Custos associados à substituição de chuveiros elétricos por aquecedores solares

Edição 62 – Março de 2011
Por José Eurípedes de Araújo e Fernando Nunes Belchior*

 

As vantagens da substituição do chuveiro elétrico por aquecedores solares de água e a consequente queda no pico de demanda de geração de energia elétrica e economia no consumo residencial.

 

O consumo de energia elétrica no Brasil tem aumentado ano a ano (BRASIL, 2010). O Ministério de Minas e Energia (MME), por meio de seus órgãos específicos, trabalha na montagem de planos de expansão e procura acertar as previsões de demanda futura, analisando as tendências de aumento que vêm ocorrendo.

 

Sabe-se que a energia elétrica em grandes volumes não pode ser estocada. O que se pode estocar é o combustível (termelétricas) ou a água nos reservatórios (hidrelétricas). Tratando-se de reservatórios de usinas hidrelétricas (UHE), esta estocagem está condicionada à sua capacidade. A partir de um limite projetado é preciso abrir as comportas e dar passagem à água, sem aproveitá-la para geração de energia. Neste aspecto, o Brasil é privilegiado pela natureza por conta de seus recursos hídricos.

Em um levantamento sobre as bacias hidrológicas, o que se percebe é que a construção de nossas usinas hidrelétricas começou perto dos centros consumidores. Assim, os custos das linhas de transmissão eram menores. Esgotando-se as possibilidades de construção de usinas de baixo custo, perto das regiões consumidoras, partiu-se para o levantamento em bacias hidrológicas longe dos centros consumidores.

No Plano Decenal de Expansão de Energia 2008-2017 do MME (BRASIL, 2010a), examinando o planejamento para construção de novas usinas hidrelétricas, nota-se que estas estão localizadas principalmente na região amazônica, sendo, portanto, longe dos centros consumidores.

Um fator que interfere significativamente no aumento da geração de energia elétrica é o despertar da necessidade de conservação da natureza. A palavra sustentável se tornou um paradigma já na última década do século passado. O governo publicou leis e decretos visando à proteção do meio ambiente. Entre os mais importantes está o Decreto n. 95.733/88, que determina a inclusão de recursos no orçamento das obras para “prevenir e corrigir prejuízos ambientais” (BRASIL, 1988) e a Lei 6.938/81 sobre a política nacional do meio ambiente (BRASIL, 1981).

Nos dias atuais, um empreendimento pode se tornar inviável devido às exigências de preservação ambiental e deslocamento da população. Um exemplo é a construção da UHE de Monte Belo, no Pará, com várias ações na justiça contrárias à sua construção.

Diante do exposto, pode-se concluir que um empreendimento de geração hidrelétrica não depende apenas de interesses econômicos, mas passa por impactos ambientais e sociais, com o deslocamento das populações das áreas das barragens. Devido ao grande número de UHEs já construídas, os potenciais hidrelétricos inventariados nas regiões que mais consomem energia elétrica no Brasil estão se esgotando, segundo levantamento do Plano Decenal de Expansão de Energia – 2008-2017 (BRASIL, 2010a).

Como dito anteriormente, os principais empreendimentos com licença prévia, licitação ou projetadas estão longe dos grandes centros consumidores e entre eles estão as UHEs de Belo Monte, 11.233 MW (rio Xingu), São Luis Tapajós, 8.381 MW e Jatobá, 2.338 MW (ambas no rio Tapajós), Jirau, 3.450 MW, e Santo Antônio, 3.150 MW (ambas no rio Madeira) e Teles Pires, 1.820 MW (rio Teles Pires).

O Balanço Energético Brasileiro (BEN 2010) mostra a oferta de energia e o consumo final por setor de atividade (Tabela 1). Segundo dados da Resenha Energética Brasileira – exercício de 2008 (BRASIL, 2010b) e apresentados na Figura 1, o Brasil tinha, no final de 2007, 669 usinas hidrelétricas em funcionamento, incluindo os sistemas isolados, com potência total de
76,4 MW, representando 73,2% da capacidade instalada de todo o sistema elétrico nacional.

Tabela 1 – Oferta de energia elétrica (GWh)

Geração total de energia elétrica

498.842

100%

Perdas na distribuição

69.101

13,9%

Consumo final

429.741

86,1%

Industrial

199.860

46,5%

Residencial

94.660

22,0%

Comercial e público

97.202

22,6%

Outros

38.020

8,8%

O potencial hidrelétrico brasileiro, segundo dados da Eletrobras, somam 243.352 MW, dos quais 32,26% estão em operação, 3,52% em construção e o restante estimado (64,22%) inventariado, em fase de estudo de viabilidade e projeto. Na região Sul estão incluídos 50% da energia elétrica de Itaipu.

