Mudança de tarifa, dança dos clientes

Edição 84 – Janeiro 2013

Não é de hoje que muitos comerciantes e investidores de outras atividades buscam tarifas mais baixas de forma a reduzir seus custos.

 

Agora, com a queda de 30% para os clientes de média tensão certamente vai se abrir uma nova “corrida do ouro” com uma grande procura por um novo posicionamento de unidades consumidoras nas concessionárias de distribuição de energia no setor de média tensão.

Enquanto desfrutam do decréscimo de quase 20% para as unidades consumidoras de baixa tensão, dará tempo de desenvolver projetos e planejar a migração. As regras para esta mudança são praticamente as mesmas em todo o território nacional e basicamente o que se requer é que o cliente tenha carga instalada superior a 50 kW.

Como de forma geral, as concessionárias nem ao menos se preocupam em avaliar projetos, basta que se resolva a equação econômica desta migração, ou seja, quanto será gasto e em quanto tempo poderá ser recuperado o investimento considerando os 10% que se vai ganhar a cada mês.

Conseguir espaço para a subestação pode ser um problema em alguns casos, mas, conforme já discutimos anteriormente, as concessionárias não analisam projetos nem visitam o local e, portanto, muitos absurdos têm sido construídos nas padarias e nos mercados de bairros nas cidades deste país enorme para abrigar os equipamentos necessários. Às vezes estes equipamentos da subestação disputam espaço com gerador a diesel e o próprio tanque de estocagem do combustível!

E o melhor ainda está por vir: por que desligar o antigo padrão de baixa tensão? Se a concessionária não avalia projeto e não visita as instalações consumidoras pode ser feito um bom arranjo para a opção de tarifa verde. Este arranjo é simples: no horário de ponta, para viabilizar a tarifa verde nem precisa usar gerador a diesel, basta comutar a alimentação para o padrão de baixa tensão. A carga não será um problema, pois, de fato, ela não mudou, tendo sido feito apenas uma declaração de carga que justificou a mudança da tensão de atendimento.

Seria bom que os consultores explicassem também os riscos e as novas responsabilidades, pois sendo clientes de média tensão, toda a manutenção fica mais complexa, tem de ser controlado o fator de potência e, em caso de queima do transformador ou de qualquer outro equipamento de média tensão, caberá ao próprio cliente efetuar o devido reparo e/ou substituição.

No entanto, o mais provável é que isso fique mesmo para uma nova etapa da “consultoria”!

Assim, seria muito interessante se as concessionárias se antecipassem e buscassem esclarecer aos seus potenciais clientes para esta mudança os riscos e as obrigações do novo status de clientes de média tensão.

Selecionar isso é muito fácil para as empresas minimamente organizadas, já que basta buscar os ramos de negócio potenciais e considerar a média de consumo mensal. 

Esta posição proativa pouco comum nos ramos monopolistas (prospectar clientes, a não ser para enviar a fatura, não é o ponto forte de concessionárias de serviços públicos) evitaria muita gambiarra e investimentos errados. 

Outra preocupação com a recente mudança de tarifas é esclarecer a população leiga que, a despeito desta sinalização de diminuição do valor da tarifa, o momento exige moderação no consumo como contribuição para evitar o agravamento de eventuais problemas que aumentos súbitos de consumo podem trazer e considerando também contribuir positivamente para o meio ambiente, já que as usinas térmicas estão trabalhando a plena carga. Tal moderação, inclusive, potencializa a economia projetada e pode dar a estes clientes ainda mais fôlego no orçamento.

Engana-se quem pensa que as concessionárias perdem com consumo menor, pois elas são remuneradas pelo total de ativos disponibilizados para o pleno atendimento de sua área de serviço e pelos custos operacionais envolvidos. Na verdade, consumo menor pode resultar em aumento de tarifa de cada kWh no futuro. Mas esta aparente dicotomia vai ser assunto para outro dia.

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