distribuidora, a resposta foi simplesmente: “NÃO, a regulamentação não permite”.

Contudo, não perderemos a esperança, afinal somos brasileiros!

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