Tabela 2 – Potencial hidrelétrico brasileiro

Região

Potencial total (MW)

Percentual

A aproveitar (MW)

Percentual

Sul

42.793

17,58%

20.362

47,59%

Sudeste

43.954

18,06%

19.643

44,69%

Centro-Oeste

35.733

14,68%

25.745

72,04%

Nordeste

24.922

10,24%

13.931

55,90%

Norte

94.829

38,96%

84.046

88,62%

Um ponto importante no estudo é que os potenciais ainda disponíveis para construção estão concentrados na região norte e os principais centros consumidores estão nas regiões Sul e Sudeste.

Verificando as épocas de implantação e início de operação de cada UHE nota-se que a relação entre a potência da usina e o tamanho do reservatório não foi ponto de decisão no momento de escolher qual usina construir primeiro. Os exemplos são a usina de Furnas, no Rio Grande, que tem um
reservatório de 1.440 km² (1.184 m²/kW) e iniciou sua operação no início da década de 1960; a usina de Itaipu, no Rio Paraná, com área alagada de 1.350 km² (96 m²/kW); a usina de Sobradinho, no rio São Francisco, com área alagada de 4.214 km² (4.013 m²/kW); Tucuruí, no rio Tocantins, com área alagada de 2.430 km² (290 m²/kW); e Balbina, no rio Uatumã, Amazonas, com área alagada de 2.360 km² (9.440 m²/kW).

A futura UHE de Belo Monte vai alagar uma área de 516 km², terá potência de 11.233 MW
(45 m²/ kW), sendo que a metade desta área já é inundada anualmente pelas cheias do rio Xingu.

Um grande problema social na construção de barragens é o deslocamento das populações desapropriadas. Muitos, sem instrução e sem condições de conseguir um emprego formal, passam a viver nas periferias das grandes cidades, fazendo pressão sobre os órgãos de assistência social das prefeituras e segurança pública.

Hoje, os desapropriados das grandes barragens possuem até um movimento organizado, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O objetivo do MAB é a união e a discussão sobre barragens e as consequências sociais para os atingidos. Nas quatro últimas décadas do século passado, quando a maior parte de nossas UHEs foi construída, não havia um estudo sistemático do destino dos desabrigados pelas barragens.

No relatório Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Hidrelétricos no Brasil, o Banco Mundial (2008) informa que “planos que previam a construção de megausinas encontram forte oposição por parte de segmentos da sociedade civil”. O mesmo relatório afirma que as UHEs de Balbina e Samuel deixaram um legado problemático, do ponto de vista ambiental e social, e ainda, “a julgar por essas experiências, investidores questionam se o real potencial hidrelétrico da região amazônica pode ser viabilizado politicamente”.

O Brasil precisa da energia elétrica para crescer economicamente. Quanto mais pessoas vão saindo do nível de pobreza, a tendência é o aumento da produção industrial e do consumo.

Radiação solar no Brasil

No entanto, a energia solar é pouco explorada atualmente. No caso do Brasil, país tropical, a incidência de sol em várias regiões possibilita o incentivo a esta forma de energia gratuita. Esta iniciativa teve início nas últimas décadas do século passado, constatando grande crescimento da instalação de aquecedores solares em suas residências, em substituição ao chuveiro elétrico.

Segundo o Tutorial Energia Solar (CRESESB, 2010), radiação solar é radiação eletromagnética com velocidade de propagação de 300 mil quilômetros por segundo. No meio material, a energia solar pode ser transmitida, refletiva e absorvida. A parcela absorvida passa pelo processo de termoconversão e pode ser utilizada para o aquecimento solar da água.

O Brasil, por ser de dimensão continental, abrangendo uma área de 8.514.876,599 km², possui regiões de clima mais frio, como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e outras quentes o ano inteiro, como Amazonas e Pará.

A Tabela 3 registra os dados de incidência solar em cidades brasileiras. Os dados foram levantados, utilizando-se o software Sundata do Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito – CRESESB (2010a). As cidades pesquisadas representam toda a área do Brasil, em que o uso do chuveiro elétrico é o principal equipamento para aquecimento de água para banho.

Segundo o CRESESB (2010a), o SunData nasceu como ferramenta de apoio aos interessados em dimensionar sistemas fotovoltaicos. O Programa para o Desenvolvimento da Energia nos Estados e Municípios (Prodeem) o utilizou em diversas fases de seus projetos.

