Inspeção em linhas de média e alta tensão

Edição 85 – Fevereiro 2013

 Aula Prática

Otimização do processo com o desenvolvimento de um software de cadastro das inspeções para smartphone

Com a crescente busca por melhoria contínua dos indicadores de qualidade de energia, é imprescindível que as concessionárias tendam a melhorar seus indicadores de qualidade de energia. E para que isso ocorra, além de muitos outros processos, é necessário aperfeiçoar o processo da manutenção da rede como um todo e, neste trabalho, atuaremos no processo de inspeção, onde é verificado, identificado, registrado e corrigido possíveis defeitos no sistema elétrico de forma preditiva e preventiva.

O Plano Anual de Inspeção do sistema distribuição da Coelce nas linhas de alta tensão, linhas de média tensão e equipamentos das subestações de distribuição é programado e executado pelas áreas responsáveis, a fim de prevenir que a deterioração dos equipamentos do sistema de distribuição, assim como possíveis elementos externos possam afetar a continuidade do fornecimento de energia elétrica a seus consumidores.

Para a execução da inspeção em campo o inspetor utilizava um equipamento GPS, uma máquina fotográfica, formulários impressos e as ordens de serviço. A dificuldade de manuseio dos equipamentos evitava que a inspeção fosse realizada de maneira ágil, além de dificultar a descrição de defeitos encontrados e, por conseguinte, sua correção.

Com o avanço da tecnologia e a crescente preocupação com o meio ambiente, nasceu a proposta de otimizar o processo de inspeção, evitando o uso de papel e essa grande quantidade de equipamentos que era levado à campo para realizá-la. Dessa forma, foi desenvolvido o software “Inspeção Móbile” para melhorar a execução da inspeção em campo e a inserção de dados no sistema GOM.

 

Desenvolvimento 

Visando ao cumprimento das exigências regulamentares, especialmente as que se relacionam com a segurança das pessoas e o meio ambiente, a Coelce possui diretrizes e critérios técnicos que estabelecem regras e procedimentos para o planejamento e controle da manutenção de linhas de alta, média, baixa tensão e subestações de distribuição. Dentro das diretrizes são especificados e detalhados os tipos de manutenção, bem como sua frequência e classe de impacto. Nesse trabalho, vamos nos ater a dois tipos de manutenção específicos, revisar ou inspecionar, além de adequar ou corrigir. 

Revisar ou inspecionar é a manutenção realizada nas instalações para verificar se seu estado oferece as garantias necessárias para a continuidade de fornecimento em condições de segurança e sem afetar o meio ambiente.

Adequar ou corrigir é a manutenção realizada nas instalações para recuperar suas condições normais de funcionamento, melhorar sua funcionalidade deteriorada pelo envelhecimento e agressão de elementos externos, incorporarem modificações de caráter técnico e melhorias para a prevenção de riscos ao meio ambiente.

Dentro das normas internas da Coelce, temos as instruções de trabalho que definem a padronização da gestão do processo de manutenção, tais como:

  • Gestão de Obras e Manutenção (GOM): Módulo do sistema corporativo que gerencia a manutenção e obras do sistema elétrico das empresas do grupo Endesa Brasil;
  • Ordem de Trabalho (OT): Formulário eletrônico preenchido no módulo GOM, para a aquisição de serviços em linhas de distribuição de alta, média e baixa tensão e subestações de distribuição;
  • Plano Anual de Inspeções (PAI): Plano anual que define e programação das inspeções em equipamentos e instalações do sistema elétrico da Coelce, informando a semana em que ocorrerão as inspeções, o tipo de inspeção e o órgão executor.

 

Dessa forma, o acompanhamento da execução do Plano Anual de Inspeções e o acompanhamento das correções dos defeitos encontrados a partir deste plano tendem a ser minuciosamente controladas, pois afetam diretamente o custo para a empresa e seu retorno será percebido na qualidade do fornecimento.

Contudo, como o processo de inspeção era realizado de maneira manual, a possibilidade de erros na indicação da localização do defeito e, principalmente, da descrição do defeito era bastante alta, já que os inspetores realizavam seu trabalho escrevendo o que fosse necessário em formulários impressos e, ao chegar ao escritório, o inspetor ou outro colaborador da área deveria transcrever os formulários em planilhas e ingressar os defeitos no sistema GOM para gerar uma ou mais ordens de serviço para correção dos defeitos.

O principal problema estava na associação do defeito descrito pelo inspetor com uma tabela de defeitos existente no sistema GOM com mais de 500 códigos.

Com este cenário, foi desenvolvido um software para smartphone que possui as seguintes configurações mínimas: GPS integrado, câmera fotográfica e máquina virtual Java. O “Inspeção Mobile®” comunica-se diretamente com o sistema GOM pela internet. No entanto, a inspeção é realizada de maneira off-line, sendo necessário conectar à GOM somente nos seguintes casos: sincronizar toda a lista de defeitos com seus códigos e descrições, baixar as OTs disponíveis para o inspetor e enviar as OTs executadas para o sistema GOM.

