Eficiência energética em empreendimentos sustentáveis

Edição 69 – Outubro de 2011
Por Marcos Casado 

O selo LEED está presente em 131 países desenvolvendo o mercado de construções sustentáveis. Trata-se de um selo que comprova a sustentabilidade de um empreendimento por meio da verificação de uma série de critérios que visam à redução dos impactos ambientais durante a obra e operação. Como o próprio nome sugere, Leadership in Energy and Environmental Design, um desses critérios é a eficiência energética.   

 

Isso porque o setor imobiliário é responsável pelo consumo de 41% da energia elétrica gerada. Em um empreendimento que adote medidas sustentáveis, o consumo de energia tem uma redução média de 30%. Para atingir esse patamar, mitigar os impactos no meio ambiente e obter o selo Leed, as empresas devem pensar de forma verde já em seus projetos, desde a implantação até a escolha de envoltórias, sistemas, equipamentos e materiais eficientes.

O Green Building Council Brasil, organização que fomenta a indústria da construção sustentável no país, tem acompanhado a evolução dos fabricantes de produtos para atender a essa demanda. O mercado tem hoje uma série de tecnologias que podem ser empregadas nos projetos a preços pouco ou nada superiores aos convencionais que não trazem economia de energia. No caso de produtos com um custo inicial superior, há o retorno desse investimento durante a operação com a economia de energia.

Para atender ao critério de eficiência energética do Leed, o primeiro cuidado deve ser reduzir o consumo. Após a redução de tudo o que for possível, deve-se pensar na geração ou compra de energia de fontes renováveis e, posteriormente, na garantia de que durante a operação haja uma boa gestão desses recursos.

Como exemplos de soluções que podem ser adotadas em uma obra, visando a eficiência energética, podemos citar: utilização de recursos naturais como a ventilação e a iluminação natural; uso de equipamentos eficientes como lâmpadas, motores, geradores, elevadores eficientes, equipamentos de ar condicionado, escritório e linha branca; aquecedor solar e geradores eólicos e fotovoltaicos; sensores de presença para acionamento e desligamento automático; entre outros.

No setor elétrico brasileiro, há alguns desafios. Para que o setor elétrico possa colaborar de maneira efetiva com o movimento, temos ainda que adaptar normas e regulamentações para facilitar e promover cada vez mais a possibilidade de compra e geração local ou externa de energia de fontes renováveis como eólica, fotovoltaica etc. Como já vem acontecendo com a energia eólica, o aumento da demanda fará que cada vez mais tenhamos preços competitivos nessas fontes. Outro desafio é abri-las aos pequenos consumidores.

Além da redução do consumo e da diminuição dos impactos ambientais, algumas medidas podem também trazer vantagens para a melhoria da qualidade ambiental interna. O aproveitamento da iluminação natural e vistas externas, por exemplo, promovem um melhor bem-estar aos usuários por trazer a conectividade do interior com o exterior, diminuindo a irritação nos olhos e o descanso natural da retina, sem a necessidade de consumo de energia artificial. Um estudo realizado nos Estados Unidos mostra que um maior controle individual de iluminação promove ganhos de 6,7% de produtividade; maior controle de temperatura traz ganhos de 3,6% e também a renovação do ar; enquanto o controle de umidade e filtros eficientes reduzem em média 42% os sintomas de gripes, resfriados e outros males respiratórios.

Os números do movimento de construções sustentáveis nos mostram que a demanda por esses materiais deve aumentar ainda mais em um curto espaço de tempo. Atualmente, o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking mundial de empreendimentos em processo de certificação Leed. Nos três últimos meses, o USGBC recebe o registro de mais de um projeto por dia útil do Brasil. Porém, a construção sustentável representa 1% do mercado de construção civil. Em países em que o conceito já é usado há mais tempo, este percentual é de 10%, mostrando o quanto ainda é possível crescer.

A construção sustentável veio para ficar, talvez um pouco tarde, mas com o engajamento de toda a sociedade, revendo nossas ações e atitudes, certamente alavancará a formação de uma nova cultura baseada na visão sistêmica preconizada pela sustentabilidade.

Marcos Casado é gerente técnico do Green Building Council Brasil.

 

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