Para a simulação, o SunData solicita a entrada das coordenadas geográficas (latitude e longitude) da região interessada, no formato de graus decimais (00.00°) ou hora, minuto e segundo (00°00’00”). Das 350 cidades constantes do SunData foram utilizados dados de 250 cidades representativas de todos os Estados pesquisados, em termos de população.

Os dados obtidos nas simulações foram confrontados com o banco de dados da agência espacial americana Nasa, disponibilizado com o software RETSCREEN (2009), do Ministério de Recursos Naturais do Canadá. Apesar de os números do Sundata apresentar valores inferiores de radiação solar, as tabelas e gráficos foram montados com estes dados.

Os dados do SunData representam valores numéricos para radiação solar no plano horizontal e inclinado. Para este artigo foram utilizados os dados para o plano horizontal, inclinação 0º.

Para a radiação solar em planos inclinados, igual aos graus da latitude do local, há uma pequena diferença nos valores de kWh/m².dia. Dependendo do mês do ano, o Sol pode estar mais inclinado sobre determinada região, fato que altera os dados.

Tabela 3 – Radiação média diária (kWh/m².dia) – por Estado e região.

Podemos observar, na Tabela 3 e na Figura 2, que, na região Nordeste, a radiação solar apresenta valores mais altos e a diferença de radiação entre o mês mais quente e o mais frio é de 1,87 kWh/m².dia. Possui também a maior média de radiação anual de energia solar entre as regiões pesquisadas (5,34 kWh/m².dia).

A região Centro-Oeste, com média de radiação anual de 4,93 kWh/m².dia e baixa densidade habitacional, tem seu pico de radiação no mês de fevereiro. A região Sudeste apresenta uma diferença de 2,01 kWh/m².dia entre o mês mais quente e o mais frio.

A maior variação de radiação solar média diária no Brasil é encontrada na região Sul. No mês de dezembro, o valor encontrado foi de 5,99 kWh/m².dia e no mês de junho 2,76 kWh/m².dia.

Nas regiões pesquisadas, a maior radiação média diária foi de 6,21 kWh/m².dia (novembro) e a menor radiação média diária foi de 2,76 kWh/m².dia (junho), apresentando uma diferença do maior para o menor de 3,45 kWh/m².dia.

Os dados da Tabela 3 mostram que a utilização de aquecedores solares de água para banho tem bom potencial de uso em todas as regiões brasileiras. A região Norte não faz parte da pesquisa, pois a utilização do chuveiro elétrico é pequena.

Os meses de menor água nos reservatórios das hidrelétricas, portanto, quando estão despachando a menor quantidade de energia, coincidem com a utilização do chuveiro na maior temperatura. Nestes meses mais frios, a temperatura da água, nas caixas d’água das residências, sofre uma queda acentuada. Nesse sentido, a estabilização sazonal da oferta de energia, devido à predominância de hidrelétricas em nosso sistema energético, pode ser feito por energia eólica.

Nas últimas décadas do século passado, por meio da iniciativa de pessoas com visão positiva do futuro, os aquecedores solares começaram a ser instalados em residências, em substituição ao chuveiro elétrico. Atualmente, a tecnologia empregada pelas indústrias de aquecedores solares no Brasil já está bem sedimentada e os padrões de qualidade têm melhorado constantemente.

Para se ter uma ideia, nos países de clima frio, os aquecedores solares utilizam sistema de circulação forçada da água. No Brasil, a circulação de água no aquecedor solar se dá pelo princípio do termossifão: a água circula, saindo de uma caixa d’ água, instalada em nível mais alto, circulando por uma tubulação até a parte inferior das placas do aquecedor solar e fluindo até o tanque de armazenamento, com revestimento térmico, para evitar a troca de temperatura com o ambiente circulante.

Consumo de energia do chuveiro elétrico

Segundo o Relatório Pesquisa de Posse de Equipamentos e Hábitos d

e Consumo – ano base 2005 (BRASIL, 2007), existem no Brasil dois picos de demanda provocados pelo uso do chuveiro elétrico. Um pico de demanda entre 5 horas e 9 horas da manhã, com valores maiores entre 6 e 8 horas. E o outro, maior, iniciando às 17 horas e terminando às 22 horas, com valores acentuados entre 17 e 20 horas.

Verifica-se que o horário de pico de demanda de consumo do chuveiro elétrico é também o pico de demanda de todo o sistema, conforme histórico de demanda do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

A demanda mais significativa é a do período da tarde/noite porque, além dos chuveiros, temos a iluminação residencial e pública e os sistemas de condicionamento ambiental nas regiões mais quentes.

