Novas normas IEC para proteção contra raios (Parte II)

Ed.58 – Novembro de 2010

Por Jobson Modena

Na coluna anterior, começamos a falar sobre a 74ª reunião geral anual da International Electrotecnical Comission (IEC), que aconteceu em outubro, nos Estados Unidos.

A reunião foi muito importante, considerando principalmente que a ABNT NBR 5419:2005 está em revisão aqui no Brasil. Continuamos então, nesta coluna, com o resumo dos trabalhos realizados na ocasião.

No MT-9, com participação do MT-8, discutiu-se o assunto “análise de risco”, que ainda é pouco difundido no Brasil e tem seu similar bastante simplificado no anexo B da ABNT NBR 5419:2005.

Foram discutidos novos níveis de proteção contra raios, a melhoria dos valores para fator de perda “L” com base em dados estatísticos. Definiu-se que a inclusão do assunto “detectores de tempestades” para redução dos riscos será adiada para a revisão de 2016 da IEC, houve revisão no Anexo A (fórmula para avaliação da área equivalente para descarga na ou perto da estrutura e na ou perto da linha conectada à estrutura, especialmente para estruturas com pouca altura) e houve melhoria nos fluxogramas visando melhor detalhar a consideração de componentes individuais nos resultados finais. Tratados ainda, de forma mais consistente, os estudos que consideram os efeitos das medidas de proteção contra incêndio na redução de riscos e os métodos de análise de risco para situações especiais (altas densidades de descargas, estruturas altas, estruturas sensíveis, etc.), os conceitos de zoneamento em relação à perda de vidas humanas e de perda econômica.

Especificamente para o MT-8, foi discutida a implementação de novos parâmetros de distribuição da corrente da descarga atmosférica, o posicionamento do subsistema de captação para diferentes condições de estruturas, a reafirmação da efetividade dos ensaios de continuidade das armaduras de concreto para sua utilização como componente natural do SPDA, as dimensões para eletrodos de aterramento, o estudo de SPDA com componentes isolados e a revisão do capítulo que trata do assunto coberturas verdes.

Itens discutidos no grupo de trabalho WG 11:

Parte 1: componentes de conexão de SPDA, principalmente com relação aos ensaios estáticos para determinação da resistência mecânica dos componentes;
Parte 4: referente aos fixadores dos condutores do SPDA onde foi votada a inclusão de novos materiais para esses elementos;
Parte 5: analisaram-se proposições e questionamentos sobre a real necessidade e quais seriam os requisitos necessários para utilização das caixas de inspeção em um eletrodo de aterramento.

Impressões e comentários

 

Para o secretário da comissão de estudos que revisa a ABNT NBR 5419, Dr. Hélio Sueta:

“As reuniões dos Maintenace Team do TC 81 em Seattle foram importantes para definição de futuros trabalhos, pois as quatro partes da norma IEC 62305 serão votadas em breve e espera-se que sejam publicadas no início de 2011. Foi verificado que os assuntos das diversas partes estão sempre em evolução e que há, ainda, muito trabalho a ser realizado. No meu ponto de vista, a norma vai se tornando cada vez mais científica (incluindo cálculos e até equações para simulações computacionais), incluindo os resultados de diversas pesquisas realizadas em vários países, cujos resultados são apresentados inicialmente nos principais congressos da área (ICLP – International Conference on Lightning Protection e Sipda – Simpósio Internacional de Proteção contra Descargas Atmosféricas). Nestas reuniões, tivemos a oportunidade de conversar com diversos especialistas no assunto e entender melhor o processo de normalização realizado no âmbito da IEC. Verificamos que o que prevemos para o Brasil quando for publicar a nossa versão das quatro partes da IEC aconteceu em diversos países, ou seja, no início uma verdadeira revolução, mas acompanhada de um salto substancial de informações e verificações científicas no assunto. Basta ver que a versão de 2005 da norma brasileira (NBR 5419), que está sendo revisada, tem 42 páginas. Os projetos de norma da IEC que foram analisados em Seattle possuem, somente na versão em inglês, parte 1, 67 páginas; parte 2, 84 páginas; parte 3, 155 páginas e parte 4, 87 páginas, totalizando 393 páginas, ou seja, mais de nove vezes a quantidade de páginas da atual norma brasileira. As quatro partes da norma são bastante completas e tratam o assunto de forma mais geral não somente verificando a proteção da estrutura, mas também dos equipamentos e pessoas dentro dela. Tivemos um conhecimento melhor da futura IEC 62561 que está sendo desenvolvida em oito partes e que define como devem ser os componentes do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e quais ensaios devem ser realizados”.

Analisamos ainda a participação brasileira neste evento sob dois aspectos:

– No que concerne à imersão em um ambiente focado e tecnicamente muito bem preparado, em que as divergências técnicas são tratadas de forma construtiva e instigante. Apesar de membro “O” (de observador apenas), foi dada ao Brasil a oportunidade de se manifestar em várias votações e influenciar nas decisões tomadas.

– Sob o ponto de vista técnico, a NBR 5419 foi submetida a uma grande mudança quando da revisão publicada em 1993, mas, dado o avanço da tecnologia mundial, entendemos que o salto será muito maior e que os distúrbios causados pela publicação da revisão no texto atual (2005) serão acompanhados por uma não menor resistência às mudanças recomendadas. Entretanto, para aumentar a qualidade técnica dos projetos, das instalações e da preservação do sistema de proteção contra descargas atmosféricas, com consequente melhoria da segurança pessoal e funcional, há que se passar por esse turbulento período de adaptação.

Em conversa com vários especialistas de outros países para entender melhor o mecanismo de implantação dos conceitos mais abrangentes da primeira edição da IEC 62305 em seus respectivos países, pudemos perceber que a experiência de todos não foi diferente daquela que estamos prevendo para o Brasil. Porém, após quase cinco anos dessa publicação (2006), os resultados têm sido positivos e ascendentes.

Concluindo, após a participação nas reuniões dos MTs, é de nossa opinião que, conceitualmente, não ocorreram grandes alterações de conteúdo na IEC 62305 a ser publicada em 2011, mas sim um aprofundamento dos temas. Determinados assuntos foram mais bem analisados, definições e metodologias que possibilitam a obtenção de uma proteção mais abrangente e eficaz foram melhoradas.

Já para a IEC 62561, há uma série de inovações e especificações que poderão ser acrescentadas nessa revisão/confecção que deverá ser publicada apenas em 2012. Há muito material com conceitos inovadores sendo propostos e ainda em análise pelo Working Group 11, mas que já devem começar a ser considerados pela nossa comissão de estudos na revisão atual da NBR 5419.

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