O que muda na condução da descarga atmosférica até o solo?

Edição 117 – Outubro de 2015
Espaço 5419
Por José Barbosa de Oliveira*

Ao captar a descarga atmosférica, precisamos tratá-la adequadamente, conduzindo-a até o solo com segurança. O subsistema de descida é o responsável por essa função. As exigências estabelecidas pela ABNT NBR 5419-3 para esse subsistema visam controlar os níveis de tensão gerados ao longo da estrutura na condução das descargas. Também poderão contribuir com o subsistema de captação, captando as descargas laterais que poderão atingir lateralmente a estrutura. 

A nova ABNT NBR 5419 alterou sensivelmente o subsistema de descidas, aumentando as quantidades necessárias para atender ao mesmo nível de proteção da versão anterior. A principal mudança foi no espaçamento médio entre os condutores de descidas. Conforme a Tabela 1, as distâncias foram reduzidas em relação à versão anterior, fazendo o número de descidas aumentar.

Tabela 1 – Espaçamentos médios dos condutores de descidas

Além dos espaçamentos, uma mudança que causará impacto é a tolerância máxima nos espaçamentos da Tabela 1. A ABNT NBR 5419:2015 não permite que a distância entre os condutores de descidas seja maior do que 20% dos valores da Tabela 1. Ou seja, os valores da tabela não são máximos, mas médios. Tomemos como exemplo o nível 1. Se somarmos os valores de todos os espaçamentos e dividirmos pela quantidade de espaçamentos, o resultado dessa operação não poderá ser maior do que 10. Logo, alguns espaçamentos poderão ser maiores que 10 e outros deverão ser menores que 10 para que o valor médio se mantenha. Mas os valores maiores têm um limite. No nosso exemplo esse valor seria 12 (20% acima de 10).

O subsistema de descida não é composto somente pelos condutores verticais. Ele também recebe condutores na horizontal, anéis intermediários de interligação. Esses anéis desempenham a função principal de redistribuir a corrente das descargas atmosféricas, reduzindo os potenciais gerados e, eventualmente, para estruturas acima de 60 m, complementar a função da captação relacionada às descargas laterais. Esses anéis tinham um espaçamento fixo na versão anterior da norma de 20 metros. Agora, esses valores variam de acordo com o nível de proteção. A distância máxima entre os anéis, sendo o primeiro o do aterramento, não poderá ultrapassar os valores estabelecidos na Tabela 1. Isso mesmo, as distâncias entre os anéis intermediários, agora, são as mesmas utilizadas para os condutores de descida.

Outras mudanças relacionadas aos condutores de descida:

– A retirada da obrigatoriedade de proteção mecânica (eletroduto de pvc ou metálico) dos cabos de descidas até 2,5 metros do nível do solo, para todos os casos;

– O espaçamento da fixação dos condutores;

– Uma alteração importante que dá liberdade ao projetista foi a retirada das distâncias fixas nos afastamentos das descidas para as aberturas (portas, janelas etc.) e para as tubulações de gás. Nessa nova versão, as distâncias devem ser calculadas utilizando o conceito da distância de segurança(s);

– Foi suprimido do texto o item que obrigava a necessidade de descidas internas para todas as estruturas com largura superior a 40 m. Essa necessidade deverá ser verificada também pela utilização do conceito de distância de segurança.

Apesar de todas essas mudanças, várias exigências se mantiveram, tais como:

– A preferência de instalação dos condutores de descida nas quinas;

– A proibição de emendas nos cabos dos condutores de descida; e

– A necessidade de um conector de ensaio, no qual é realizada a desconexão dos subsistemas de captação e descida em relação ao subsistema de aterramento, para possibilitar o ensaio de continuidade elétrica dele.

Todas as alterações são aplicadas somente ao SPDA convencional, aquele que não utiliza as armaduras de aço da estrutura com elemento natural de descida. No caso do SPDA utilizando as armaduras como elemento natural, em que se garante a continuidade elétrica dos diversos elementos que compõem a armadura de aço da estrutura para utilizá-los como condutores naturais de descida, não houve alterações em relação à versão anterior. Deve ser salientada a orientação da nova norma em se dar preferência pelo SPDA, utilizando as armaduras contínuas em relação ao SPDA convencional.

Quem pratica essa orientação desde a versão de 2005 terá poucas alterações a considerar em termos de adequação à nova norma quando o assunto estiver ligado aos condutores de descidas.


*José Barbosa de Oliveira é engenheiro eletricista e membro da comissão de estudos CE 03:64.10, do CB-3 da ABNT.

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