Grupo dedicado a fotovoltaico é destaque da Fiee

Edição 64 – Maio 2011
Por Luciana Mendonça

Com ilha de exposição voltada à energia solar, intenção é fomentar a indústria do setor e expandir a participação do sistema em rede

No mundo, é notável o crescimento da geração de energia solar a partir dos sistemas fotovoltaicos. Diante deste cenário internacional, o Brasil caminha na contramão, apesar da incidência solar no território do país ser extremamente favorável à adoção do sistema. “Se não nos movimentarmos, perderemos uma imensa janela de oportunidades”. O alerta foi feito pelo diretor do Grupo Setorial de Sistemas Fotovoltaicos da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletroeletrônica (Abinee), Leônidas Andrade, durante o Painel Geração Distribuída – Sistema Fotovoltaico, realizado durante o Abinee TEC, dentro da 26ª edição da Feira Internacional da Indústria Elétrica, Energia e Automação (Fiee).

Segundo Andrade, a indústria do fotovoltaico ainda é incipiente no Brasil, com algumas indústrias iniciando investimentos na produção de equipamentos e insumos para o setor. “O interesse é muito grande, mas não havia entidades para representar este setor em desenvolvimento. Por isso a criação do grupo, para discutir a indústria fotovoltaica como uma das formas de energia que se tornará cada vez mais competitiva no mundo”, esclarece.

Além de colocar o sistema fotovoltaico em pauta, a ideia do grupo é fortalecer a necessidade de que o Brasil precisa ter uma indústria instalada, que gere produtos para suprir a própria demanda nacional, bem como ser tornar exportadora. “Para isso, precisamos da ajuda do governo como acontece em outras partes do mundo”, enfatiza.

Apesar de o país estar atrasado em relação às demais nações neste mercado, Andrade destacou que ainda há tempo para que este segmento se estabeleça no Brasil. “O que queremos é uma política industrial voltada a este setor para que possamos desenvolver todos os elos da cadeia aqui”.

Segundo o diretor da Abinee, há condições para que isso aconteça e a participação das empresas no grupo setorial da entidade comprova essa realidade. “Mesmo com um mercado ainda embrionário, vemos a mobilização de fabricantes de cabos, inversores, baterias, painel solar, até integradores de soluções fotovoltaicas. Contamos, ainda, com a imensa capacidade do Brasil na produção de silício [matéria-prima essencial para a produção da energia solar]”.

Vale lembrar ainda que os sistemas fotovoltaicos são uma forma de produção de eletricidade, atualmente em ascensão. Segundo estudos do Instituto de Energia da Universidade da Califórnia e da Associação das Indústrias Fotovoltaicas Europeias, desde 2003, o índice de expansão dessa indústria ultrapassa 50% ao ano. Esse índice só foi possível em razão da adaptação dos sistemas fotovoltaicos integrados à rede pública convencional de energia, o que no Brasil só poderá ocorrer por meio da adoção do chamado smart grid, isto é, das redes inteligentes que permitem medir com precisão o fornecimento de energia nas suas diversas direções.

Durante a Fiee, 18 empresas desse setor associadas à Abinee apresentaram, em um espaço dedicado à energia solar, seus produtos, desde equipamentos convencionais até novidades para o aproveitamento dessa fonte de energia. Dentre as empresas presentes na Ilha Fotovoltaica, estava a MPX, do empresário Eike Batista, um dos principais investidores em sistemas de energia fotovoltaica. Também estiveram a DuPont, a Finder, a Siemens e a Saint Gobain. Essas empresas convivem com outras pequenas, como a Tecnometal, que está empenhada em desenvolver tecnologia própria para atender às peculiaridades do mercado local.

Ações do grupo

Desde que foi criado, em janeiro de 2011, o Grupo Setorial Fotovoltaico da Abinee tem participado dos fóruns de discussões sobre o tema e já levou aos ministérios de Ciência e Tecnologia, Minas e Energia e do Desenvolvimento propostas para a criação do Programa Brasileiro para o Estabelecimento do Setor Fotovoltaico.