 

Então, basicamente, tínhamos um processo da seguinte maneira:

 

Figura1

Figura 1 – Fluxo de dados antes do projeto.

Com a aplicação deste projeto, eliminamos o uso de papel, da câmera fotográfica e do GPS, além da dispendiosa tarefa de digitar vários formulários em um computador para ingressar a inspeção no sistema GOM, ficando então o processo da seguinte maneira:

 

Figura 2

Figura 2 – Novo fluxo de dados.

 

Para mostrar a facilidade em realizar uma inspeção com o novo sistema, seguem algumas imagens do sistema em funcionamento:

 

 

Figura 3 - Carregando o sistema

Figura 3 – Carregando o sistema.

 

 

Figura 4 – Tela inicial sem inspeções

Figura 4 – Tela inicial sem inspeções.

 

Figura 5 – Menu principal

Figura 5 – Menu principal.

 

Ao inicializar o sistema, ele carrega a lista de defeitos na memória para facilitar o cadastro das anomalias pelo inspetor no sistema.

 

Figura 6 – Identificação do inspetor

Figura 6 – Identificação do inspetor.

 

Figura 7 - Baixando as inspeções

Figura 7 – Baixando as inspeções.

 

 

Figura 8 - Tela principal com inspeções.

 

A partir desse momento, o inspetor já está com as inspeções no smartphone para iniciar sua execução, bastando para isso selecionar a OT que deseja executar, acessar o menu principal e clicar em “Executar OT de inspeção”. A partir desse momento, o software começa a registrar as coordenadas GPS do trajeto do inspetor para posterior análise da qualidade de inspeção. Seguem imagens da tela de execução da inspeção:

 

Figura 9 - Tela principal de execução

Figura 9 – Tela principal de execução.

 

Figura 10 – Menu de execução

Figura 10 – Menu de execução.

 

Uma vez na tela de execução pode ser feita a gestão dos defeitos encontrados nessa inspeção.

 

Figura 11 – Cadastro de defeito

Figura 11 – Cadastro de defeito.

 

Figura 12 – Categorias de defeito

Figura 12 – Categorias de defeito.

 

Figura 13 – Lista de defeitos

Figura 13 – Lista de defeitos.

 

Para inserir um novo defeito na inspeção, basta preencher os campos da tela anterior, em que os dois principais campos são Categoria e Defeito. Além disso, o inspetor irá apenas selecionar uma das opções disponíveis e como o campo está organizado por categoria torna fácil a tarefa de encontrar o defeito desejado.

Com esse novo processo de inspeção, resolveu-se também a questão da medição da qualidade da inspeção, isto é, como saber se o inspetor percorreu toda a instalação e quanto tempo ele realmente levou para fazê-la.

Então, durante a execução da inspeção, é realizada a coleta de coordenadas geográficas de todo o percurso do inspetor, possibilitando, então, plotar esse trajeto no Google Earth, conforme mostra a Figura 14.

 

Figura 14 – Trajeto e defeitos da inspeção

Figura 14 – Trajeto e defeitos da inspeção.

 

Conforme a imagem anterior, foi possível visualizar o caminho do alimentador em rosa, os pontos que o inspetor passou, em amarelo, e os locais em que foi encontrado defeito em vermelho.

 

Conclusões

Com esta ferramenta de fácil manuseio e compreensão por parte dos inspetores tivermos um ganho enorme em produtividade e redução de erros de digitação, além de permitir o cadastramento das coordenadas geográficas dos defeitos encontrados no sistema elétrico, aumentando a agilidade da equipe de manutenção em localizar os defeitos. Foi possível medir a qualidade na execução das inspeções com a coleta de coordenadas geográficas durante a execução da inspeção. No entanto, uma das principais vantagens foi conseguir a diminuição do impacto ambiental ocasionado pelas impressões, que eram cerca de 20.000 ao ano, e que agora ficaram desnecessárias com o uso dessa tecnologia, além da redução de custos no tocante à aquisição do GPS e da máquina fotográfica, os quais já vem integrados ao smartphone.

 

Referências

PEX-068, R-01 (Inspeção em Linhas de Alta Tensão 15 de junho de 2007).

DCT-003, R-01 (Estratégia de Manutenção de Linhas de Média e Baixa Tensão 20 de novembro de 2008).

IT-010, R-02 (Planejamento e Controle da Manutenção de Linhas de Distribuição de Média Tensão 25 de novembro de 2009).

IT-011, R-02 (Planejamento e Controle da Manutenção de Linhas de Distribuição de Alta Tensão 25 de novembro de 2009).

PEX-023, R-07 (Inspeção em Redes de Média e Baixa Tensão 13 de setembro de 2010).

DCT-002, R-02 (Estratégia de Manutenção de Linhas de Alta Tensão e Subestações 07 de novembro de 2011).

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