Há a indicação de que o chuveiro elétrico representa 24% do consumo de energia residencial e, voltando à Tabela 1, verifica-se que dos 94.660 GWh que as residências brasileiras consomem, 22.718 GWh (24%) é a parcela dos chuveiros e, considerando o ano como de 365 dias, o consumo diário dos chuveiros é de 62,24 GWh. É preciso acrescentar aí, para efeito de geração de energia, a parcela de 13,9% que representa as perdas de distribuição.

A partir da contagem do número de domicílios brasileiros, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE – 2008) e dos dados (quantidade de chuveiros, potência média e tempo de banho) do documento “Simulação de Potenciais de Eficiência Energética para a Classe Residencial” (BRASIL, 2005), montou-se a Tabela 4. O consumo diário total de energia, por região, representa o consumo do chuveiro elétrico.

Tabela 4 – Uso do chuveiro elétrico para aquecimento de água

Região

Número de domicílios

Número de chuveiros

Potência média (W)

Consumo (kWh/mês)

Tempo banho (h/mês)

Tempo banho (h/dia)

Consumo (kWh/dia)

Consumo diário total (GWh)

Norte

4.035.000

161.400

1.385

1,00

13,95

0,465

0,033

0,004233

Nordeste

15.011.000

4.548.333

2.108

28,49

19,47

0,649

0,441

1,594671

Centro-Oeste

4.264.000

3.628.664

1.699

30,22

18,18

0,606

1,007

2,905084

Sudeste

25.341.000

22.984.287

2.972

61,81

18,38

0,612

2,060

37,642763

Sul

9.004.000

8.877.944

3.559

85,43

19,33

0,644

2,847

20,094340

 

 

 

 

 

 

 

 

62,241091

 

Da projeção dos dados constantes da Figura 11, conclui-se que quanto maior a quantidade de chuveiros elétricos substituídos por aquecimento solar, menor será o consumo de energia elétrica diário.

Tabela 5 – Consumo diário de energia pelo chuveiro elétrico (GWh)

Horário

5-6

6-7

7-8

8-9

9-10

10-11

11-12

12-13

13-14

14-15

15-16

16-17

17-18

18-19

19-20

20-21

21-22

22-23

23-24

Total

Consumo (GWh)

2,30

3,91

4,60

3,65

2,30

1,93

1,96

1,90

1,64

1,48

1,82

2,35

3,94

6,45

6,50

5,42

4,33

3,30

2,46

62,24

2,01

3,42

4,03

3,19

2,01

1,69

1,71

1,67

1,43

1,30

1,60

2,06

3,45

5,65

5,69

4,74

3,80

2,89

2,15

54,50

1,73

2,94

3,45

2,74

1,73

1,45

1,47

1,43

1,23

1,11

1,37

1,77

2,96

4,84

4,88

4,07

3,26

2,48

1,85

46,75

1,16

1,97

2,31

1,83

1,16

0,97

0,98

0,96

0,82

0,74

0,92

1,18

1,98

3,24

3,27

2,72

2,18

1,66

1,24

31,28

 

Os dados apresentados representam a curva de carga média diária do ano. Na Tabela 3 pode-se ver que, nas regiões Sudeste e Sul, nos meses de maio a julho, há uma queda na temperatura. Nestes meses, a radiação solar em kWh/m2.dia é menor e, para que a água, na hora do banho, atinja a temperatura habitual para determinada pessoa, é necessário mudar a chave de posição de aquecimento para “inverno” ou “quente”. Consequentemente, a energia elétrica absorvida será maior.

Em medições efetuadas, utilizando-se uma Maxi Ducha (marca Lorenzetti), os valores encontrados foram os seguintes: posição da chave em “verão”, corrente de 21,8 A, tensão de 121 V e potência de 2.637 W. Posição da chave em “inverno” corrente de 30 A, tensão de
119 V e potência de 3.570 W. Portanto, há um aumento percentual da menor potência para a maior, nos meses de menor temperatura, de 35,34%.

Fazendo uma projeção, utilizando os dados do chuveiro elétrico citado e, considerando que o chuveiro deve ficar com a chave na posição “inverno” durante três meses do ano, pode-se considerar a potência maior de 3.570 W, a menor de 2.638 W e a média de 2.870 W. A variação da potência média para a maior é de 24,4%.