Outra ação do grupo foi responder à Consulta Pública Nº 015/2010 da Aneel, que teve o objetivo de receber contribuições para diminuir as barreiras referentes à conexão da geração distribuída de pequeno porte, a partir de fontes renováveis, em baixa tensão. “Esperamos que a regulamentação de geração distribuída se concretize para que seja criado um arcabouço para o desenvolvimento do fotovoltaico”, afirmou Andrade. “Hoje, no Brasil, as tímidas iniciativas de instalações fotovoltaicas, como as incentivadas pelo Luz para Todos, são em sistemas isolados – o que é louvável, mas a vocação desta energia no mundo é a conexão com a rede elétrica, trazendo inúmeros benefícios à matriz, por ser uma fonte limpa e inesgotável”, acrescentou.

Atualmente, no mundo, 95% da energia elétrica gerada por sistemas fotovoltaicos estão conectados à rede, enquanto no Brasil, 90% estão off grid (fora da rede). “Nos demais países, esta energia é utilizada para complementar a demanda de energia; aqui ela é levada para locais isolados. O que também é uma iniciativa válida, mas precisamos observar que, quando em rede, os custos do sistema caem e seu crescimento é impulsionado por programas de incentivo”, declara Andrade.

Para finalizar, o diretor relembra que a matriz energética brasileira é limpa, com fortes investimentos nas hidrelétricas, por isso, não há pressão por cuidados ambientais. “Não há dúvida de que a hidrelétrica é fundamental para o país, mas ela será cada vez menos pacífica, basta observarmos o que vem ocorrendo com Belo Monte. Além disso, nosso potencial hidrelétrico deve se esgotar em dez anos, por isso o Brasil não pode abdicar do fotovoltaico. Estamos crescendo, precisaremos cada vez mais de energia e de suas mais variadas fontes. O fotovoltaico precisa ser estimulado e de um tempo para que sua indústria se torne robusta e supra nossas demandas, além de gerar riquezas com exportações”, finaliza Andrade.

Fiee pode movimentar até R$ 3,7 bilhões

De acordo com a pesquisa realizada pela Abinee entre os expositores e visitantes da 26ª Fiee e da 6ª electronicAmericas, realizadas no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, os resultados do evento superaram todas as expectativas. Os expositores pesquisados estimam que, entre os dias 28 de março e 1º de abril, tenham estabelecido contatos e iniciado negócios que deverão resultar em vendas da ordem de R$ 3,7 bilhões.

Segundo o diretor da Fiee, Hércules Ricco, os entendimentos ocorridos durante a feira devem representar entre três e quatro meses de faturamento e os compromissos assumidos durante a mostra poderão render novos negócios pelos próximos nove meses.

Para Ricco, o grande destaque da edição foi o espaço dedicado ao sistema fotovoltaico “uma vez que o tema energia renovável e limpa cada vez mais deverá fazer parte do nosso futuro, de nossas discussões e de nosso cotidiano”.

Em seus 60 mil metros quadrados, a edição de 2011 reuniu 1.100 marcas expositoras de um vasto leque de produtos que ajudaram a demonstrar o expressivo avanço tecnológico da indústria brasileira e justificou o elevado índice de satisfação dos visitantes da feira: dentre as 61 mil pessoas que transitaram entre os estandes das feiras, 85% consideraram a mostra ótima ou boa quanto à qua

lidade dos equipamentos apresentados. Na avaliação quantitativa, 84% consideraram a mostra ótima ou boa.

No quesito “qualidade dos visitantes”, 49% dos expositores informaram que, entre os contatos realizados, pelo menos 50 eram potenciais compradores; outros 27% disseram que esperam que entre 51 e 100 visitantes apresentem pedidos de compra de seus produtos nos próximos meses. Quanto à origem dos visitantes e ainda com base na pesquisa, 91% eram compostos por brasileiros, 4% da América Latina, 4% da Ásia e 1% de outros continentes.

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