A geração de energia precisa se adequar a esta variação de consumo e estes meses (maio/junho/julho) representam o pico da demanda do chuveiro elétrico no Brasil. Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, a variação da radiação solar é menor e a necessidade do posicionamento da chave do chuveiro elétrico em “quente” ou “inverno” é pequena. Outro fator para a consideração das regiões Sudeste e Sul é que nelas estão concentrados 31.862.231 chuveiros elétricos, que representam 79,25% do total de aparelhos instalados nas regiões pesquisadas.

Para o cálculo dos dados foram mantidas as informações sobre o consumo de energia residencial (94.660 GWh/ano) e o consumo do chuveiro elétrico (22.718 GWh/ano), que, para efeito de cálculos, equivale a 62,24 GWh/dia.

Fazendo a projeção para obter o pico de demanda nos meses de menor temperatura, os dados encontrados foram:

1 – Consumo médio diário anual de 62,24 GWh/dia (dados de 2008);

2 – Consumo médio diário nos meses de menor temperatura (maio/junho/julho) de
77,42 GWh/dia, com chave do chuveiro em “inverno”;

3 – Consumo médio diário, nos meses com a chave do chuveiro elétrico em “verão”, de
57,128 GWh/dia;

4 – Consumo anual de 92 dias no “inverno” mais 273 dias no verão totaliza 22.718 GWh/ano, que é o consumo anual do chuveiro elétrico, considerando que ele representa 24% do consumo residencial, conforme dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE – 2010).

Substituição do chuveiro elétrico por aquecimento solar

Os dados da Tabela 5 representam a projeção de custos para substituição do chuveiro elétrico por aquecedor solar. Os gastos com a instalação (mão de obra) não estão computados e representam um custo adicional de 23,5%, que deve ser somado ao custo do aquecedor solar.

Tabela 6 – Projeção de substituição do chuveiro elétrico por aquecedor solar

 

Situação

Consumo

Economia

Custo

Situação atual – 2008

77,42 GWh/dia

0,00 GWh/dia

R$ 0,00

Substituição de 5.000.000 chuveiros

67,79 GWh/dia

9,63 GWh/dia

R$ 11,70 bilhões

Substituição de 10.000.000 chuveiros

58,15 GWh/dia

19,27 GWh/dia

R$ 23,40 bilhões

Substituição de 20.000.000 chuveiros

38,90 GWh/dia

38,52 GWh/dia

R$ 46,8 bilhões

 

Tabela 7 – Consumo do chuveiro elétrico com a chave na posição “inverno”

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

 

2,86

4,87

5,72

4,54

2,

86

2,40

2,43

2,37

2,04

1,84

2,27

2,93

4,90

8,02

8,09

6,74

5,39

4,11

3,06

77,42

3,69

6,28

7,39

5,86

3,69

3,10

3,14

3,06

2,63

2,38

2,93

3,78

6,33

10,36

10,45

8,70

6,96

5,31

3,95

100,00

 

Conclusões

Analisando os dados constantes das tabelas e gráficos mostrados, a conclusão é que o aquecimento solar da água para banho é uma alternativa coerente com os níveis de radiação solar por metro quadrado no território brasileiro.

Os custos atuais para se produzir o MWh utilizando usinas hidrelétricas tende a subir, principalmente devido às grandes distâncias entre os locais para construção de

UHEs e os centros consumidores. O percentual das perdas de distribuição consideradas pelo governo (BEN, 2009) de 13,9% vai aumentar.

A morosidade para se obter uma licença prévia para o início da construção de grandes hidrelétricas dificulta o planejamento na área de energia elétrica. E as medidas para mitigação dos impactos ambientais e deslocamento de populações tende a elevar os custos de construção.

O aquecimento solar, porém, além de ser também uma atividade autossustentável, tem um retorno de investimento mais rápido para os agentes financeiros.

O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pela rede bancária, pode fornecer o aporte de capital para o financiamento da substituição dos chuveiros elétricos por aquecimento solar. Outras fontes de recursos são os programas de financiamento habitacional dos governos federal e estaduais. No caso de financiamento habitacional, o governo federal publicou no Diário Oficial da União, de 11/02/2010, novos valores que devem ser adicionados ao valor do financiamento, visando à inclusão do aquecimento solar nas residências financiadas.

Finalmente, um ponto positivo é que, com o uso do aquecimento solar, de forma racional, a fatura de energia elétrica apresenta-se com um valor mais baixo.

 

Veja artigo na íntegra na versão impressa da revista O Setor Elétrico.

 

*JOSÉ EURÍPEDES DE ARAÚJO é pesquisador na área de pequenas turbinas eólicas.

FERNANDO NUNES BELCHIOR é professor adjunto no Grupo de Estudos da Qualidade da Energia Elétrica da Universidade Federal de Itajubá.

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